SÁBADO, 16 DE JANEIRO DE 2010
Confira o modus operandi dos predadores pedófilos na internet, que quase arruinaram a vida desse garoto, Justin Berry. As informações abaixo foram traduzidas do site do programa da Oprah Winfrey, exibido em 2006.
Vejam como é nojenta e repugnante a ação desses criminosos que encontram no mundo virtual um meio fácil de dar vazão aos seus impulsos. Como verão, o garoto tomou coragem e denunciou todo mundo. Eis o desafio trazido pelas novas tecnologias para a educação familiar.
Justin Berry - seduzido na internet
Apesar das ameaças de morte, o garoto de 19 anos de idade Justin apareceu no The Oprah Winfrey Show para revelar o mundo virtual secreto da pornografia infantil via webcam. Justin, que também escreveu um livro de sucesso, espera que sua decisão ajude as crianças ao redor do mundo.
Há seis anos, Justin era um garoto típico da vizinhança. Entre as lições de casa e os treinos com sua banda, ele encontrou tempo para seu pequeno e legítimo negócio de criação de websites. Um nerd de computador, como ele se autodenominava, Justin ficou excitado em comprar uma webcam barata. Ele planejou usá-la como uma simples ferramenta – uma câmera de vídeo conectada à Internet – para encontrar amigos e conversar com as garotas. Justin acabou unindo-se a um website popular e colocou seu perfil. Mensagens instantâneas imediatamente começaram a aparecer em seu computador.
Eventualmente, um dos recentes amigos virtuais de Justin fez um pedido que mudaria a sua vida.
Ao conectar a sua webcam, Justin sem intenção alguma se tornou carne fresca dentro de um mundo obscuro de homens predadores atrás de adolescentes e crianças vulneráveis. Ele não tinha qualquer idéia que seus novos amigos eram adultos – uma comunidade virtual de pedófilos discutindo estratégias, compartilhando conselhos e cuidadosamente planejando suas seduções.
Quando um homem disse a Justin que ele pagaria US$ 50 dólares para tirar a sua camisa, Justin considerou isso como uma proposta inofensiva vinda de um amigo. “Eu tirei a minha camisa para me juntar a eles”, ele pensou, e se registrou em um site para receber o pagamento.
Em breve os pedidos dos homens ficaram mais exigentes.
Justin diz que os predadores gradualmente ficavam mais exigentes em seus pedidos, cada um pouco mais explicito que o anterior. Diferente de antes, foi pedido a Justin que tirasse sua cueca, “só um pouquinho”. Mais tarde, os pedófilos ofereceram a ele mais dinheiro para que tirasse completamente a cueca. Depois, pediram a ele que se masturbasse. “Eu pensei que não fosse fazer mal”, diz ele. “Eu estava fazendo o que a maioria dos garotos de 13 anos de idade fazia dentro de seus quartos e estava recebendo por isso”.
Além do dinheiro, Justin afirma que os homens ofereciam a ele presentes para demonstrar a sua apreciação, ensinando-lhe como ajustar uma “wish list” para adquirir acessórios interessantes de computador. Ele acreditou que todo o processo fosse perfeitamente seguro porque seu endereço não fora revelado aos compradores.
Justin afirma que sua mãe e seu padrasto não faziam ideia de que ele estava recebendo presentes de estranhos – ele os recebia antes que eles tivessem a chance de perceber. Caso sua mãe percebesse um pacote, ele poderia dizer a ela que comprou com os lucros de seu negócio de desenvolvimento de sites.
A mãe de Justin não fazia ideia de que seu filho estava, vagarosamente, sendo transformado numa estrela pornô da internet.
Justin manteve suas atividades com a webcam escondidas de seus pais, mas sua mãe, Karen, diz que havia notado algo estranho em sua personalidade. Ela se lembra que ele era temperamental e que passava todo seu tempo em casa sozinho no quarto. Karen achou que seu filho estivesse tendo problemas com a transição para o colegial. Ela não tinha suspeitado que Justin estava em perigo na Internet porque ela tinha adquirido um software de proteção à crianças e instalado no seu computador – uma medida que Justin provou ser ineficiente. “Para a maioria dos adolescentes atualmente nessa idade, computadores é tudo o que sabemos”, ele afirma. “(o software) é praticamente uma piada”.
Se havia alguém que devia saber o que estava acontecendo na vida de Justin, Karen afirma que deveria ter sido ela – ela trabalha com crianças que foram molestadas. “Estudei por anos e eu conheço os sinais”, afirma. “Por isso é tão incompreensível que isso aconteceu com o Justin bem aqui na minha própria casa.
A vida secreta do Justin passa do virtual para o real.
Aos 16 anos de idade, o rosto jovem de Justin tornou-se extremamente popular entre os pedófilos na internet. Fãs começaram a pedir para encontrá-lo pessoalmente. Um homem de negócios ofereceu-lhe milhares de dólares para viajar para Las Vegas num final de semana. Justin concordou, dizendo aos pais que estaria indo a uma convenção de computadores com um amigo. Quando chegou a Las Vegas, foi seduzido e repetidamente molestado sexualmente pelo homem.
Quando Justin retornou, o homem continuou a explorá-lo. Ele pagou a Justin um apartamento secreto que ficava apenas alguns minutos da casa de seus pais, permitindo-lhe que gastasse mais tempo com sua webcam.
A vida secreta de Justin estaria prestes a ser exposta.
As atividades de Justin com a webcam foram descobertas quando um colega de classe achou uma fotografia pornográfica dele na internet, fez cópias e passou ao resto de seus colegas de classe. Envergonhado e assustado com a possibilidade de sua mãe descobrir sobre sua vida secreta, Justin pede a ela permissão para visitar seu pai no México.
Ele chegou ao México com muito dinheiro de seu negócio com a webcam. Quando seu pai lhe perguntou de onde veio tanto dinheiro, ele simplesmente disse a verdade.
A reação do pai é chocante.
Depois que a verdade foi revelada, Justin diz que seu pai não o proibiu de produzir material pornográfico... ele, na verdade, ofereceu ajuda a “maximizar seu potencial de ganho”, afirma Justin.
Justin diz que, com a ajuda de seu pai, criou o seu mais sofisticado website até então. Em breve, o website teve mais de 1.000 assinantes adultos que pagavam mensalmente para assistir Justin fazer seus shows de sexo ao vivo.
Justin, que tinha 16 anos na época, estava fazendo sexo com prostitutas e transmitindo o ato pela internet até três vezes ao dia. Ele diz que seu pai o ajudou a encontrar uma mulher para dormir com ele. “É desapontante pensar que seu próprio pai faria isso’, Justin afirma, analisando seu passado.
Primeiramente, Justin alcançou o sucesso financeiro do website, mas começou a usar drogas e achou que sua vida estava saindo do controle. Ele não sabia no que se tornara até encontrar Kurt Eichenwald.
Um repórter do The New York Times.
Kurt Eichenwald, um repórter investigador do The New York Times, estava pesquisando na internet uma história de fraude. A última coisa que esperava encontrar era um site de pornografia de uma criança. Sua estrela era um jovem garoto chamado Justin. Kurt afirma que foi “um momento de horror. ... Eu sabia que esse garoto estava sob um enorme perigo”, diz.
Kurt leu mais as discussões virtuais e descobriu que esses homens estavam falando acerca de onde estava Justin, como ele estava e o que ele havia feito… Eles estavam completamente envolvidos na vida de Justin, afirma Kurt. Ele decidiu que alguém precisava ajudá-lo.
Kurt fez uma busca por Justin via Internet e, após várias horas de conversa online, Kurt ganhou sua confiança, e Justin concordou em encontrá-lo no aeroporto de Los Angeles.
Quando viu Justin, Kurt afirma que ele estava magro e viciado em drogas. “Ele parecia que não dormia há semanas”, Kurt lembra-se. “Ele estava provavelmente no pior estado que qualquer adolescente que eu já tinha conversado poderia estar”.
Com o tempo, Justin aprendeu a confiar em Kurt e começou a seguir os seus conselhos. “Eu me lembro de alguém se importando e me dizendo para parar de usar drogas’, afirma Justin. “Eu não sei por que eu o ouvia, para ser honesto. Mas eu sei que toda vez que eu o ouvia, as coisas melhoravam”.
Justin se abriu a Kurt e descreveu o submundo negro dos “camkids” – crianças que usavam a webcam para produzir pornografia. Ele também descreveu como as corporações de cartão de crédito e outras empresas de adultos o ajudaram a operar o seu negócio. Kurt soube que essa história não era apenas sobre Justin – havia mais vítimas lá fora.
”Naquele ponto, eu soube que aquele garoto estava no centro de uma maciça indústria do crime, sobre a qual ele sabia de tudo”, afirma Kurt. Tive que removê-lo de um negócio que o remunerava em milhares de dólares por semana. Eu tive que abordá-lo num ponto em que estava sóbrio para que eu pudesse conversar com ele. E ele disse, “Eu vou fazer”.
Kurt e Justin começaram a trabalhar juntos para expor os predadores virtuais.
Justin removeu o site e parou de usar drogas. Nos seis meses seguintes, ele se tornou o guia do Kurt no negócio de pornografia de webcam. Sua pesquisa foi publicada em 19 de dezembro de 2005, matéria de capa no The New York Times, expondo o submundo negro da pornografia infantil. “Eu fui levado a um mundo que eu não sabia que existia”, afirma Kurt. “Eu vi um website de pornografia com centenas e centenas de vídeos de webcam com crianças. Eu nunca havia trabalhado numa coisa que me fez sentir tão chateado. Eu vi coisas que ninguém deveria jamais ver”.
Kurt diz que os registros detalhados de Justin – cinco anos de conversas online e transações financeiras salvas – ajudarão a processar os abusadores de Justin, mas ler conversas tão abusivas era uma tarefa emocionalmente difícil. “Eles disseram coisas a esse garoto que você nem diria a uma prostituta morta”, afirma Kurt.
Kurt e Justin ficaram chocados ao descobrir a identidade dos clientes.
Justin deu ao FBI e outras autoridades seus arquivos e informações sobre transações de cartões de crédito para ajudar a identificar os abusadores. Kurt também investigou os arquivos de Justin, e o que encontrou era chocante. De 1.500 clientes, Kurt pesquisou uma amostra de 300. Ele diz que achou que alguns eram pediatras, professores e conselheiros. Um homem, que trabalha como advogado representante de crianças, tinha enviado um email pedindo a Justin para encontrá-lo pessoalmente.
Os achados de Kurt incomodaram Justin profundamente. “Eu me assustei muito ao pensar que essas pessoas... estão ao redor de crianças o dia inteiro”, diz Justin. “Isso simplesmente acabou comigo”.
Apesar do nome de Justin estar apagado dos documentos do Estado, ele alega que os molestadores facilmente descobriram a sua identidade. Conversas se espalham rapidamente através da comunidade de pornografia infantil, e Justin diz que vem recebendo múltiplas ameaças de morte. Ele vem vivendo escondido para proteger a sua vida.
Kurt afirma que os pais podem prevenir seus filhos de caírem nas mãos de abusadores virtuais.
Kurt acredita que não há “absolutamente nenhuma razão” para uma criança ter uma webcam. “Todas as webcam em cada quarto dos filhos na América deveriam ser jogadas fora hoje”, ele diz.
A história de Justin, embora chocante, é apenas um caso de um grande negócio que está destruindo a vida de centenas de crianças. “Elas estão sendo seduzidas dos seus quartos para esse mundo” afirma Kurt. “Essa é a razão pela qual (Justin) está aqui hoje. Ele quer que os pais entendam o que está acontecendo atrás das portas fechadas”.
Justin afirma que ele está surpreso, como qualquer um estaria, pela virada negra que tomou a sua vida aos 13 anos de idade. “Eu nunca poderia ter adivinhado que isso poderia acontecer comigo”, ele afirma. “Isso pode acontecer com qualquer garoto”.
Mais informações para pais manterem seus filhos a salvo
A Internet é um grande recurso para crianças. Contudo, se não for monitorado corretamente, este objeto de conveniência pode se tornar um ambiente insalubre e perigoso. Com tanta abundancia de informações sob o toque de seus dedos, é fácil para os filhos caírem nas brincadeiras de um pedófilo sem saber. Salas de conversas online, programas de mensagens instantâneas são maneiras fáceis para os predadores chegarem às suas caças.
• Nunca preencha questionários e formulários online ou passe informações (como nome, endereço, numero de telefone, escola, cidade, senhas, horários) sobre você ou qualquer um. Certifique-se que seus filhos entendem que se ele ou ela passam o número de telefone via Internet para alguém, as pessoas podem facilmente encontrar o seu endereço e o caminho até sua casa.
• Nunca concorde em se encontrar com pessoas que você tenha conversado online.
• Nunca entre num chat sem a presença dos pais. Algumas “crianças” que você contacta em salas de chat podem, na realidade, não ser crianças, mas adultos com más intenções. Lembre-se, pessoas podem não ser quem elas dizem que são.
• Nunca diga a ninguém onde você estará ou o que estará fazendo.
• Nunca responda ou envie e-mail para pessoas que você só conhece virtualmente. Lembre-se, ninguém tem a obrigação de responder a todos os emails ou mensagens instantâneas.
• Nunca compre ou peça produtos online ou informe dados de seu cartão de crédito.
• Nunca responda a contatos sugestivos ou a qualquer pedido que seja incômodo. Termine a conversa finalizando a sessão e dizendo aos seus pais o mais cedo possível.
• Sempre diga a alguém que conheça qualquer coisa que você viu, intencionalmente ou não, que o chateou. (É melhor para a saúde de seus filhos serem capazes de discutir a exposição à pornografia do que tornar isso um segredo obscuro e confuso).
• Certifique-se de manter computadores em áreas comuns da casa.
• Filhos devem ter apelidos com gênero ambíguo.
• Converse com seus filhos sobre sites que eles visitam, com quem eles se comunicam e quem está nas listas de conversas deles. Nenhum software será melhor substituto do que ser um pai atencioso.
Referências
OPRAH. Seduced in Cyberspace – Protect your Child. 15/02/2006. Disponível em: http://www.oprah.com/tows/slide/200602/20060215/slide_20060215_284_101.jhtml Acesso em: 20/06/2008.
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