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segunda-feira, 1 de outubro de 2012

O atual jogo midiático das FARC

 


MÍDIA SEM MÁSCARA

ESCRITO POR CEL. LUIS ALBERTO VILLAMARÍN PULIDO | 01 OUTUBRO 2012
NOTÍCIAS FALTANTES - FORO DE SÃO PAULO

Para as FARC, as conversações de paz são mais um ato guerra pela tomada do poder político; para o governo Santos, são a garantia de sua sobrevivência política e ambições pessoais.


Ainda não se oficializou o início das conversações de paz do governo Santos com as FARC, porém os terroristas já tiraram vantagens político-estratégicas iniciais, que talvez pelo fervor de boa-fé dos colombianos ansiosos para não sofrer mais violência e oportunismo politiqueiro do Congresso e do presidente, passaram desapercebidas aos meios de comunicação.

Os fatos falam por si:

1. Os contatos exploratórios se iniciaram em Cuba com a intromissão de Chávez e as bênçãos da ditadura castrista. A exclusividade da notícia foi para Telesur, que por sua estrutura e orientação ideológica deveria se chamar Telefarc.

2. Ao mesmo tempo, com a libertação dos militares e policiais seqüestrados e do jornalista francês, produziu-se o aparecimento público do Movimento Bolivariano das FARC apresentado com outro nome ribombante e enganoso.

3. Coletiva de imprensa dos terroristas em Havana, carregada de epítetos, frases desafiantes e a farsa de que a bandeira da paz na Colômbia é patrimônio do narco-terrorismo e de seus cúmplices nacionais e internacionais.

4. As FARC são santas pombinhas, enquanto que o Estado colombiano e a “oligarquia” são responsáveis por todos os males causados contra o país por parte dos terroristas.

5. Com a anuência de Santos as FARC não são seqüestradoras e, além disso, diz que devem ajudar a combater o narco-tráfico.

6. O terrorista Simón Trinidad, preso nos Estados Unidos, é membro do comitê negociador.

7. O camarada Carlos Lozano se escudou em seu ofício de jornalista para publicitar uma entrevista com Timochenko, na qual as FARC reafirmam que querem a paz comunista e que a Colômbia inteira lhes deve, por todos os crimes que os terroristas cometeram.

8. As conversações anteriores foram rompidas pela teimosia dos governantes que querem a desmobilização dos terroristas, sem lhes permitir que imponham todas as condições. Sob esta premissa sua luta é justa, não são terroristas e a Colômbia inteira está em dívida com as FARC. Uma vez mais o Estado inicia conversações com complexo de inferioridade.

9. Os terroristas chegam à mesa de conversações para desenvolver um programa preconcebido em um plano estratégico, como um salto qualitativo ao objetivo geral da tomada do poder. A equipe negociadora do governo, nomeada de última hora, chega sem um plano coerente, além de estar integrada por alguns personagens que em conversações anteriores demonstraram sua incompetência, mas, claro, desta vez têm a tarefa de preservar a imagem re-eleitoreira do presidente Santos.

10. Enquanto os terroristas apontam para legitimar seu movimento político dentro da Colômbia e a buscar reconhecimento como Estado em gestação com embaixadas na Venezuela, Equador, Bolívia, Brasil, Nicarágua, Cuba, Uruguai, Noruega e Argentina, a equipe negociadora do governo é uma ferramenta útil para a jogada egocentrista de Santos em três lados: ou é re-eleito, ou é prêmio Nobel da Paz, ou é Secretário Geral da ONU. Finalmente, quando os diálogos falharem, Santos justificará a necessidade de re-elegê-lo, pois como ele se auto-denominou, é o “verdugo dos terroristas” e, modéstia a parte, não há outro colombiano capaz de fazê-lo melhor que ele.

11. Para as FARC, as conversações de paz são mais um ato guerra pela tomada do poder político; para o governo Santos, são a garantia de sua sobrevivência política e ambições pessoais. Como sempre ocorre com as atuações de nossa questionada classe dirigente, a única perdedora é a Colômbia.

12. Não há compromisso das FARC em reparar as vítimas de suas atrocidades. Não se sabe nada dos seqüestrados desaparecidos pelo grupo terrorista, não se menciona nunca a enorme responsabilidade política e penal do Partido Comunista no narcoterrorismo contra a Colômbia, ninguém fala da devolução de terras roubadas pelas FARC aos camponeses, nem se menciona o terrorismo interno contra seus próprios integrantes que, a julgar pelos documentos apreendidos das FARC, supera mais de 1.500 assassinatos de guerrilheiros por “delitos” contra o marxismo-leninismo ao longo de cinco décadas.

Em síntese, devido à politicagem e à falta de foco estratégico do governo e sua equipe negociadora, as FARC já conseguiram uma importante vantagem político-estratégica, com a circunstância agravante de que chegarão a Oslo e Havana impondo condições e manipulando as conversações... como sempre fizeram.

Tradução: Graça Salgueiro

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