Milhares de pessoas comemoram o aniversário da Revolucção Sandinista. Foto: EFE
O presidente nicaraguense, que presidiu o ato sandinista realizado na Praça da Fé João Paulo II, fez uma chamada às forças políticas opositoras do país para que trabalhem "para ter uma melhor Constituição".
Ortega sugere a reforma da Carta para viabilizar um referendo revogatório que dê poder aos nicaraguenses de decidir, quando queiram, se reelegem presidente, legisladores, prefeitos ou outras autoridades.
"Se vamos ser justos e semelhantes, que o direito de reeleição seja para todos e que o povo, com seu voto, premie ou castigue", ressaltou o líder.
Ortega deixou entrever que impulsionará uma consulta, similar à que o presidente deposto Manuel Zelaya queria convocar em Honduras em 28 de junho passado quando foi derrubado, para perguntar à população se querem que se inclua a figura de referendo revogatório na Carta Magna.
"Aqui se pode fazer a consulta sem nenhum temor, porque podemos ir a um referendo, a uma votação desse tipo, e o povo poderá votar livremente, porque aqui o Exército não vai reprimir, mas sim proteger a população, da mesma forma que a Polícia", disse o líder sandinista.
O presidente confirmou assim seu interesse em reformar a Constituição para estabelecer a reeleição presidencial indefinida, que abertamente persegue, e mudar o sistema político Presidencialista por um Parlamentar.
A Constituição da Nicarágua proíbe a reeleição presidencial consecutiva, mas não a alternada.
Em outra parte de seu longo discurso, Ortega se referiu à crise política de Honduras e reafirmou seu apoio ao deposto Manuel Zelaya, que se encontra em Manágua, mas não participou do ato dos sandinistas.
O líder nicaraguense pediu às Forças Armadas hondurenhas que não continuem sendo instrumento dos golpistas, e criticou o presidente costarriquenho, Oscar Arias, mediador do conflito, a quem qualificou de "instrumento da política golpista dos ianques".
A crise política em Honduras se tornou o principal protagonista da celebração do 30º aniversário da revolução que derrubou o ditador Anastasio Somoza, ao ser abordado pela maioria dos oradores que discursaram nos eventos.
Participaram do evento, entre outras personalidades, o vice-presidente de Cuba Esteban Lazo, o chanceler da Venezuela, Nicolás Maduro, Patricia Rodas, chanceler de Zelaya, e a vencedora do prêmio Nobel da Paz 1992 e ativista indígena guatemalteca, Rigoberta Menchú.
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