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sábado, 27 de dezembro de 2008

"Somos como prostitutas num bordel"

ITALIAMIGA


No maior e mais conceituado jornal italiano, Corriere della Sera, foi publicada, no dia 28 de fevereiro, a carta que um grupo de escritores russos escreveu para os colegas ocidentais que assistiam ao Congresso Pan-Soviético dos Escritores, de 1934. Esta carta, guardada nos arquivos da polícia secreta soviética, foi divulgada há pouco tempo na Rússia, traduzida em italiano, do original russo, por Clara Strada Janovic. ITALIAMIGA acha seu dever mostrar aos que ainda acreditam na assim dita democracia de tipo comunista, o que significou viver naquele regime de terror e de delação, e como hoje é importante, para nós, ter a possibilidade de viver num mundo onde a liberdade de expressão e de pensamento é permitida a todos e defendida por todos.


"Nós, um grupo de escritores formado por representantes de todas as tendências político-sociais existentes na Russia, comunistas inclusive, compelidos pelas nossas consciências, achamos que deveríamos escrever esta carta aos colegas escritores estrangeiros (...). 

- Tudo que vocês ouvirão e presenciarão no Congresso será, tão somente, o que lhes for permitido ver e ouvir pelo aparato comunista. Pode ser que alguns de nós que participamos da elaboração desta carta, conversando pessoalmente com qualquer de vocês, usemos uma versão diferente. Reconhecemos que, vivendo em condições completamente diferentes das nossas, deve ser difícil entenderem que, depois de 17 anos nossa situação exclui, de forma absoluta, a possibilidade de livre expressão. 

- Nós, escritores russos, nos sentimos como prostitutas de bordel, porém, com uma só diferença: enquanto aquelas negociam o próprio corpo, nós negociamos nossas almas e opiniões. Enquanto elas estão condenadas à morte pela fome, assim será igualmente para nós (...) 

Aliás, nossas famílias e amigos também estão sofrendo com nossas atitudes pois, até com eles, evitamos falar de nossas decepções. Na URSS existe um sistema cruel de delação em que nos obrigam a acusar uns aos outros. E o fazemos contra amigos, conhecidos e até parentes. 
O casamento sela o tratado Ribbentrop-Molotof entre Hitler e Stalin pela invasão da Polônia e a particição deste País entre os dois ditadores. Esta invasão deu origem à segunda guerra mundial.

- Enquanto isso vocês constituem comitês para enfrentamento do fascismo, organizam congressos contra a guerra, criam bibliotecas para resgatar os livros queimados por Hitler. Embora tudo louvável, não vemos suas ações para salvar as vítimas inocentes dos atos tirânicos stalinistas que ferem e ofendem os sentimentos da moderna humanidade, especialmente os praticados após o fim da Guerra Mundial (1919). Será que vocês não estão percebendo que a URSS é um grande campo militar, pronto para incendiar a Europa Ocidental e impor, pela lâmina da baioneta, as teses de Marx, Engels, Lenin e Stalin ? Saibam que o fato da Russia estar na miséria e com fome não se constituirá em vantagem para vocês. 


- Vocês estão assustados com o nazismo, mas nós não temos medo de Hitler. Para Stalin trata-se, simplesmente, de preconceito burguês. Ele sim, Stalin, é que é o perigo. Vocês sabem que jogo está sendo jogado ? Ou admitem sobreviver, como nós, pela prostituição do sentimento, da opinião e do senso de dever ? Então, nesse caso, não os perdoaremos (...)".


(Tradução, do texto italiano, de Edoardo Pacelli, revisão de Gilberto Ramos).

Um comentário:

  1. Cavaleiro, fica claro com essa carta que a pseudo-cegueira das elites intelectuais do mundo tem se traduzido pelo desejo do Mal. O Mal, mesmo, satânico. Acho que seremos mártires. Algo me diz isso, infelizmente.

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