Do portal DIÁRIO DO COMÉRCIO
Escrito por Alejandro Peña Esclusa em 08 de março de 2008
Em comunicado divulgado no dia 2 de março, o secretário do Estado Maior das Farc nomeou Joaquín Gómez como sucessor de Raúl Reyes. Mas Gómez não tem nem liderança, nem experiência política, nem relacionamentos internacionais requeridos para cumprir adequadamente o cargo. O único homem capaz de substituir eficientemente a Raúl Reyes – o número dois do grupo narcoguerrilheiro – e reconstruir a capacidade de operação das Farc é Hugo Chávez.
Desde que Reyes foi morto, Chávez, e não Gómez, se converteu na principal voz de defesa dos interesses das Farc, porém com um agravante: está usando o poder do Estado venezuelano a serviço da organização criminosa. Considerando que Chávez goza de imunidade e controla as instituições do Estado, ele pode se dar ao luxo de atuar criminosamente sem sofrer nenhum tipo de sanção. Esta condição lhe permite ser cem vezes mais eficaz do que Joaquín Gómez.
Surge daí uma pergunta: Como é possível que um aliado das Farc tenha chegado à presidência da Venezuela? A resposta é esta: os membros do Foro de São Paulo – organização à qual pertencem Hugo Chávez, Rafael Correa, Evo Morales, Daniel Ortega e as Farc – detectaram há alguns anos uma vulnerabilidade de um sistema democrático e aproveitaram para conquistá-lo, depois de terem fracassado por meio das armas.
A democracia permite a participação de todo tipo de candidato, sem importar suas tendências políticas, o que incluí seu passado delituoso (Chávez liderou um golpe de Estado). Basta que o sistema de valores se deteriore e os partidos tradicionais fracassem, como de resto ocorreu, para que qualquer criminoso, investido de uma candidatura, lance campanha cheia de falsas promessas e chegue ao poder.
Uma vez na presidência, os membros do Foro de São Paulo destróem o sistema democrático por dentro, utilizando para isso as instituições do Estado (no caso venezuelano, se usou a figura de uma Assembléia Constituinte). Desta forma, seqüestram os Poderes Públicos, destróem os mecanismos de controle, reprimem os meios de comunicação e perseguem dissidentes.
Em outras palavras: a democracia é forte se for atacada de fora, seja através de um movimento subversivo (Farcs), golpe de Estado (Chávez), invasão estrangeira (Che Guevara), mas é débil e vulnerável quando é atacada por dentro. O ataque, neste caso, se assemelha a um vírus de imunodeficiência, que destrói a capacidade de defesa da democracia.
É urgente encontrarmos uma solução para este grave problema, sem dúvida a pior ameaça que enfrenta a democracia da região.
Alejandro Peña Esclusa é presidente da organização Fuerza Solidaria
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