INSTITUTO FEDERALISTA
Publicado em 27/03/2010
É bem difícil que nestas eleições isso não ocorra. Não há espaço para que a população compreenda a diferença entre um modelo e outro. Alguém que pregasse um projeto de menos impostos e menos Estado na vida dos cidadãos e empresas certamente não seria compreendido ou até, seria simplesmente deixado de lado. A razão disso é simples: o estatismo está muito presente na cabeça do brasileiro. Diz um ditado que “não adianta destronar o rei se as pessoas não o destronarem de suas próprias mentes”. E o caso brasileiro é clássico, pois o Império ainda não acabou.
Com a ampliação dos programas sociais, com as costuras plutocráticas bem feitas pelo atual governo, satisfazendo muitos empresários, com a utilização plena do poder de fogo concedido pelo redistributivismo resultante da concentração tributária, controlando o Legislativo quase em oposições e um claro desequilíbrio no STF com nove indicações feitas pelo atual presidente, não se pode dizer que o Império tenha terminado, ao contrário, se tornou mais próximo do absolutismo, algo vivido somente no Brasil Colônia até a Constituição de 1824. A herança maldita parece ser hereditária mesmo...
É certo que a candidata do atual governo pretende impor mais força ao Estado Brasileiro, como vem afirmando sem ficar vermelha, descontando o trocadilho, obviamente. Isso significa concentrar ainda mais os poderes, ampliando a dependência de cidades e estados ao Governo Central, depois de extorqui-los de todas as formas através da capilaridade social composta por empresas e sociedade. Já o principal oponente, Serra, reza pela cartilha social-democrata, uma esquerda rosada, muito chegada ao estatismo, embora talvez não oferecendo as inseguranças ideológicas que o atual partido ainda oferece. Do lado deste último, a apresentação do 3º PNDH e as demais tentativas anteriores de diminuir conquistas democráticas, liberdade de imprensa e os estranhos comportamentos da diplomacia instalada no Itamaraty conflitam com qualquer discurso contrário.
Resta à sociedade ficar com o menos arriscado, em nossa opinião. Ao que parece, será difícil que haja um contraponto que poderia servir como processo reflexivo-educativo. Haveria espaço na mente do brasileiro médio e comum para considerar idéias de maior responsabilidade para si e para suas cidades do que para o Grande Paizão Federal? É preciso assumir corajosamente a necessidade de demonstrar ao Povo o tamanho do Estado, o seu peso, o custo em pobreza e tristeza, a indignidade que gera em uma sociedade cujo tecido se esgarça, sem que se saiba qual é o seu limite. E demonstrar os caminhos para isso, o “como fazer”. O desprendimento do poder se faria necessário em uma pessoa ou equipe assim. Sem um projeto, apenas com promessas isso é impossível, pois o poder, ainda mais centralizado e horizontalizado sobre todo o País, tem facetas quase que indomáveis, por uma série de motivos que não cabem neste curto espaço editorial. Para esta eleição ainda não vemos tal possibilidade.
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