Por Raphael Bruno, 22 de julho de 2008
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Dirigentes de entidades vinculadas ao agronegócio questionam ataques a empresas
BRASÍLIA
Representantes do agronegócio afirmaram que a nova estratégia do MST de promover atos contra grandes empresas do setor apenas escancara uma linha política que sempre existiu no movimento. Ontem, ativistas da organização ocuparam a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em sete Estados, reivindicando mais agilidade na desapropriação de terras para assentamentos e mais apoio dos governos federal e estaduais para melhorar as condições de produção.
– A estratégia do MST sempre foi uma só – dispara o presidente da União Democrática Ruralista, Luiz Nabhan. – Travar uma luta político-ideológica cujo objetivo é transformar o país num regime socialista arcaico. Nunca qualificamos o MST como movimento social.
Reportagem publicada ontem pelo JB mostrou como nos últimos anos a organização vem cada vez mais ampliando suas críticas, deixando de lado a questão do latifúndio improdutivo e passando a desafiar o modelo de agronegócio como um todo, promovendo ocupações e protestos mesmo contra empresas consideradas altamente produtivas. Para Nabhan, a nova linha de atuação do MST o coloca a um passo de se tornar uma espécie de Farc brasileira
– É hora do governo criar coragem e colocar um fim nisso. As autoridades são muito coniventes.
O presidente da UDR diz que o empresariado agrícola tenta se proteger das ações do MST promovendo o que ele chama de "cerco jurídico". Trata-se de não deixar nenhum movimento do grupo passar despercebido pela Justiça. A idéia é a cada passo do MST apresentar uma resposta, desde boletins de ocorrência até ações civis públicas, passando por pedidos de indenização e responsabilização criminal.
Justiça lenta
O ruralista reclama, contudo, da morosidade da Justiça.
– Não conheço nenhuma ação contra o movimento que esteja transitada em julgado – protesta.
De acordo com Nabhan, as críticas do MST de que o governo federal priorizaria excessivamente o modelo do agronegócio exportador não se justificam.
– Nós respondemos com superávit comercial e geração de empregos.
Presidente da Comissão de Assuntos Fundiários da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Leôncio Brito tem diagnóstico semelhante.
– O MST nunca se preocupou em defender a sociedade brasileira, nunca mostrou qual é a produtividade dos assentamentos – critica.
Para o dirigente da CNA, os ataques da entidade ao agronegócio são contraditórios
– Quem acabou com o latifúndio nesse país foi o agronegócio, dominando tecnologias novas e aprimorando a competitividade do setor.
Ontem, o MST retomou a ênfase nas exigências de reforma agrária. As superintendências regionais do Incra em São Paulo, Bahia, Goiás, Paraíba, Ceará, Alagoas e Maranhão foram ocupadas como parte da Jornada de Lutas por Reforma Agrária.
Nota
Segundo nota divulgada pelo MST, as manifestações, além de protestarem contra a "criminalização" dos movimentos sociais, tiveram como estímulo o Dia do Trabalhador Rural, comemorado no próximo dia 25 e visavam denunciar "a lentidão no processo de criação de assentamentos, as promessas não cumpridas e a prioridade do governo ao modelo do agronegócio".
– A reforma agrária está parada em todo o país. Exigimos o assentamento das famílias acampadas e um programa de agroindústrias para nossas áreas – comentou José Batista de Oliveira, da coordenação nacional do movimento.
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