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segunda-feira, 9 de março de 2009

O País Bizarro dos Socialistas

LIBERTATUM
Por Klauber Cristofen Pires
QUARTA-FEIRA, MARÇO 04, 2009

Sempre advirto meus convivas: “- afaste-se do adoçante! Adoçante engorda! Veja por si mesmo: a maior parte das pessoas que usa adoçante é gorda!”. Já vi também crianças reclamando de suas mães, mais ou menos assim: “- mãe, você me tortura com este pente fino; você sempre vem com ele pra cima de mim, que nunca tive piolhos...”.

Como se pode verificar dos hilários exemplos acima, trata-se de uma óbvia inversão de causa e efeito. Todavia, contanto que aqui pareça simplesmente, continuamente políticos e intelectualóides esquerdistas recorrem a este procedimento, algumas vezes conscientemente, outras nem tanto – afinal, é a própria maneira de pensar deles que é invertida, de modo que um pensamento de trás pra frente não passa de um desdobramento natural.

Ocorre, porém, que um pensamento legítima e logicamente invertido é inconcebível. Este é o grande problema; o planeta bizarro somente existe nos quadrinhos da Liga da Justiça! Então, o que fazem os socialistas? Copiam como são as coisas nos países desenvolvidos capitalistas, e procuram transmutar para os seus países os efeitos do que eles enxergam, e não as suas causas. Alguns tópicos a seguir podem clarear esta realidade:

Dizem certos pesquisadores que a educação trará a melhoria de vida ao país. Estudos chegam a afirmar até mesmo uma certa quantia estatística que é acrescida à renda ou ao salário de um cidadão, conforme cada ano a mais de estudo. Este tipo de discurso, raramente o vi ser contestado. Pois esta então será uma ótima oportunidade para se verificar a autenticidade de seu conteúdo.

Certo está que a educação, o estudo, a profissionalização podem vir a trazer melhorias de vida aos seus cidadãos. Todavia, o acerto de como se dá esta educação somente ocorre numa sociedade livre, onde cada cidadão tem a chance de aplicar seus estudos na área em que entender que será mais bem-sucedido, e o faz mediante uma criteriosa decisão, já que é ele quem paga. Porém, isto, por si só, não basta. É necessário também que seu conhecimento se transforme efetivamente em um aumento na produção de bens e serviços para a sociedade. Na verdade, esta é a verdadeira causa do aumento da renda e dos salários. Porém, o que faz o governo dos políticos socialistas? Saem multiplicando vagas de ensino – aqui refiro-me especialmente ao nível superior - na crença vã de que os tais aumentos estatísticos caiam no bolso dos seus pupilos como gotas de chuva.

O vício da inversão é tão arraigado no populismo brasileiro que chegamos enfim ao absurdo máximo de aprovar automaticamente os alunos com rendimento insuficiente, como meio de combater a repetência!

Em Cuba, há possivelmente a maior concentração relativa de médicos do mundo. Porém, nem um deles vive bem. Uma anedota popular diz que as esposas de médicos daquele país costumam dizer às suas amigas: “-meu marido é médico, mas um amigo nosso já lhe garantiu uma vaga de garçom para o ano que vem”. Elas se referem, pra quem não sabe, aos resorts estrangeiros que têm tido permissão de explorar o turismo – e os cubanos - que lá só podem colocar o pé por motivo de trabalho. A extrema abundância de profissionais – e tanto pior será quanto mais bem qualificados forem – gera a pobreza em todas as outras áreas onde predomina - forçosamente – a deficiência de recursos humanos. Esta é uma das causas da extrema pobreza daquela ilha-presídio.

No Brasil, as universidades públicas e os incentivos tais como o Prouni e o FIES possibilitam que haja um enorme desperdício de recursos – que, na pior das hipóteses, poderiam ser mais bem utilizados na educação de base. Já conheci inúmeras pessoas que adiam indefinidamente seus cursos, e outras que possuem duas, três e até quatro graduações, sem jamais ter exercido a profissão em uma só delas. Toda esta dinheirama acaba gerando não um enriquecimento geral, mas sim um empobrecimento de toda a sociedade, à medida que as pessoas são enganadas quanto às possibilidades que o mercado tem a oferecer, e fazendo com que um custoso investimento deixe de gerar seus frutos.

Um outro exemplo pode ser mais ilustrativo do que digo. Quando eu era aluno da Escola de Formação de Oficiais da Marinha Mercante, a Marinha do Brasil dava aos seus alunos doentes os remédios. Porém, um tenebroso quadro passou a surgir: cada vez mais havia alunos doentes, e os armários dos alojamentos começaram a se parecer mais com farmácias. Quando isto foi bem percebido, a Marinha decidiu então pagar somente a metade de cada remédio. Pois, usando um bom trocadilho: que santo remédio! As filas das enfermarias praticamente sumiram, os alunos se tornaram mais saudáveis, e uma grande economia aos cofres públicos foi alcançada.

Outra falácia esquerdista diz respeito à distribuição de renda. Segundo afirmam categoricamente, no Brasil há uma horda de excluídos e pessoas que ganham muitas vezes mais do que o salário mínimo. Que nos países desenvolvidos a distância entre os menores e os maiores salários raramente chega a ser de seis vezes.

Mais uma vez, outra inversão. Nos países desenvolvidos, a diferença salarial é pouca, porque a atividade econômica é ou foi em um largo período capaz de gerar uma quantidade apreciável de empregos. Com a demanda por trabalhadores aumentada, os salários mais básicos tiveram, forçosamente, de subir. Obviamente, à medida que os salários da base aumentam, tendem a se aproximar relativamente dos salários do topo.

Um mero raciocínio pode demonstrar isto claramente: se João hoje tem oito anos de idade, e Maria, 4, então João tem o dobro da idade de Maria. Todavia, daqui a 60 anos, João será apenas cerca de 6% mais velho do que Maria.

No caso do Brasil, se há uma imensa massa de pessoas desempregadas ou sub-empregadas, isto é tão somente porque o governo as proíbe - literalmente – de conseguirem um emprego, e aqui podemos apreciar mais uma falácia: o salário-mínimo.

Infelizmente, quase todos os brasileiros tendem a acreditar que o salário mínimo é uma garantia de uma renda mínima. Em recente aula de filosofia, um professor declarou taxativamente que o salário-mínimo brasileiro é anti-ético, por não ser capaz de cobrir todas as despesas previstas da Constituição. Em contrapartida, exaltou o salário-mínimo francês, este sim, bastante ético, ainda que a França esteja no sinal vermelho do desemprego.

Pessoas imbuídas de um pensamento socialista sempre exaltam o que pode ser facilmente visto, ou que pretendem mostrar, e varrem pra debaixo do tapete os efeitos colaterais que sempre exsurgem. Pois bem, alguém já chegou a pensar que o salário mínimo não venha a ser uma garantia, mas uma proibição? Ora, se o salário mínimo fosse uma garantia, em cada lar haveria um pai empregado sorridente e uma mesa posta. Pois pergunto: é isto o que acontece? Claro está que não.

O salário mínimo, tenho dito a quem quiser entender, é uma proibição. Por meio da lei que estipula o seu valor, pessoas que exercem uma atividade econômica de menor alcance, como é muito comum nas localidades menores e mais pobres, não podem empregar ou serem empregadas. Daí o desemprego. Pois então pergunto: é ético proibir alguém de trabalhar? Uma pessoa que poderia receber menos que o atual salário mínimo está melhor na condição de desempregada?

Durante todos os dois mandatos do Governo Lula, o salário mínimo foi alegremente aumentado enquanto a economia andava no vácuo das economias mais pujantes em fase de prosperidade, sem que nenhum ajuste estrutural tivesse sido realizado. Agora, quando o mercado sofre um revés – e frise-se, causado pela incúria do estado norte-americano e seguida por outros, inclusive o tupiniquim – é óbvio que Lula não terá peito para fazer regredir os salários de modo que voltem a refletir o quadro da magnitude econômica atual. Antes, fará rodar a maquininha, aquela de imprimir dinheiro, e todos os brasileiros quedar-se-ão mais pobres, pela desvalorização da moeda, pelo endividamento público e/ou e pelo aumento da inflação.

Tempos atrás, uma empregada doméstica que trabalhava comigo pediu a sua demissão, e explicou-me suas razões, que do ponto de vista econômico dariam uma boa aula a quantos economistas andam por aí à solta: acontece que ela morava no interior, onde podia plantar uma roça e se servir da pesca. No interior, estava subempregada, segundo a atual lei do salário mínimo, porque a sua então patroa lhe pagava cerca de duzentos reais por mês. Todavia, era o suficiente para as suas necessidades, desde que com este dinheiro ela podia comprar roupas, remédios e alguns mantimentos. Porém, quando veio para Belém, ela teve de pagar pelo aluguel de sua moradia e por boa parte de sua alimentação, de modo que o salário de trezentos e oitenta reais vigentes à época resultou em bem menos que do que ela costumava obter.

Estes são três singelos exemplos de uma verdadeira enciclopédia deste planeta bizarro chamado Brasil, e torço para que os leitores abram os olhos para tantas quantas decisões equivocadas são tomadas mediante a inversão das causas pelas conseqüências.

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