Do portal do ESTADÃO
Demétrio Magnoli no domingo, 23 de março de 2008
O senador Aloizio Mercadante pediu uma condenação política das Farc. O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, em entrevista ao Aliás, repudiou os seqüestros e a violência das Farc, mas eximiu-se de condenar a guerrilha degenerada colombiana (C.T. - o motivo vocês já sabem, cliquem aqui e aqui para reler). O assessor presidencial Marco Aurélio Garcia, quando participava da comissão encarregada de receber os reféns, sugeriu que o Brasil é “neutro” diante do conflito interno na Colômbia. O PT emitiu uma nota sobre o ataque à base de Raúl Reyes no Equador que não menciona as Farc, mas, reproduzindo a linguagem da sua propaganda, acusa o governo colombiano de “matar o negociador”.
Lula, o PT e as Farc estão ligados por uma rede política que é o Foro de São Paulo. Essas divergências, que vieram à luz no rastro da crise triangular Colômbia-Venezuela-Equador, traduzem a tensão dilacerante que pulsa nas esquerdas latino-americanas. É um exercício de futilidade interpretá-las como jogo de cena.
Datas têm significado. O Foro de São Paulo nasceu em 1990, articulado por Lula e Fidel Castro, como instrumento de reposicionamentos estratégicos no pós-Guerra Fria. Para o ditador cubano, a rede latino-americana de organizações de esquerda devia funcionar como uma trincheira de defesa de seu regime no ciclo ameaçador aberto pelo colapso da URSS. Para o líder petista e eterno aspirante à presidência, ela representaria uma moldura de projeção de sua influência regional e uma alternativa a sua incorporação subordinada no espaço político eurocêntrico da Internacional Socialista.
O Foro abriga 75 organizações, entre as quais alguns partidos que ocupam posições destacadas no mapa político de seus países, como o PT, a Frente Sandinista nicaragüense, a Frente Ampla uruguaia, o PS chileno, o MAS boliviano, o PRD mexicano e o PSUV de Hugo Chávez. As Farc participaram da fundação da rede. O deputado José Eduardo Cardozo, atual secretário-geral do PT, mentiu aos espectadores do programa Roda Viva, da TV Cultura, de 10 de março, ao afirmar que as Farc não fazem parte do Foro. A mentira, porém, cumpre o desígnio político de veicular um desejo: as Farc nunca foram excluídas do Foro, mas não receberam convite para seus encontros recentes.
Castro e Lula sempre deram as cartas no Foro. Os dois líderes, separados pelas histórias dissonantes de Cuba e do Brasil, partilhavam a perspectiva comum de redirecionar as organizações de esquerda da América Latina para o jogo político-eleitoral. O melancólico fracasso do governo sandinista na Nicarágua e a renúncia às armas da guerrilha da FMLN em El Salvador, entre 1989 e 1991, foram interpretados como marcos do esgotamento da estratégia insurrecional. Sob o influxo do Foro, as Farc foram empurradas para a mesa de negociações estabelecida pelo presidente colombiano Andrés Pastrana, em 1998, mas explodiram as pontes quatro anos mais tarde.
Numa saudação ao Encontro do Foro de 2005, em São Paulo, Lula fez a apologia da estratégia da adesão ao jogo político-eleitoral, mencionando seu próprio sucesso, mas, também, as vitórias de Hugo Chávez e da Frente Ampla uruguaia: “... para nossa felicidade, muitos companheiros que eram militantes de esquerda na década de 80 estão se transformando em governo. Então, nós passamos a ter uma relação privilegiada com presidentes e com ministros que eram militantes, conosco, do Foro de São Paulo, tentando encontrar uma saída democrática para a esquerda na América Latina”. Por decisão do Planalto, as Farc não receberam convite para aquele Encontro - e protestaram em termos duros, numa carta dirigida ao PT.
O Foro de São Paulo não é uma internacional comunista, mas um campo de forças que interliga, por meio de um continuum de mediações e tensões, o presidente do Brasil a Manuel Marulanda, o Tirofijo, chefão das Farc. Numa nota sobre a preparação do 14º Encontro do Foro, em maio, o PT oferece uma lista das organizações da rede. A relação omite as Farc, mas inclui o Partido Comunista Colombiano, que é o braço legal do agrupamento armado. A ambivalência exprime uma encruzilhada estratégica: o que fazer com os companheiros incorrigíveis que convertem a política numa litania de seqüestros e torturas nas selvas da Colômbia?
Leia abaixo o complemento da matéria acima copiado do blog ALERTA TOTAL
A empresária Ana Prudente observou que o autor apenas não estabeleceu a conexão entre o Foro e o “Diálogo Interamericano” – cujos detalhes estão no livro "O COMPLÔ para aniquilar as Forças Armadas e as nações da Ibero-América".
O que o DI pratica?
Entre os "itens estratégicos" do Diálogo Interamericano para enfraquecer a soberania dos paises sul-americanos estavam:
1 - Desestruturização das Forças Armadas começando por fomentar denúncias prejudiciais ao catolicismo, já que militares históricamente sempre foram muito católicas.
2 - Fomentação do tráfico de armas e drogas.
3 - Controle dos meios de comunicação e judiciário.
4 - Desarmamento da população civil.
5 - Fronteiras sem controle rígido.
6 - Incentivo a divisões racistas, classistas etc...
7 - E muitos outros itens, tudo o que já está praticamente implantado hoje não só no Brasil mas também em muitos países vizinhos.
Recordar é...
Ana Prudente lembra que, em 1982, aconteceu a primeira reunião de representantes de países da América Latina para o "lançamento" do Diálogo InterAmericano (DI) - de iniciatica dos "democratas" norte-americanos, para transformar as Américas num bloco único.
Em 1986, FHC voltou lá como Senador, acompanhado de seu futuro chanceler Celso Lafer, quando o DI foi oficializado.
Em 1990 Lula, em nome do PT, funda o Foro de São Paulo, agregando quase 150 partidos e facções comunistas.
Em 1992 (pasmem) Lula se filia ao Diálogo Interamericano, a convite de FHC, enquanto se apresentavam internamente como rivais na política.
Em janeiro de 2002 Lula em campanha pede baixa no DI, pois sabia que tinha grandes possibilidades de emplacar a presidência do nosso País.
Durante 10 anos portanto, o DI e o FSP trabalharam em concomitância, já que o FSP foi criado (4 anos após a fundação do DI) para atender as necessidades de implementação dos itens apresentados pelo DI em 1986.
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