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quarta-feira, 22 de julho de 2009

O Bolsa-Cachorro Da Petrobrás

Fonte: VILLAS-BOAS CORREA

Julho 21, 2009


Não poderia ter acontecido em pior hora, em cima da CPI da Petrobrás, a estranha denúncia do desvio de milhões da maior empresa do país, através de tortuosos caminhos, para um canil que agasalha no momento, 60 vira-latas.

O enredo além de inédito na crônica da rapinagem com o dinheiro público, é um primor de impostura. A Sibemol Promoções e Eventos é especializada em rodeios, marionetes, espetáculos de danças e atividades de sonorização. Com tais prendas, conseguiu comover a Petrobrás no seu desvelo pelos bichos para abiscoitar R$ 120 mil para realizar o projeto Quilombos Cariocas. Um pequeno engano no endereço botou tudo a perder: no endereço declarado à Receita Federal funciona o canil com o modesto total de 60 cães.

Daí em diante os fios se embaralham numa teia de suspeitas manobras para avançar no cofre da Petrobrás, onde também é guardado o dinheiro da Viúva. A próspera empresa tem como sócio Raphael de Almeida Brandão, também dono da R.A. Brandão e da Guanumbi Promoções e Eventos que não foram encontradas nos endereços declarados à Receita. Enganos de endereços são cometidos com freqüência por pessoas de memória fraca. Mas, segundo apurou a revista “Veja”, as empresas do Raphael Brandão e sócios que preferem preservar o anonimato, receberam, em 2008, da Petrobrás, R$ 8,2 milhões, o que é muito para alimentar os 60 cachorros do canil da Sibemol.

Sócios se confraternizam nas parcerias das empresas do criativo grupo. Raphael é sócio minoritário da Sibemol, que divide com o mano Luiz Felipe de Almeida Brandão. Apanágio da família, Raphael divide com a mamãe, Telma de Almeida Brandão, a Guanumbi. Todas têm endereço declarado em Jacarepaguá. E, mais uma surpresa: na casa está funcionando o canil, freguês da Petrobrás, que abriga também 200 gatos. O tratador dos animais é um abnegado, de tal modéstia que não quis revelar o nome. Não explora o negócio nem recebe nada dos donos do terreno. Os vizinhos informam que a casa pertence a uma senhora conhecida pelo sonoro nome de Telma, mãe de Raphael.

As discretas firmas Sibemol e Guanumbi, além de omitir os endereços, oferecem aos fregueses também anônimos uma variedade de serviços surpreendentes, como a ajuda ao desenvolvimento do Museu de Astronomia e Ciências Afins, no Rio; ao depósito naval em São Pedro da Aldeia, na Região dos Lagos, tudo com a modesta quanta de R$ 45.528, em 2008.

A Guanumbi recebeu R$ 395,4 mil para tocar projetos do governo, do Programa Nacional de Atividades Nucleares a planos de saúde. Além da Petrobrás, a Guanumbi tem acesso aos cofres dos ministérios da Defesa, da Cultura e da Ciência a Tecnologia. A Petrobrás informa que uma comissão interna está avaliando os contratos para “apurar eventuais irregularidades”. E que não houve contratos, mas pagamentos por serviços prestados – o que não esclarece coisa nenhum.

Eu nunca pensei que hospedar cachorros fosse tão bom negócio.

Cavaleiro do Templo: tem muito mais sobre o assunto aqui:

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