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terça-feira, 16 de setembro de 2008

REFLEXÕES MELANCÓLICAS SOBRE O DECÁLOGO PARA ENFRENTAR EVO MORALES

Do portal PAPÉIS AVULSOS do HEITOR DE PAOLA


Reflexões melancólicas sobre o “Decálogo para enfrentar Evo Morales” de Alejandro Peña Esclusa

Heitor De Paola

Primeiro: Evo Morales não representa o interesse dos bolivianos. Apesar de sua aparência indígena, tampouco representa o interesse das etnias bolivianas. Ele é um agente a serviço de forças internacionais agrupadas ao redor do Foro de São Paulo.

Infelizmente Lula representa o interesse dos brasileiros, se não na sua totalidade, ao menos em sua esmagadora maioria. Sua aparência não é mera aparência, Lula é aquilo mesmo. Obviamente o único ponto de contato com Morales é que Lula também “é um agente a serviço de forças internacionais agrupadas ao redor do Foro de São Paulo”. Pior: é seu fundador e Morales é apenas uma cria mal nutrida.

Segundo: A oposição boliviana não luta contra o governo nacional, senão contra um conglomerado internacional que utiliza Evo Morales para apoderar-se da Bolívia. Por isso, cada vez que Morales se encontra em apertos, seus aliados saem para respaldá-lo publicamente e para prestar-lhe todo seu apoio.

Ai, que coisa boa deve ser contar com uma oposição! É triste reconhecer: não existe oposição brasileira! Aqui os partidos são meras siglas para acomodar melhor os mesmos interesses. Quando o Presidente do DEM – supostamente um partido liberal - diz que o programa bolsa família é um programa liberal e o seu candidato a Prefeito de São Paulo lança o comunista Serra para Presidente em 2010, que se pode esperar? Onde a canalhice oportunista e mercenária impera, não há oposição! Pior, quando Alejandro diz “cada vez que Morales se encontra em apertos, seus aliados saem para respaldá-lo publicamente e para prestar-lhe todo seu apoio”, Lula é o próprio comandante aliado deste apoio!

Terceiro: Evo Morales não é um democrata. Depois de derrocar dois governos usando métodos antidemocráticos, decidiu amoldar-se ao sistema – participando das eleições – unicamente para chegar ao poder. Uma vez na Presidência, utiliza as instituições do Estado para destruir a democracia desde dentro.

Aqui é pior: Lula não derrotou dois governos democráticos, é exatamente o resultado dos dois governos anteriores do príncipe dos hipócritas FHC que o lançou! E que sempre sai em seu socorro nas horas em que há alguma possibilidade de impeachment. Portanto, esta é uma impossibilidade. Se houver perigo, FHC – e talvez até o DEM – socorre.

Quarto: Não é possível derrotar Evo Morales eleitoralmente. O governo boliviano já conta com o método cubano-venezuelano para cometer fraude. O padrão eleitoral está atualmente tão tergiversado que não é possível manter-se eleições livres e transparentes sem antes depurá-lo.

Bem, aqui temos maquininhas confiáveis! Podemos confiar que elas darão o resultado a quem Lula-FHC-ONU mandarem! Mais confiáveis impossível, não? Já sabemos o resultado antes! Viva a tecnologia moderna!!!! Aliás, qual o problema? Não teríamos escolha mesmo!

Quinto: Os partidos políticos de oposição não estão em condições de enfrentar o governo sozinhos, porque – devido à sua formação – estão acostumados ao diálogo e à negociação. Um ditador como Evo Morales não acredita no diálogo nem na negociação, senão que os usa para ganhar tempo, enquanto consolida seu projeto totalitário. Por isso, a sociedade não partidarista – essa que sai às ruas para protestar – deve adquirir maior liderança.

É de chorar: não temos nem uma coisa nem outra!!!! Aqui a “oposição que sai às ruas” não passa de um bando de nacionalisteiros que são mais antiamericanos do que anticomunistas. Combate ideológico como na Bolívia? Zero! Combate ao menos político? Zero! Fechamento de estradas e fronteiras, com a louvável exceção dos bravos arrozeiros de Roraima: zero! O que combatem os que saem às ruas no Brasil? Slogans anódinos como “corrupção”, “impunidade”, “pela paz e concórdia” e outras palhaçadas. Até quando defendem o território nacional, particularmente a Amazônia, o fazem vendo o inimigo no Grande Satã, o “império americano” e não o Foro de São Paulo e a tal malfadada “comunidade internacional”: a rede de ONG’s multibilionárias.

Sexto: O tempo conta a favor do oficialismo. Enquanto a oposição tem que financiar suas atividades com recursos próprios e, portanto, limitados, o governo boliviano conta com as arcas do Estado e com o financiamento inesgotável que lhe envia Hugo Chávez. Além disso, cada dia que passa o governo aproveita para destruir os poucos espaços democráticos que restam. Por isso, quanto mais tempo Evo Morales leve no poder, mais difícil será tirá-lo de lá.

No Brasil a oposição mirrada que temos precisa financiar a si mesma, pois os empresários brasileiros são em sua esmagadora maioria cúmplices do governo comunista enquanto este tomar atitudes que encham seus bolsos. Como é o caso da doação do Grupo Gerdau para a filha do Ministro da Justiça, candidata a Prefeita de Porto Alegre. Segundo denúncia veiculada no exterior as empresas Odebrecht, ImBev e Pão de Açúcar estariam patrocinando a candidatura de Dilma Roussef em 2010 e o retorno de Lula em 2014. Si non è vero, è bene trovato! A Odebrecht está interessadíssima na privatização do Galeão além de já ter sido aquinhoada com reformas em outros aeroportos da INFRAERO a ImBev quer chegar ao monopólio de cervejas e refrigerantes no país e o Pão de Açúcar é um sucesso suspeito em aquisições de outras redes de supermercados. Além de não darem um tostão furado para as organizações que defendem a propriedade privada, as liberdades individuais e a tradição ocidental, provavelmente ainda riem de nós!

Sétimo: A única maneira de conseguir uma mudança de governo na Bolívia é mediante ações de rua, pacíficas, simultâneas e generalizadas, quer dizer, em todo o território nacional. A convocatória oficialista a um referendo para aprovar uma Constituição ilegal, deve servir de incentivo para organizar o protesto.

Não há maneira possível de conseguir mudança no governo do Brasil! Jamais haverá manifestações de rua contra nada.

Oitavo: A oposição boliviana deve estudar detalhadamente o processo político venezuelano dos últimos dez anos, porque isso equivale a antecipar-se a seu próprio futuro. Entre as lições que deve aprender é não repetir os erros cometidos pelos dirigentes opositores venezuelanos.

O processo político revolucionário no Brasil difere do venezuelano e do boliviano. O Brasil é o país onde as técnicas revolucionárias anestésicas de Antonio Gramsci foram melhor aplicadas.

Nono: Urge usar a informação do computador de Raúl Reyes. Os aliados a Evo Morales – e possivelmente o próprio Morales – estão estreitamente vinculados às FARC e, portanto, são cúmplices de narco-terrorismo e de outros delitos de lesa-humanidade. A informação contida no computador confiscado de Raúl Reyes pode ser de grande utilidade para livrar a Bolívia da ditadura.

Elucidar e trazer à tona os contatos de Lula com as FARC é ainda mais importante. No entanto a melhor avaliação deste assunto é feita por Luis Alberto Villamarín Pulido: “A diferença entre Lula e os bocudos da Venezuela, Equador e Nicarágua, é de estilo mas não de pensamento nem de propósitos. E, claro que a uma potência econômica como o Brasil, com um dos exércitos mais bem preparados e que carregam uma responsabilidade muito grande em defesa da soberania nacional e da segurança do hemisfério, a ditadura cubana não a pode manipular com a mesma facilidade com que dispõe de seus cachorros em Quito, Caracas, Manágua e La Paz. Porém, ao mesmo tempo, Lula está de acordo com o que pensam e fazem seus vizinhos co-partidários, mancomunados com Piedad Córdoba e o Partido Comunista Colombiano.(...) Sem dúvida, Lula (embora à sua maneira) faz parte do complô contra a Colômbia e no final o que contam são os resultados”.

Décimo: Uma vez que Evo Morales trabalha para uma máfia internacional, a oposição boliviana deve travar a batalha não só no campo interno, como também no campo continental, buscando alianças com os setores democráticos da América Latina.

A blindagem de Lula não é produzida apenas internamente, nem mesmo é produto Latino-Americano: começa no Departamento de Estado, controlado pelo Council on Foreign Relations. Obama é aliado de todos os comunistas e jamais mexerá com Lula se McCain ganhar, o provável Secretário de Estado Assistente para a América-Latina será, novamente, Otto Reich, a quem já me referi diversas vezes (ver aqui, aqui e principalmente aqui).

(As traduções dos originais em espanhol são de Graça Salgueiro)

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