Do blog MÍDIA SEM MÁSCARA
por Percival Puggina em 19 de novembro de 2007
Resumo: Quando deveríamos estar cuidando do planeta sem aderir à burrice, todos os demais argumentos estão declarados inúteis porque o capitalismo acabará com a humanidade se a cavalaria esquerdista não vier nos salvar.
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Imagine, leitor, se você tivesse dedicado sua vida a argumentar em favor do comunismo e do caráter científico e inevitável do socialismo. Como professor, político, jornalista, religioso, intelectual ou simples militante partidário, gastou seu latim e seu português em condenar e em apontar as insuperáveis contradições do capitalismo e da economia de mercado. Fez todas as apostas possíveis na superioridade ética e técnica das teses esquerdistas.
Imagine. Você viu o muro de Berlim ser construído e tinha certeza de que o lado de lá era tudo de bom. Torceu pela União Soviética, pela China maoísta, pelo Vietnã, pelo Khmer Vermelho, pelas Brigate Rosse. Vestiu camiseta do Che. Teve foto do Danny le Rouge no guarda-roupa. Sacudiu bandeirinha de Cuba. Passou uma temporada lá, em 1969, plantando cana para atender ao apelo de Fidel. Teve arrepios cívicos quando a cadelinha Laika subiu para aquela turnê da tecnologia comunista no seu canil espacial. Vociferou contra a Primavera de Praga. Aplaudiu as ações dos tanques chineses na Praça da Paz Celestial. Bebeu champanhe no September 11. Fez tudo direitinho. Votou no partidão e no partidinho.
Imaginou? Dá para ter noção do pesadelo em que se transformou a vida nos últimos anos? Seus atuais porta-vozes e líderes são tipos como Hugo Chávez, Daniel Ortega, Evo Morales, Ahmadinejad. Você procura uma democracia construída sobre suas idéias e não encontra. Um livro que junte os cacos e reorganize consistentemente sua visão de mundo sobre as bases daquela crença? Nada. Um estadista de boa estirpe para seguir? Ninguém aparece.
É dureza. Na contramão, as idéias que combateu retiram inúmeras nações da fome e do atraso. As economias abertas alcançam níveis cada vez mais consistentes de desenvolvimento social. Todos os modernos e bem sucedidos estados nacionais aderem à democracia, ao pluralismo e possibilitam as mais amplas liberdades públicas. A própria China Comunista, no momento em que adotou o regime de livre empresa e restabeleceu o direito à propriedade privada, pôs em curso um dos mais espetaculares saltos econômicos e sociais que a humanidade já observou.
Complicado, não é mesmo? Se você estivesse nessa situação, o que iria dizer lá em casa? Pois eis que a cartola dos achados, a surrada cartola dos achados da esquerda marxista, vem de dar à luz seu mais recente coelho. Na ausência de qualquer coisa boa para apresentar aquém ou além da tal utopia, pariu-se o coelho do aquecimento global. O comunismo pode ter criado seus infernos, sim, mas o capitalismo fará o mundo ferver. Confirmar-se-á a profecia de Antônio Conselheiro: “O sertão vai virar mar e o mar vai virar sertão”.
Pronto! Quando deveríamos estar cuidando do planeta sem aderir à burrice, todos os demais argumentos estão declarados inúteis porque o capitalismo acabará com a humanidade se a cavalaria esquerdista não nos vier nos salvar. Verdade que o ambiente natural no Leste Europeu havia atingido grau inexcedível de degradação. Verdade que vivemos entre duas eras glaciais. Verdade que mudanças polares são fenômenos cíclicos. Mas nada disso interessa. O que importa é a mensagem e sua eficácia: nada é mais saudável que um bom atraso. A cavalaria está tocando a corneta das mudanças climáticas.
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