Opinião – O Globo
Uma das inúmeras virtudes da democracia é permitir a observação de como os diversos agentes políticos se movimentam na sociedade. Não há projeto de poder dissimulado, plano oculto, que resista à exposição existente nas livres disputas democráticas. Mais cedo ou mais tarde cai a máscara da organização política que pretenda enganar a opinião pública.
Um caso exemplar é o MST, surgido no Sul do país de uma aliança entre a Teologia da Libertação, fração da Igreja, e segmentos da esquerda radical. Um produto, enfim, dos laboratórios de ideologias das décadas de 60 e 70, quando se tentou misturar Marx e Cristo.
O MST alçou a antiga bandeira da reforma agrária, simpática a boa parte da população, até ficar evidente que o verdadeiro projeto do movimento é antidemocrático, autoritário. Só pela força o projeto de país dos sem-terra seria executado. O próprio avanço da agricultura moderna, no qual "latifúndio improdutivo" é termo que caiu em desuso, ajudou a desmontar o ardil dessa organização política, que se apresentava como defensora de agricultores oprimidos pelo "grande capital".
O vandalismo, tendo como alvo grandes e modernas empresas, o recrutamento de lumpens, na ausência dos "agricultores oprimidos" - já absorvidos pela grande empresa agrícola ou levados pelas migrações a médias e grandes cidades -, para operações de cunho terrorista, revelaram por inteiro o que são o MST e satélites (Movimento dos Atingidos por Barragens e Via Campesina, esta uma organização multinacional).
Pesquisa realizada pelo Ibope nas regiões metropolitanas, sob encomenda da Vale - uma das vítimas da organização - , demonstra a perda de sustentação política do MST na população urbana: 45% associam a sigla à violência; 60% acham que o movimento e aliados se aproximam da criminalidade, e 69% consideram que esses grupos mais manipulam e geram conflitos do que organizam e conscientizam. A prova da mudança de rumo do MST está na redução no número de ocupações e acampamentos, substituídos cada vez mais por ataques ao agronegócio (destruição de laboratórios agrícolas) e empresas internacionalizadas (obstrução de ferrovias da Vale).
Já passou da hora de o poder público defender o estado de direito democrático do avanço do MST. Nesse sentido, merece apoio a decisão do Conselho Superior do Ministério Público do Rio Grande do Sul de promover uma ação pública contra o movimento. Não era sem tempo.
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