A CANDIDATURA CIRO GOMES
03 de fevereiro de 2010
Recebi vários e-mails no dia em que o presidente Lula foi hospitalizado, no Recife, dando conta que a tal pressão alta diagnosticada pelos médicos, que inclusive lhe impediu de ir a Davos receber um imerecido prêmio, se deveu, entre outras coisas, a uma acalorada discussão que tivera pouco antes com Ciro Gomes, o político cearense que desembarcou em São Paulo supostamente para tirar votos de José Serra e servir desparring, na esperança inclusive de influenciar na eleição estadual. Lula queria que Ciro desistisse da sua candidatura presidencial e o cearense foi irredutível.
Não é para menos. Ao contrário do cálculo inicialmente feito pelo PT, Ciro Gomes tira mais votos de Dilma do que de José Serra. Ciro vem do Nordeste e tem seu nome nacionalmente consolidado, embora se saiba que o eleitorado paulista dificilmente lhe dará votação expressiva. Se o presidente Lula tem algum poder de transferir votos para sua candidata é no Nordeste, exatamente onde um candidato da terra, fazendo o mesmo discurso da candidata governista, terá a preferência do eleitorado. O tiro saiu pela culatra.
Ciro é um neo-coronel que aderiu ao discurso petista por puro cálculo político. Enquanto coronel o que lhe interessa é chegar o poder, seja lá como for, e lá ficar o maior tempo possível. É um homem inteligente e tem faro. Percebeu que a cria do Lula, a Dilma, não é páreo para Serra e sentiu aí a sua oportunidade. Ciro Gomes pode repetir o fenômeno Collor de Mello, um político jovem e arrojado, capaz de preencher o vácuo político nas hostes governistas. É muito provável um segundo turno entre Serra e Ciro, o que seria uma curiosidade para estudo.
Em termos políticos nacionais nada muda. Ciro é mais do mesmo, não se distingue do discurso coletivista dos outros dois candidatos e, na remota hipótese de vir a ser eleito teria que governar com a base do PT. O Brasil amanheceria o mesmo no dia seguinte a sua posse.
O jogo da sucessão agora ganhou alguma emoção, pelo inusitado. Ciro é peitudo, arrogante e ambicioso. Não vai desistir mais. Ninguém será capaz de segurá-lo. Na sua
entrevista publicada na edição de hoje do Estadão foi mordaz com Lula e caustico com José Dirceu, o principal articulador da candidatura de Dilma. Pareceu-me expressar a sua posição definitiva. Ele nada tem a perder e tudo a ganhar. Por que desistiria, só para satisfazer os delírios hegemônicos do PT? Não é o estilo dele. Ele bem
disse, em recado direto aos pagadores de
mensalões, que política, para ele, “
não é profissão”. Mais claro impossível.
O PT, como todo partido revolucionário, é ruim de criar lideranças capazes de votações majoritárias expressivas. Por isso nunca governou São Paulo. Lula é único e não tem substituto. A esperteza de trazer Ciro Gomes para São Paulo e dar-lhe enorme visibilidade foi um tiro que saiu pela culatra.
De minha parte, continuo achando que o PT terá enorme dificuldade de entregar o poder pela via eleitoral. Aguardemos.
Uma é certo: Lula se descolou do PT e sempre comprou a subordinação para sua sustentação. Lula criou o mensalão I para dispor dum cerrar fileiras no parlamento. Lula criou o mensalão II com o Bolsa Família para dispor dum cerrar fileiras na população. Lula recorreu ao mensalão III para indivíduos em cargos federais cerrarem fileiras no PT.
ResponderExcluirDá de dizer que Lula é um cangaceiro, é do cangaço: sempre se assegura de retaguarda garantida numa formação de time, quadro, força ou massa anônima remunerada, mercenária.
Lula disciplinou sua mente no sindicalismo com a lógica de que com dinheiro e esperançamento de mais dinheiro, os indivíduos se agrupam e dão cobertura.
Lula tem o desenvolvimento cognitivo próprio do cangaceiro; Lula é um homem do cangaço.
Está bem posta a desconfiança de que Lula vai jogar contra o pleito/2010, vai desafiar o TSE e a sociedade.
CT: "Lula é único e não tem substituto".
ResponderExcluirHá maneira de "explicar" o Lula enquanto em patamar esquisito, instalado de se permitir desdenhar toda a sociedade, a História, o mundo que lhe aparecer pela frente. A espontaneidade nos externamentos, dizeres livres e solitários, de Lula - a qualquer momento, em qualquer situação, para qualquer platéia, sobre qualquer assunto - só pode ter uma "explicação": cangaço.
O Lula é um resquício do cangaço, um expécime retardado do cangaço.
Para enquadrar a mente do Lula é só ler o livro "Cangaço A força do Coronel", Júlio Chiavenato/1990.
Em qualquer página há motivos para "explicar" o proceder de Lula. Exemplo: "Conhecedor [Lampião] das penúrias dos sertanejos, encontrou um jeito seguro de conquistá-los: distribuía aos pobres as sobras do saque - lançava as moedas nas cidades aos pobres e na caatinga ao morador solitário..." (p.86)
Isso aí o Lula "imita" por meio do Bolsa Família.