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segunda-feira, 18 de agosto de 2008

QUEM AGÜENTAR VERÁ - O DIA DO JUÍZO FINAL

Ternuma Regional Brasília

Gen. Bda RI Valmir Fonseca AZEVEDO Pereira


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Lendo as últimas noticias, fiquei preocupado.


“Nosso guia”, valha-me Deus, abandonou - nos (confesso que nunca, mas nunca esperava uma coisa destas, um homem tão bom, tão justo, um monumento de grandeza). Mas se fez, deve ter razão.

Estou aguardando o dia em que a porta da minha casa será devidamente marcada, assinalando com um símbolo discriminatório, que ali mora um terrorista abominável ou um nojento militar (o que dá na mesma).

Este será o primeiro passo para o total linchamento moral e físico dos militares, que há muito deveriam levar uns cascudos, por falta de vergonha.

Breve, estaremos acuados como animais. É bom fugir para o campo ou fingir-se de índio e acoitar-se numa reserva indígena (pois ela poderá se transformar em uma “Nação”, bem melhor do que a nossa).

Pelo andor dos acontecimentos, é fácil prever que logo, hordas de estudantes de todos os níveis (culturais?) estarão à nossa cata. Caras pintadas, bradando palavras de ordem, farão inveja aos Guardas Vermelhos do “cumpanhero” Mao.

Ontem, a metamorfose ambulante, alimentando o revanchismo, na moita, procura reabrir feridas, e diante de uma platéia da União Nacional dos Estudantes (UNE), no ato de assinatura de convênio que permitirá reconstruir a sede histórica da entidade, no Rio, destruída ao tempo da ditadura, citou Tiradentes, como o último herói nacional, esquecendo, propositadamente, Caxias e tantos outros.

Sindicatos e seus afiliados ocuparão seus lares (terrorista não tem lar , quando muito, um sujo covil), depredarão seus bens ou se apossarão deles.

Precavido e prevenido, na minha janela, há algum tempo, tremula a bandeira do PT. Quando não venta, eu e minha família nos revezamos na tarefa de tremular ao vento, graciosamente, o nosso novo vermelho pendão.

Não sei se adianta, pois, infelizmente, ainda recebo correspondências que denunciam a minha antiga e malfadada profissão. Já avisei ao porteiro de que elas não são minhas.

Procurei mudar de hábitos: chego atrasado aos meus compromissos, quando vou; cuspo no chão, atraso no pagamento das contas, não leio jornais, nem notícias que deponham contra o governo. Não cultivo nada, além da minha paixão, que é torcer pelo “curíntias” e acompanhar os pronunciamentos do “nosso guia” para tentar aumentar minha escassa bagagem cultural.

Sou ou fiquei grosseiro, jogo lixo no chão e cigarro aceso nas macegas. Procuro, enfim, misturar-me com a multidão. Boçalizando, entrei no universo da negação total. Nego valores, nego patriotismo, nego amor à pátria que eu não sou tatu. Nego e renego o meu passado. Espero que sirva de atenuante na hora do juízo. Acredito na Petrobras, na estatização da Vale do Rio Doce, da Siderúrgica Nacional e de tantas estatizações quanto possível, consciente de que só com o predomínio do Estado e com a moral do proletariado chegaremos às alturas. Abomino a meritocracia.

Telefone, não atendo a não ser da minha família, graças a um intrincado sistema de senhas e macetes, que adotamos para evitar qualquer grampo da Policia Federal, novel Gestapo empenhada na nobre missão de vigiar os inimigos do estado.

Cortei a assinatura da Inconfidência, sai do TERNUMA, nunca ouvi falar em Grupo Guararapes, Liga de Defesa Nacional, Andec, Tribuna e outras entidades que, maldosamente, teimam em opor-se ao inevitável.

Cancelei a internet. Agora posso acompanhar com total dedicação as novelas da Globo.

Sou favorável às imensas áreas indígenas e reservas florestais, pois um índio vale muito mais do que um bando de brancos ignorantes e usurpadores dos pobres silvícolas. Simpatizo com as FARC.

Hoje, preparo - me para ser um não-branco. Como minha avó era negra, creio que estou com um pé na comunidade quilombola. Penso, seriamente, em adotar um índio. Pelos impostos que pago com certeza já adotei a família do “Severino” há muito tempo. Só falta publicar o fato oficialmente no Diário Oficial, oficiosa já é.

Quando o presidente fala no seu programa de rádio às segundas feiras, levanto ao máximo o volume para que os vizinhos percebam que sou mais um deles.

Não canto mais o Hino Nacional. Qualquer música do Gil ou do Cae pega melhor. Levantar, nem pensar.

Não bebo. Ando de bicicleta para não ser multado, nem agüento mais dar esmola para flanelinha em qualquer lugar que eu estacione seja dia ou mesmo qualquer hora da noite. Eles são perenes. Aos sábados, domingos ou feriados, lá estão eles. Egoísta, fruto de um empedernido capitalismo que ainda me consome, nego - me a completar sua bolsa-família e assemelhadas. Para compensar, já comprei o kit do MST, boné, bandeirinha e foice para degolar a cabeça dos capitalistas e simpatizantes.

Estou muito quietinho no meu canto. Assim, não sou assaltado. Assustado, procuro respirar baixinho. Sem perturbar ninguém.

Para piorar, ultimamente, tenho um medo incontrolável de guarda de trânsito, de policia rodoviário,... na verdade, de qualquer tipo de “poliça”, ainda mais agora, que eles foram designados como guardiões da moralidade nacional. Borro-me diante de um militar da Força Nacional de Segurança.

Arrependo–me, quando, boçalmente, apregoava minha situação de militar do EB. Tolo, assumo o “mea-culpa”. Como eu poderia imaginar que desceríamos a tanto.

Recentemente, passei a economizar o dízimo do Partidão, ao qual me filiarei no mais curto prazo.

Antes que alguém pergunte como atingi tal estado de insustentável leveza do ar, explico. É inútil resistir. O estupro é inevitável (e hoje, creio que a ex-Ministra do Turismo tinha razão ao se dirigir aos maltratados passageiros dos aeroportos).

Meus comandantes acreditam em Papai Noel, por que eu não? Eles não querem polemizar. Quem sou eu para...

Enquanto, eles aguardam que o “molusco-guia” de um “basta” na perseguição do Tarso e caterva, a Presidência financia o tremendo Seminário internacional "Direito à Memória e à Verdade" que será aberto pelo ministro Paulo Vanucci, da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, cujo maior atrativo será o nefasto juiz espanhol Baltasar Garzón. Dá para combater?

Para piorar, se é possível, numa cabal demonstração de que o Tarso estava coberto de razões nas suas imprecações, um seleto número de magistrados, advogados, juízes, procuradores e assemelhados, recolhem assinaturas que endossarão, legalmente, o linchamento dos militares.

É a chamada pressão da sociedade conivente, em conluio com a imprensa revanchista e raivosa. Esta, nem o molusco resiste.

O duro não é tropeçar e cair. O trágico é ser incapaz de reagir ou levantar.

Meus superiores, pares e subordinados, minhas envergonhadas condolências.

Brasília, DF, 14 de agosto de 2008


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