Por “velho capitalismo” Sen entende as concepções de Adam Smith, o pai do pensamento econômico moderno, que, curiosamente, nunca usou a palavra capitalismo. Smith não defendia a predominância absoluta do capital e do mercado, diz Sen, em artigo no Financial Times. Para ele, o mais importante eram os valores, como “humanidade, justiça, generosidade e espírito público”.
Smith dizia que aquilo que entendemos por capitalismo é impulsionado pelo interesse pessoal, que motiva o empreendedor a entrar no mercado. Mas é preciso que haja confiança mútua para que o mecanismo funcione. A questão, diz Sen, é que a confiança não é algo natural no mercado – muito parecido com a civilização em si, que, como diz Norbert Elias, deve ser defendida todos os dias da tentação da barbárie. A confiança é algo que se constrói, e é frágil num mercado agora tão entranhado de subdivisões, com seus derivativos e outros gêneros de investimentos complexos, objetos do desejo da busca desenfreada do lucro sem regulação estatal.
Sen afirma que reconstruir o mercado não passa necessariamente pela invenção do “novo capitalismo”, como querem alguns. Passa simplesmente, referindo-se a Adam Smith, pela “compreensão das velhas idéias acerca dos limites da economia de mercado”, e um bom começo é perceber que só a conjunção entre mercado e Estado poderá liquidar a crise e criar um “mundo econômico mais decente”.
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