Do blog do JANER CRISTALDO
Para quem acha que esta pessoa que sempre deu ao cheiro das fezes um certo "ar de perfume", leiam esta...
Luis Fernando Verissimo, ao que tudo indica, ainda deve estar em estado de choque com a reportagem de Veja sobre os 40 anos da morte de Che Guevara. A bem da verdade, até eu estou perplexo. Pois nestas últimas quatro décadas as redações sempre esteve dominada pelas esquerdas, até mesmo em jornais tidos como de direita. A reportagem de Veja rompeu com meio século de silêncio em torno aos assassinatos do bandoleiro argentino.
Eu, no entanto, estou agradavelmente perplexo. Não é o caso de Verissimo. Em entrevista aberta à platéia, ontem, no Memorial da América Latina, o escritor analisou a mudança ideológica dos jornalistas. E desenvolveu uma bizarra teoria para explicá-la:
- Antigamente, as redações tinham máquinas de escrever. Era um barulho infernal. Tenho até uma teoria para explicar essa mudança da esquerda para a direita nas redações. Nos últimos anos, os jornais e as revistas brasileiras deram uma guinada à direita. Mas, quando comecei no jornalismo, todos nós éramos de esquerda. A gente aceitava o fato de ser direita quando era do editor pra cima. Hoje, é o contrário. Do editor pra baixo, os jornalistas preferem ser de direita. Isso tem muito a ver com a mudança das máquinas de escrever para os computadores. Como as redações eram barulhentas e agitadas, os jornalistas se identificavam mais com os trabalhadores das fábricas. Hoje, com os computadores, as redações parecem bancos. Limpas, aquele silêncio... Sei que é uma teoria meio forçada...
Ou seja, a máquina de escrever induz a uma produção de jornalismo de esquerda. Já o computador, este leva os profissionais a um pensamento de direita. Vou até dar uma achega à teoria do cronista. Vai ver que isto ocorre porque os computadores são basicamente um produto do imperialismo ianque. Provavelmente vêm com algum vírus embutido que empurra o pensamento do jornalista para a destra. Fossem os PCs um achado da finada União Soviética, provavelmente só produziriam textos de sinistra.
O mundo mudou e o cronista não viu. Com a queda do Muro, o desmoronamento da URSS e a penúria de Cuba, o comunismo virou mala-sem-alça. Antes de 90, existia ainda uma poderosa máquina publicitária que mantinha em formol um cadáver já rumo à putrefação. No Ocidente – confortavelmente distanciado daquelas tiranias – não faltavam intelectuais que faziam carreira e fortuna em cima dos “nobres ideais” do socialismo. Em verdade, os ideais não deixavam de ser nobres. Os métodos é que eram vis e tirânicos.
A massa de informações que está vindo à tona com a abertura dos arquivos de antigos países comunistas não mais permite absolver tiranos como Stalin, Lênin, Mao, Hodja, Ceaucescu, Pol Pot. Quem, há 50 anos, ousaria acusar estes assassinos de assassinos. Houve escritores corajosos, é verdade, já nos anos 30, que ousaram denunciar os crimes do stalinismo. Mas foram apedrejados pela imprensa internacional e tidos como inimigos da humanidade. Hoje, estão surgindo excelentes biografias destes ditadores e seus massacres não podem mais ser ignorados.
Verissimo se diz um gaúcho desnaturado, que não gosta de lembrar da última vez em que montou num cavalo. Antes continuasse montando cavalos e não tivesse feito carreira montado no pensamento assassino que dominou o século passado. Costumo afirmar que múmia não se dobra. Se dobrar, se esfarela. Múmias como Veríssimo, Niemeyer, Ariano Suassuna, Zuenir Ventura, Carlos Heitor Cony continuarão sempre cultuando – aberta ou secretamente – o Paizinho dos Povos. É claro que Verissimo não pode conferir razão a estes novos jornalistas, que ele qualifica como de direita. Dar-lhes razão equivaleria a afirmar: tudo o que escrevi é lixo. Um jovem ainda tem tempo pela frente para chegar a esta constatação. Um macróbio, não.
Mas a constatação do cronista é reconfortante. Como pessoa ligada aos meios de comunicação, está sentindo que sua era morreu junto com o stalinismo. Restam focos da infecção mundo afora, é verdade. Mas marxismo é bandeira que não mais se sustenta.
Os jovens que hoje escrevem nas redações de jornais, sem estarem atados a uma carreira ou obras escoradas no totalitarismo, renderam-se finalmente ao óbvio. Múmia que é múmia não se rende. Arrisca virar pó.
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