Do site METSUL METEOROLOGIA
Porto Alegre, 07.03.2008
Comentário do Cavaleiro do Templo: a dica deste post veio do super blog do meu muito mais do que amigo Tarzan, o LOST IN THE E-JUNGLE.
Em recente artigo, o professor Robert E. Davis, catedrático de Ciências Ambientais na Universidade de Virgínia nos Estados Unidos, faz uma série de análises sobre o clima no planeta.
Conforme Davis, "à luz da recente histeria sobre aquecimento global, é interessante de vez em quando colocar as recentes alterações no clima sob uma pesperctiva mais ampla. Ficamos ouvindo sobre anos quentes, séculos quentes, secas devastadoras e históricas, fenômenos atribuídos à busca pela humanidade de melhor qualidade de vida". Acrescenta que "tragicamente, na maioria dos casos, temos poucos registros históricos de valor para determinar se realmente um recorde ou extremo foi batido", observa.
O professor norte-americano baseia a sua análise na PDO, sigla em inglês para Oscilação Decadal do Pacífico.
O Diretor-Geral da MetSul Meteorologia, Eugenio Hackbart, observa que a PDO é um padrão de temperatura da superfície do mar no Pacífico com variabilidade mais longa que os episódios de El Niño e La Niña (ENSO) com escalas temporais médias de 20 a 30 anos. Hackbart explica que o clima do planeta é cíclico, estando em permanente evolução. Há os ciclos curtos de anos como o El Niño e La Niña, os médios de décadas como a PDO e os muito longos de séculos provocados pela atividade solar.
A MetSul Meteorologia ressalta que o El Niño caracteriza-se por águas superficiais mais quentes que a média no Pacífico Equatorial enquanto o La Niña por águas mais frias que a normal histórica. O Niño traz chuva e temperatura acimas da média para o sul do Brasil e seca no Nordeste. Já o La Niña está associado a secas e anos mais frios no sul e chuva acima do normal no Nordeste. Por sua vez, a PDO (Oscilação Decadal do Pacífico) caracteriza-se por uma tendência do comportamento da temperatura das águas do Pacífico a cada 20, 30 anos. Está assim representado:
PDO Positiva => tendência de maior número de episódios de El Niños e mais intensos. Menor número de La Niñas e que são menos intensos.
PDO Negativa => maior número de episódios de La Niña que tendem a ser mais intensos. Menor frequência de El Niños que tendem a ser curtos e rápidos.
De acordo com Eugenio Hackbart, analisando-se o gráfico da PDO claramente se observa a tendência da temperatura do Oceano Pacífico (maior oceano da Terra e que influencia o clima no mundo inteiro) mudar de fase (inverter a tendência) a cada 20 ou 30 anos. Nos anos 40 estávamos sob PDO positiva (maior número de El Niños e mais intensos). De 50 a 76 vivemos sob PDO negativa, quando houve vários La Niñas e fortes, o que resultou em invernos muito rigorosos ou eventos extremos de frio no centro/sul do Brasil como os de 55, 65 e 75. Já nos anos 80 e 90 estivemos sob a PDO positiva novamente, quando ocorreram justamente os dois El Niños mais fortes do século passado (1983 e 1997/1998). Considerando o Rio Grande do Sul, a história climática do nosso estado mostra que eventos ainda mais devastadores do que a seca de 2005 e o tornado de Águas Claras de 2000 foram registrados no passado:
1819 - Seca dura quase o ano inteiro no Rio Grande do Sul.
Final do século 19 - Nevascas atingem o Rio Grande do Sul e trazem até meio metro de neve para a região de Bagé e 20 centímetros para os morros de Porto Alegre.
1941 - Enchente catastrófica no Rio Grande do Sul. Em um mês chove 600 milímetros em Porto Alegre e mil milímetros no centro do estado.
1943/1955 - Gravíssima seca afeta o Rio Grande do Sul.
1955 - Nevasca no Rio Grande do Sul
1957 - Forte nevasca no Rio Grande do Sul. Em São Joaquim (SC) cidade fica isolada por pelos dois metros de neve em algumas áreas.
1963/1965 - Grave estiagem castiga o estado.
1965 - Nevasca no RS e SC
1974 - Enchente mata centenas no sul de SC e região de Torres.
1975 - Fortíssima onda de frio traz nevasca e geada excpecional para o sul do Brasil.
1983/1984 - Graves enchentes afetam o sul do Brasil.
1984 - Neva em Porto Alegre e em grande parte do Rio Grande do Sul
1985 - Temperatura alcança quase 43 graus na Grande Porto Alegre, recorde até hoje.
1994 - Neva em Porto Alegre e metade do Rio Grande do Sul.
1997/1998 - Graves enchentes voltam a afetar o sul do Brasil
2000 - Onda de frio traz temperaturas mais baixas em quase meio século para o sul do Brasil.
2000 - Série de tornados arrasa áreas inteiras entre a zona sul de Porto Alegre e o litoral norte gaúcho.
2004 - Furacão atinge as costas do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Estiagem afeta o estado de janeiro a abril.
2005 - Seca severa castiga o Rio Grande do sul no começo do ano.
Nesse sentido, a MetSul Meteorologia recorda trecho de artigo de Gilberto Cunha (Embrapa Trigo de Passo Fundo) com interessantes análises sob a "ilusão" dos extremos recentes:
"Há vários tipos de saudosismo. Um deles é o meteorológico. Quem nunca ouviu expressões desse tipo: Ah, no meu tempo o clima era mais regular e não havia seca assim em Passo Fundo, jamais choveu desse jeito em outubro, calor desse tipo em agosto, não me lembro de ter vivido, ventania como a de ontem, nunca aconteceu' e tantas outras do gênero. (...) Final de verão e outono seco, em particular março e abril, e primavera chuvosa, especificamente outubro e novembro, foram os principais destaques climáticos no Rio Grande do Sul, em 1997. E foram tão convincentes que suscitam dúvidas se algo parecido já havia ocorrido antes. Os saudosistas meteorológicos, evidentemente, nunca viram nada igual, pois, no seu tempo, o clima não era assim. Para não morrer com essa dúvida, o jeito é conferir. (...) Tampouco, março e outubro de 1997, com seus 33,2 e 550,4 mm de chuva, foram os meses mais seco e mais chuvoso, respectivamente, da história de Passo Fundo, como chegaram a cogitar algumas pessoas. Há registro de que no mês de janeiro de 1933 choveu apenas um dia e o total de chuvas no mês inteiro foi de 0,9 mm. Deve ter sido uma seca terrível, na época, pois no mês de fevereiros desse mesmo ano houve apenas quatro dias com chuva, totalizando no final do período 27,5 mm de água. Por outro lado, nunca houve tanta chuva em Passo Fundo como no distante mês de junho de 1916, quando em 16 dias com chuva foram registrados 853,8 mm. E olhe que esses extremos do nosso clima ocorreram em uma época que não havia Itaipu, não se falava em buraco na camada de ozônio e nem em efeito estufa e, com certeza, havia muita floresta em toda essa região do Planalto Médio do Rio Grande do Sul. Isso serve para mostrar que o nosso clima possui uma variabilidade climática natural que vai além das mudanças causadas pelo homem no nosso território nesse final de século".
Muitos especialistas consideram as grandes variações climáticas do planeta como resultado do sol. O meteorologista Eugenio Hackbart disse não ter dúvida sobre a influência dos ciclos solares de 11 anos (sunspot cycles) e da atividade solar mais prolongada sobre a temperatura média do planeta e o regime de comportamento de temperatura dos oceanos. O coordenador da MetSul Meteorologia recorda que há aproximadamente mil anos a Terra teria vivido um período tão quente como agora. Hackbart ressalta a enorme semelhança entre a evolução da temperatura do planeta e o nível de atividade solar, destacando que a chamada "Pequena Era do Gelo" entre os anos 1600 e 1800 justamente esteve associada à menor atividade do sol e que o aquecimento notado no século XX esteve acompanhado do aumento da atividade solar. O coordenador da MetSul destaca ainda o fato de alguns dos invernos mais rigorosos nos últimos cem anos no Rio Grande do Sul (ver na matéria original) terem sido registrados justamente ao redor do período de mínima solar do ciclo de 11 anos. Hackbart pondera, entretanto, não ser possível desprezar a influência do homem no clima mas que tal impacto não deve ser levado aos extremos sem a consideração de outras variáveis. "Nas cidades é obvio que faz menos frio que antigamente devido à urbanização e as ilhas de calor dos dias atuais", aponta.
Mas há novidades muito recentes sobre a PDO e a evolução do clima no planeta nos últimos mil anos.
Novas análises dos pesquisadores Glen MacDonald e Roslyn Case da Universidade da Califórnia (UCLA), utilizando anéis de crecimento das árvores na California e região de Alberta, permitiram reconstruir a PDO desde 993 D.C.
Conforme o professor Davis da Universidade da Virgínia, a descoberta tem duas importantes implicações na compreensão do clima contemporâneo. Primeiro, pela PDO não há evidências de aquecimento global. Segundo, a oscilação do Pacífico não se fez presente nos séculos 13, 17 e 18. De posse da reconstrução da PDO dos últimos mil anos, os pesquisadores conseguiram entender os motivos para secas históricas que afetaram os Estados Unidos há centenas de anos atrás.
De acordo com o meteorologista da MetSul Eugenio Hackbart, se fôssemos levar em conta tão-somente a PDO seria possível sugerir que nos próximos anos a tendência é sofrermos mais com secas do que com enchentes no Rio Grande do Sul e que os invernos rigorosos não serão algo do passado.
"Nada é definitivo. Existe ainda muita controvérsia. Por isso gosto muito de uma frase que diz que o tempo é um drama em eterna representação, do qual somos o auditório fascinado", conclui Hackbart.
Comentário do Cavaleiro do Templo: mais matérias sobre a farsa do Sr. Al Gore (qual seja a AFIRMAÇÃO de que é o homem (nascido na América do Norte, mas especificamente nos EEUU) o culpado de um tal de aquecimento global inexistente) aqui, aqui e aqui. Delírios com o deste POLÍTICO (que não é cientista coisa nenhuma, mas faz uma força danada para parecer entendido no que diz) levam a outros ainda mais idiotas como este abaixo:
Sheryl Crow propõe limite no uso de papel higiênico
Do portal BBC BRASIL
Crow propõe uso de um quadrado de papel por ida ao banheiro
A cantora americana Sheryl Crow disse que o uso de papel higiênico em grandes quantidades deveria ser proibido para proteger o meio ambiente.
...
"Passei a maior parte da turnê procurando formas fáceis de nos tornarmos parte da solução para o aquecimento global", disse Crow.
C.T - e achou uma forma inteligente de "se tornar parte da solução para o aquecimento global". Olhem o resultado:
...
Ela criou uma linha de roupas com uma espécie de "manga-guardanapo". A manga pode ser destacada e substituída com outra após ser usada para limpar a boca (C.T. - e depois lava a manga suja gastando água potável que poderia ser enviada para lugares onde ela não existe ou joga fora contribuindo para a poluição do planeta? Não sei e confesso que não vou procurar saber esta resposta.)
Íntegra aqui.
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