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quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Unasul: Uribe ganha dos celerados juntos

Dois artigos:

Cúpula da Unasul fracassa em aliviar tensão na região
Fonte: FOLHA DE SÃO PAULO

28/08/2009 - 23h21


MARCIA CARMO

Enviada especial da BBC Brasil a Bariloche

A reunião da Unasul (União das Nações Sul-Americanas), em Bariloche, na Argentina, não foi suficiente para aliviar a tensão entre os líderes da região, mesmo após sete horas de discussões intensas sobre o acordo militar entre Colômbia e Estados Unidos.

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Fontes do governo brasileiro afirmam que o presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, pretendia que a reunião terminasse em um "clima de paz", mas os discursos foram marcados por tensão, principalmente entre os presidentes da Colômbia, Álvaro Uribe, da Venezuela, Hugo Chávez, do Equador, Rafael Correa, e da Bolívia, Evo Morales.


Os líderes pediram a Uribe a apresentação do documento do acordo aos integrantes do Conselho de Segurança da Unasul e o acesso de membros do Conselho às bases colombianas que serão usadas pelos americanos.


Uribe, no entanto, não respondeu aos pedidos e disse que o acordo com os Estados Unidos não significará perda de "soberania" colombiana.


"Esse acordo é importante para a Colômbia e com ele não perderemos um milímetro de nossa soberania. E foram os Estados Unidos que nos ajudaram no combate aos narcotraficantes e terroristas com o Plano Colômbia, a partir do ano 2000", disse o presidente colombiano.


Uribe disse ainda que não são bases americanas, mas colombianas que contarão com militares dos Estados Unidos.

"Mas por mais que eu diga que não são bases americanas vão continuar com esse discurso", disse.


Uribe indicou que o acordo já é um caso consumado e pediu ações conjuntas no combate ao narcotráfico e ao tráfico de armas.


"Lamento que alguns líderes falem destes 'narcoterroristas' como aliados políticos. E queria pedir que integrantes das Farc não encontrem abrigo em outras regiões", afirmou.


Críticas


O presidente do Equador disse que Uribe deveria "parar de transferir" problemas da Colômbia para outros países.


"Os problemas são da Colômbia e devem ser resolvidos pela Colômbia", disse Correa.

Chávez também se manifestou sobre o acordo e sugeriu que a Unasul discuta a paz, "mas a paz na Colômbia".


Morales voltou a pedir que seja realizado um referendo regional para que os eleitores dos países da América do Sul decidam sobre o acordo entre Colômbia e Estados Unidos.


Correa destacou ainda que a Colômbia é o país da região que, proporcionalmente, mais investe no setor militar, mas que também seria o líder na produção de drogas. Uribe negou as acusações do líder equatoriano.


"Presidente Correa, estes dados que o senhor apresentou não correspondem aos fatos", disse Uribe.


Transmissão


Todo o debate entre os líderes da Unasul foi transmitido ao vivo pelas principais emissoras de televisão da Argentina, como C5N. Além disso, as discussões também foram transmitidas em telões da sala de imprensa do local da reunião.


Lula lamentou a transmissão ao vivo do encontro. "Eu na verdade não gostaria que esta reunião tivesse sido transmitida ao vivo. Porque quando são transmitidas ao vivo as pessoas não falam o que pensam o que sentem".


Cinco horas após o início dos debates, e ainda sem consenso ou conclusão, Lula voltou a criticar a abertura da reunião.


"Eu disse desde o começo que uma reunião desse tipo, aberta à imprensa, não ia funcionar porque os presidentes tendem a falar para seu público interno. E se todos tivessem falado (o que pensam) desde a primeira intervenção, não estaríamos aqui discutindo até agora", afirmou o presidente.


A reunião terminou com um documento indicando que os assuntos de Defesa serão discutidos na próxima reunião do Conselho de Defesa, na primeira quinzena de setembro.


O texto final afirma que a América do Sul deve ser uma "área de paz" e que "forças estrangeiras" não devem interferir na soberania dos países da região. O documento diz ainda que as nações sul-americanas devem combater o terrorismo e o narcotráfico.


O encontro terminou com uma foto de todos os presidentes. Mas Uribe permaneceu na sala do encontro enquanto todos já estavam prontos para a foto. A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, anfitriã da reunião, foi buscá-lo e todos acabaram aparecendo na imagem.


O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou que a reunião em Bariloche foi "um avanço" e que o objetivo do encontro não era "resolver o problema entre Venezuela e da Colômbia".


Quando questionado sobre a razão pela qual o acordo militar entre Estados Unidos e Colômbia não estava citado no documento final, Amorim respondeu: "Pra bom entendedor, poucas palavras bastam".


As veias abertas da América Latina




Fonte: MÍDIA SEM MÁSCARA


Epa! Espera aí. Se Uribe venceu, ficou provado que a entidade Unasul não serve para muita coisa e, como se trata de uma entidade criada sob inspiração chavista, o escancaramento de sua ineficiência também pode ser encarado com uma vitória, não é não?


Devo começar pelo fato: houve uma reunião da Unasul em Bariloche, na Argentina. Sobre o evento, a primeira versão escrita de que tomei conhecimento foi a de dona Eliane Cantanhêde, na Folha de S. Paulo. Conhecendo as simpatias da moça (?!), só posso lê-la pelo avesso, isto é, entendendo no sentido inverso as afirmações da repórter.


Segundo ela, a reunião "aprofundou o impasse entre os 12 países da região". De imediato, deduzo que não aconteceu absolutamente nada. Para o continente (à exceção da despesa que ocasionou para os contribuintes latino-americanos), a reunião não teve nenhum significado e não aprofundou impasse nenhum, até porque não há nenhum impasse.

Haveria impasse se a Unasul tivesse autoridade e consenso, e condenasse com veemência o acordo militar entre a Colômbia e os Estados Unidos, deixando-o em suspenso. Não foi o que aconteceu. Portanto, o acordo se manteve, o presidente Uribe deixou mais uma vez clara a sua razão de ser e defendeu-o dos argumentos falaciosos do eixo bolivariano.

Epa! Espera aí. Mas isso é um fato positivo. Essa é uma vitória de Uribe, da Colômbia e de todos aqueles que se opõem ao eixo bolivariano, não é não? Apesar de toda a pressão de Hugo Chavez et caterva, o acordo se manteve. Por sinal, Uribe nem sequer apresentou as tais "garantias jurídicas" que o ministro Nelson Jobin Laden garantiu que ele apresentaria...

Epa! Espera aí. Se Uribe venceu, ficou provado que a entidade Unasul não serve para muita coisa e, como se trata de uma entidade criada sob inspiração chavista, o escancaramento de sua ineficiência também pode ser encarado com uma vitória, não é não? A reunião foi de tal modo inócua que o próprio Lula ficou irritado e bateu com o sapato na mesa, perguntando: isso aqui é ou não é uma reunião de chefes de Estado? (não foi esse, no fundo, no fundo, o teor de seu pronunciamento?). Ainda bem que ninguém respondeu...

Não sei se é muito otimismo da minha parte, mas eu ainda encontro outros saldos positivos na reunião. O principal vem da intervenção irônica de Alan García que foi, com perdão do trocadilho, do peru!

García refutou insofismavelmente o discurso chavista ao dizer ao gorila que ele é um militar profissional - fato que o coronel Hugo Chavez tem escamoteado com muita facilidade -, mas também ao questionar o seu termos de um suposto expansionismo norte-americano:

"Homem, para que os EUA precisam dominar o petróleo [da Venezuela] se você já lhes vende todo o petróleo de que eles precisam?"

Melhor do que isso só se o Evo Imoralez tirasse um bumbo debaixo do poncho e saísse cantando, que nem a Mercedes Soza: "Volver a los dezassiete, después de vivir un siglo"...

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