INTERNACIONAL - AMÉRICA LATINA
Na mentalidade dos chilenos já se consagrou a superioridade da economia de mercado.
Viva Sebastián Piñera! Viva Chile! A vitória da direita no país tem grande significado para o nosso continente. Em primeiro lugar, especificamente no plano internacional, porque Piñera deve se alinhar ao colombiano Uribe e reforçar a frente antiChavez na América do Sul. Trata-se de um reforço de peso, devido à importância política e econômica do Chile. Não há, evidentemente, porque se esperar que Piñera faça de imediato qualquer provocação a Chavez, mas um dos seus primeiros confrontos com o bolivarianismo deve se dar com o clone boliviano do Mussolini de Caracas, em torno da negociação da saída da Bolívia para o mar por território chileno. Sob o governo Bachelet, o Chile estava cedendo aos anseios bolivianos nesse sentido. Piñera deve impedir que Moralez venha a fazer demagogia às margens do Pacífico.
Em segundo lugar, a vitória da "direita" no Chile deve ser principalmente uma vitória do liberalismo. Mary O'Grady, do Wall Street Journal, em artigo de 20 de dezembro de 2009 (cuja tradução, datada de 29/12, pode ser lida no site da Ordem Livre), mostra que as reformas econômicas promovidas no país por Augusto Pinochet foram de tal forma bem sucedidas que seus primeiros sucessores optaram por não desfazê-las, de modo que o Chile se tornou uma espécie de garoto propaganda do liberalismo na América Latina. O fracasso do sistema se transformaria fatalmente em peça de proselitismo para os adeptos do Estado forte, contribuindo, entre outras coisas, com o discurso de campanha de Dilma Rousseff. A pergunta que se coloca, então, é o que punha o liberalismo chileno em risco.
O'Grady avalia que a partir do governo do socialista Ricardo Lagos, antecessor de Michele Bachelet, a economia chilena mudava de rumo. Ambos atacaram a flexibilidade de mercado como favor a sindicatos. Além disso, na pesquisa de 2010 do Banco Mundial, que ranqueia o ambiente tributário e regulatório para os negócios em 183 países, o Chile caiu 14 posições ano após ano na categoria que mede a facilidade de se abrir um negócio. Caiu cinco posições em "empregar trabalhadores", e três em "pagar tributos". No quesito "fechar um negócio", permaneceu estável, em 114º no mundo. No ranking geral, o Chile caiu nove posições. Isso se reflete na sua produtividade decrescente. Durante o mandato de Lagos (então de seis anos), a produtividade cresceu míseros 0,12%. As coisas pioraram ainda mais sob Bachelet. Em 2008, a produtividade caiu 2,4%. Em 2009, a previsão é de que caia mais 2,7%, o que levará a queda em seu mandato de quatro anos para -1,57%.
Esses números são não somente sinais claros do desvio rumo ao intervencionismo socialista que o Chile vinha procedendo, bem como servem para esclarecer o que conduziu Piñera ao poder. Os chilenos deram mostra de que não pretendem entregar suas conquistas econômicas ao comando discricionário de uma Concertación em que os democratas-cristãos estão se inclinando cada vez mais para o populismo e os socialistas, cada vez mais à esquerda. Na mentalidade dos chilenos já se consagrou a superioridade da economia de mercado. Ainda citando O'Grady, "em uma pesquisa conduzida em agosto de 2009 pela Pontifícia Universidade Católica e pela empresa de pesquisas de opinião Adimark, 73% dos entrevistados afirmaram que a iniciativa pessoal e o trabalho duro são o caminho para sair da pobreza. Somente 26% afirmaram que o estado é responsável". Resumindo, é baixo o índice de PILA* no Chile.
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