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domingo, 5 de outubro de 2008

Candidatos e a retórica comunista

MÍDIA SEM MÁSCARA
Autor: | 4 outubro 2008 
Editorias - Política

Rio de Janeiro: socialismo e demagogia por todos os lados.

A primeira coisa que prometem – numa era marcada pela corrupção política, desvio de verbas públicas, empreguismo partidário e gestão temerária – é a incensada “transparência” administrativa. No dizer de cada um deles, tal como prometeu Lula antes de eleito, haverá “transparência” em tudo e para todos os gostos: no ato de comprar uma agulha, beber um copo d’água, atravessar a rua, ir à privada; transparência no monitoramento dos gastos públicos e até, a posteriori, na fiscalização das promessas mirabolantes que, por acaso, não venham a ser cumpridas.

Mas quem vai cuidar da tal e virtuosa transparência?

Pelo que entendi do trololó matreiro dessa gente, será “a sociedade civil organizada” – isto é, os seus próprios aliados ideológicos. O candidato do Partido Comunista Brasileiro (PCB), Eduardo Serra, barbicha grisalha estampada nas faces gordurosas, garante o impossível: de posse de um novo Plano Diretor, articulado por um “movimento de cidadania” monitorado por Ongs e entidades de classe, denominado RCV, “O Rio voltará a ser uma Cidade Maravilhosa”. Claro: com ele, o candidato do PCB ou a sua patota, à frente do Executivo municipal.

Na caça aos votos dos eleitores desiludidos, deve-se dizer, a bem da verdade, o estilo arcaico do “rouba, mas faz”, cultivado outrora pelo Dr. Ademar e Salim Maluf, está sendo aparentemente postergado. Para que tudo funcione nas áreas de saúde, educação, transporte, segurança pública, pobreza e desigualdade social, inclusão digital, trabalho, emprego e renda, habitação e saneamento, lazer e cultura, a aprovação de um projeto de lei tocado pelo “monitoramento da cidadania” – conforme recomenda a “filosofia da práxis” de Antonio Gramsci – é a medida indicada para se chegar à “perfeita gestão cidadã”. Quem garante tal coisa é o candidato petista Alessandro Molon – de resto, um tipo repentino que o eleitor carioca nunca viu mais gordo. . .

De fato, o “monitoramento da cidadania”, proposto pela “filosofia da práxis” e tocado pelo lero-lero empreguista das Ongs, há muito tomou conta da cidade (e do país), sem que o cidadão comum, sempre logrado, conheça os resultados da tão invocada “transparência”. No frigir dos ovos, é prestação de contas para cá, auditorias para lá, reuniões de conselhos aqui e ali – e nada. Ao cabo de tudo, num piscar de olhos, crescem os impostos, as falcatruas se alastram, os escândalos se multiplicam, os orçamentos triplicam, as obras faraônicas (e inconclusas) esgotam os recursos dos cofres públicos. E, tal como no Moto Perpétuo de Niccolo Paganini, para cobrir os gastos com o desperdício e a expansão crescente da folha de pagamento do funcionalismo, os vereadores, plenos de “transparência”, votam a cada três meses a criação de novos tributos.

Ao todo, são 21 partidos populistas, aliados ou não, correndo ávidos atrás da “boca rica” (royalty para Anthony Garotinho) do poder municipal, a saber: PCdoB, PC, PT, PTdoB, PSTU, PSOL, PCO, PSC, PDT, DEM, PMDB, PV, PRTB, PRB, PR, PSDC, PHS, PTN, PP, PTC e PSDB. É sigla para deixar qualquer sujeito desconfiado – ou não é?

Também pudera! – governar o Rio é um maná do céu: há muito dinheiro, carnaval, jantares supimpas, viagens internacionais, palácios para se habitar, janelas escancaradas da mídia para se deitar a falação demagógica e – o que é melhor – mordomias sem fim. No entanto, o dado curioso na atual temporada de caça ao cobiçado cargo de prefeito é que nenhum dos candidatos apresentados conhece a mais elementar realidade da cidade que pretendem governar! Parece um absurdo, mas não é.

Por exemplo: dos sete candidatos mais bem colocados nas pesquisas eleitorais do Rio – Eduardo Paes, Marcelo Crivella, Fernando Gabeira, Solange Amaral, Alessandro Molon, Chico Alencar e Jandira Feghali, que fugiu da raia – nenhum sabia o preço da bandeirada de táxi (R$ $ 4,30) ou do pedágio da Linha Amarela (3,65), uma das principais vias de acesso e tráfico da cidade. Outra aberração: argüido por um questionário levantado pelo O Globo, o ex-bispo Crivella, que vai para o segundo turno, assegurou que o preço de uma passagem de ônibus no município custa R$ 1,20 – quando na verdade marca a cifra de R$ 2,10.

O candidato Gabeira, que já usou sandálias trançadas com folhas de maconha, indagado sobre qual seria o salário de um gari, funcionário coletor de lixo da Comlurb – Companhia de Limpeza Urbana Municipal – , disse simplesmente que desconhecia. Já o comunista Chico Alencar, com resposta fácil para tudo, apontou no questionário que a Comlurb é a companhia responsável pelo recolhimento do lixo do comércio, quando na dura realidade é o comerciante quem contrata uma empresa particular para fazer a coleta. E o candidato Eduardo Paes, provável vencedor do pleito pelo menos no 1º turno, ignorava que o cálculo para o reajuste do IPTU – Imposto Predial e Territorial Urbano, tributo 100% municipal – é aferido pelo IPCA-E, o Índice de Preços ao Consumidor Especial, calculado anualmente pelo IBGE.

Agora responda, caro leitor: dá para confiar numa gente assim, malandra na retórica salvacionista e ignorante do que existe de mais elementar no cotidiano da cidade que se pretende governar?

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