Do portal MÍDIA SEM MÁSCARA
por Ipojuca Pontes em 10 de dezembro de 2007
Resumo: Tendo em vista a exaustão de certos métodos do marxismo-leninismo, os integrantes do Foro de São Paulo partiram para a estratégica liquidação da democracia a partir dos próprios instrumentos oferecidos de bandeja pelo sistema democrático: voto e liberdade de ação política.
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Não encontra o menor respaldo a idéia de que a recente derrota de Chávez no referendo para reformar a Constituição venezuelana representa um obstáculo de peso para o avanço do “Socialismo do Século XXI” na América Latina. De fato, ao admitir em público a vitória do “não”, o coronel venezuelano advertiu em pronunciamento que estava pronto para uma “longa batalha” (rumo à revolução) que, apenas por enquanto, não tinha obtido êxito. “Eu não vou retirar nem uma vírgula desse projeto (socialista), esse projeto permanecerá ativo” – reafirmou enfático o déspota pouco esclarecido dos trópicos.
Como já escrevi inúmeras vezes, a proposta de se restabelecer a revolução na América Latina surgiu quando, ao se anunciar a queda do Muro de Berlim e a derrocada da ex-União Soviética, o Partido dos Trabalhadores (Lula) e o PC cubano (Fidel Castro) partiram, em 1990, para a criação de um foro cujo objetivo seria reunir organizações e partidos de esquerda em demanda de uma nova estratégia para se organizar a luta pela implantação do socialismo no subcontinente.
De fato, a implantação desse foro permanente, realizado a cada dois anos, retoma os antigos propósitos da extinta Organização Latino-Americana de Solidariedade - a OLAS -, criada por Fidel Castro em janeiro de 1966, em Havana, para prestar apóio técnico, logístico e financeiro aos movimentos e partidos de esquerda da África, Ásia e da América Latina. De resto, partidos e movimentos engajados na agitação revolucionária e no combate ao “imperialismo ianque”.
A nova versão da OLAS, restabelecida em São Paulo logo após a derrota de Lula para Collor de Mello, se valia da capacidade de mobilização do PT e congregou dezenas de partidos “revolucionários e progressistas”, além de ONGs, representações sindicais e de movimentos sociais, membros da igreja libertária e facções guerrilheiras, entre as quais as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), Exército de Libertação Nacional (FLN), União Revolucionária Nacional da Guatemala (URNG), Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (FMLN), Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN), Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), etc. etc. – algumas delas envolvidas com narcotráfico, contrabando de armas, lavagem de dinheiro, seqüestros, assaltos a bancos, roubo de gado e pirataria.
O Coronel Chávez, verdade seja dita, não foi um dos fundadores do Foro de São Paulo. Ele só ingressou na “organização” em maio de 1995, segundo informe da AP uruguaia (de novembro de 1999). Desde logo, no entanto, esteve solidário com as teses e resoluções debatidas, aprovadas e encaminhadas pelo Foro, destacando-se, entre elas, o separatismo indigenista, o ecologismo radical, a reforma agrária pela ocupação virulenta das terras produtivas, o assistencialismo, a tomada do poder no espaço continental e, em especial, o aparelhamento do Estado pela infiltração da militância esquerdista.
Por outro lado, é bom lembrar que uma vez dentro da máquina do Estado, as resoluções do Foro recomendam a conseqüente apropriação da riqueza nacional pelo aumento vertiginoso da carga tributária em função do fortalecimento da burocracia do partido dentro do governo.
Eis a realidade inequívoca dos fatos: tendo em vista a exaustão de certos métodos do marxismo-leninismo, os integrantes do Foro partiram para a estratégica liquidação da democracia a partir dos próprios instrumentos oferecidos de bandeja pelo sistema democrático: voto e liberdade de ação política. No quadro estratégico assim compreendido, o papel destinado ao atrevido coronel Chávez, segundo Lula e Fidel, seria o de “ponta-de-lança” na construção da redentora União das Repúblicas Socialistas da América Latina, a URSAL, hoje – basta dar uma olhada no mapa – em plena ascensão.
De fato, com os bilionários dólares do petróleo (e também do narcotráfico), o coronel venezuelano logo se fez pop star da empreitada revolucionária, ora financiando a agitação “carnívora” de países aliados como a Bolívia, Equador e Guatemala, ora prodigalizando dádivas milagrosas à moribunda Cuba ou emprestando dinheiro grosso à Argentina “vegetariana”, ora prometendo parcerias, mundos e fundos ao Uruguai e Paraguai. A propósito do Uruguai e Paraguai, o último projeto do Foro é justamente infiltrar o sestroso Chávez no Mercosul para melhor fomentar, institucionalmente, o projeto totalitário continental.
(Só para lembrar: filho dileto do casamento de Lula com Fidel, Chávez, nos momentos de crise, tem recebido apoio incondicional do chanceler-operário, que, em 2003, para não vê-lo destituído do poder, chegou a criar um operante Grupo dos Países Amigos da Venezuela – motivo, lógico, de veementes protestos da oposição venezuelana).
Neste final de ano, tendo em vista a corajosa insurgência popular contra os governantes dos partidos vermelhos que se apossaram do poder para implantar o império socialista, Luiz Inácio viaja à Argentina, Bolívia, Equador, Venezuela, Uruguai e Cuba. Entre outras coisas, quem sabe extra-oficialmente ele vai colocar em dia a agenda revolucionária da próxima reunião do Foro de São Paulo, programada na última convenção do PT, a ocorrer em 2008 no Uruguai.
De quebra, a julgar pelo noticiário, Lula passaria na Colômbia para negociar a troca dos guerrilheiros das FARC em poder do presidente Uribe e dos prisioneiros seqüestrados pela guerrilha de Tirofijo - que por sinal teria morrido de câncer na próstata, mas que, por motivos estratégicos, vem sendo tratado como se “vivo” estivesse. Lula entraria em campo para substituir Chávez na farsesca tentativa de se negociar um acordo impossível. Como se sabe, um dos objetivos permanentes do Foro de São Paulo é ver Álvaro Uribe fora do poder, o quanto antes, pois o presidente colombiano, amado pelo seu povo, representa um obstáculo considerável à implantação do domínio comunista na América Latina.
Voltarei ao assunto.
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