Por ARLINDO MONTENEGRO para o Cavaleiro do Templo em 07 de maio de 2008
Os Estados Unidos vão eleger um novo Presidente. O evento parece ter relevância menor na atualidade. Os países do mundo já não têm mais nenhum líder com autoridade moral. Não sentem mais necessidade de alinhar-se sob a proteção de qualquer império.
Alguns aspectos culturais, ideologias e crenças, são utilizados com freqüência cada vez maior, como ferramentas do poder: para justificar totalitarismos, conquistas territoriais, matança tanto quanto para influenciar comportamentos humanos. Os grupos de poder promovem e manipulam a luta de classes sociais e preconceitos diversos.
Na situação de bons colonizados, podemos observar o que ocorre na União Européia: a dupla cidadania e o livre trânsito, a migração e a falta de empregos, criam pontos de tensão e estabelecem regras de direito internacional que atingem outros continentes. A Inglaterra, cuja influência tem peso de ouro nas decisões daquele continente comunitario, pra não dizer do mundo que, antes da globalização da economia, se costumava chamar de ocidental e até de cristão. Na ilha da rainha o trabalhismo perde terreno.
Os americanos saíram do Vietnã, o feminismo e os panteras negras que lutavam por mais direitos civis se dispersaram sem maiores divergências. Os hippies que esperavam salvar o mundo através das drogas e comportamentos sexuais que apelidaram de “amor livre”, derivaram para outras experiências e atualmente se dedicam ao onguismo internacional. O país que era exemplar e líder virou alvo do terrorismo e consome quinquilharias produzidas na China, antes inimiga numero 1.
O declínio da influencia e liderança exclusiva dividida entre os EUA, conhecidos como defensores do capitalismo (sistema econômico que só viceja em ambientes democráticos de direito) e a detonada União Soviética, defensora do socialismo marxista, (sistema econômico que brotou no ambiente da ditadura de estado totalitário e militarizado) e inaugurou o caminho europeu da terceira via: uma experiência que unia alhos com bugalhos a que apelidaram liberalismo esquerdista.
Os carinhas ingleses, americanos, holandeses e outros, que decidem o que fazer com mundo e seus habitantes, estão que nem barata tonta, sem saber que discurso, que arranjos, que novas mentiras e mágicas utilizar para dar resposta aos gritos da globalização: queremos os direitos que vocês nos têm negado! Direito à vida: estudar, morar, comer, opinar, namorar, procriar, agradecer a Deus do jeito que o concebo e até trabalhar ou vagabundar.
Nos países do hemisfério sul como em alguns países da Ásia com organização social e econômica deficiente e em diversos estágios de civilização, as ditaduras, as ideologias e as crenças liberais importadas da Europa mobilizam cada vez menos adeptos para a morte. Onde se experimenta uma liberdade relativa, a gente sobrevive alheia aos macro movimentos da usura nas negociatas globalizadas.
A maioria se ocupa da sobrevivência, com parca educação, com pouca informação.
As ex potências mundiais circulam pelo planeta buscando mão de obra barata, fontes de abastecimento de matérias primas e alimentos e trabalham para colocar ordem em seus próprios territórios. Mantêm suas posições a peso de ouro nos organismos internacionais, sem que nenhum tenha apresentado uma orientação firme para lidar com as conexões entre os povos e suas necessidades: desde os que ainda vivem nas cavernas até os que lidam com alta tecnologia. Todos continuam acenando com o velho discurso multilateral das utopias distantes da realidade.
As soluções oferecidas pelo FMI, OMC, OTAN, Bancos e Bolsas, Banco Mundial, originárias de Washington, Londres ou Paris, estão longe de satisfazer as necessidades crescentes e exigências dos novos blocos de influência regional que se fortalecem na Ásia, na África, nas Américas. São indicadas para um mundo que não acredita mais na boa vontade dos poderosos, para países cujos políticos não tem vontade nem poder de realizá-las. Um mundo que se mobiliza para criar o Fundos Monetários, Bancos de Fomento e Exércitos dissuasórios locais.
As pessoas lidam com múltiplas exigências evidenciadas pelas perdas de autoridade da família, instituições e pessoas notáveis. O que era aceito como crença incontestável – autoridade paterna, união da família, número de filhos, dependência da mulher – é contestado. O consumismo globalizado estimula derivativos que destroçam a estrutura emocional tradicional.
Na Europa sente-se o declínio do liberalismo esquerdista. Até entre os jovens observam-se tendências ao conservadorismo. E os grupos ditos de direita na política parecem fortalecer-se a cada dia. Alguns valores tradicionais parecem emergir porque a “revolução da educação” dos governantes de esquerda não surtiu o efeito desejado e o desemprego da população jovem já chega a quase 20%, enquanto outros 20% não conseguem ficar na escola até concluir o 2do. Grau.
Em nosso continente, disputado por todas as influências dos poderosos do hemisfério Norte, continuamos, como bons colonizados, convivendo, abestalhados, com as oligarquias ultrapassadas que se autodenominam de esquerda ou direita. Continuamos como papagaios, repetindo teses e termos sem saber o que significam. Atitudes que mantêm as amarras da ignorância e preconceitos.
Convivemos com autocracia violenta e grotesca do Hugo Chavez e seus seguidores dependentes do petróleo. Convivemos com as guerrilhas da Colômbia e seus amigos narcotraficantes espalhando terror nas metrópoles. Convivemos com frágeis reformas de esquerda, direita, centro ou posição nenhuma, que tentam usar a globalização e débeis mecanismos democráticos para alimentar o discurso de superação das desigualdades.
Se o Brasil, sob qualquer partido no governo, assumisse posições claras sobre as deficiências e entraves da política continental; se adotasse com força a defesa do território; se mandasse as Farc, Chavez e seus confusos seguidores catar coquinhos (com bom humor!); se pudesse controlar as ongs; se mandasse às favas (ou pra cadeia) os corruptos em todos os níveis; se investisse em educação e implantação de tecnologias baratas (existentes e engavetadas) em todos os setores da produção; se os governantes fossem afetados por um surto de honestidade; se engavetassem a burocracia e os excessivos controles que gravam a produção e investimentos produtivos; se abrissem mão do paternalismo; se... se... se mostrasse a cara mais competente – certamente a democracia seria fortalecida.
Chavez está bem armado, mas já não conta com a aprovação e lealdade incondicional dos ingênuos que o elegeram. Cuba está copiando os chineses e vietnamitas a contragosto de Chavez. A globalização da economia, os movimentos da China e da Rússia, os novos blocos de influência setorizados, mudam a face do planeta. Quem continuar na espera paternalista neste continente, vai perder a esperança. Pior, vai contribuir para índices crescentes de violência.
EUA, Inglaterra, Rússia e China, ocuparão o cume dos poderosos por muito tempo e não existe nenhum rival à vista para desafiar o controle da economia global. A Europa vai estar ocupada em re-arrumar-se. Nós vamos persistir repetindo erros históricos sem poder influir nos modelos globais de comércio. O fundamentalismo do Oriente e os israelenses vão continuar defendendo suas crenças. Os comerciantes de armas e drogas pelo mundo afora vão multiplicar seus lucros.
Quem vai acreditar em liderança moral? Quem vai acreditar na boa vontade dos que concentram a economia e distribuem a esmola? Quem vai desafiar o poder da Inglaterra e seus banqueiros associados agindo em todo o planeta?
Os banqueiros e empresários onde quer que seja, buscam maiores lucros. Ideologias, estados nacionais, misticismos, xenofobia, preconceitos, luta de classes, ignorância, guerras, ajudam mas criam instabilidades que reduzem os lucros. Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. Competência e fé em Deus, fazem bem.
Arlindo Montenegro é apicultor.
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