PROGRAMA DO JÔ
Odilon de Oliveira conta como é viver sobre escolta policial
seg, 27/08/12 por Editor | categoria Entrevistas | tags Odilon de Oliveira
ASSISTA O VÍDEO AQUI.
O juiz federal de Mato Grosso do Sul, Odilon de Oliveira, é um dos mais de cem juízes jurados de morte que atuam no país. “Tem muitos juízes jurados, mas só eu tenho escolta. Tem um posto policial dentro da minha casa onde moram meu sogro e os policiais”, revela.
Segundo o juiz, o fato de ser jurado de morte faz com que a pessoa tenha problemas emocionais e psicológicos. “Isso nunca me deixou perturbado, mas eu tenho pesadelos frequentemente”.
Odilon de Oliveira também conta que já foi vítima de boatos. “Já houve caso de me arrumarem uma amante na fronteira que dizia que eu a batia porque era impotente”, conta o juiz federal.
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PROSA & POLÍTICA
Juiz federal Odilon de Oliveira já falava das ligações FARC-PCC.
Publicado em 19 de julho de 2010 às 20:10 hs.
Em entrevista em 05/2009 o Juiz federal Odilon de Oliveira, em seu blog, falava do DNA terrorista do PCC, das ligações FARC-PCC, e dos benefícios que o grupo político teve durante o governo Lula. Quem ainda não conhece o juiz Odilon, saiba que ele foi jurado de morte por condenar 114 traficantes, e vivia confinado no fórum de Ponta-Porã-MS por “nos” defender dos narcotraficantes.
Hoje o PT quer esconder a sua história e sua ligação com os narcotraficantes das FARC (o Foro de São Paulo é prova dessa ligação) e, daí, com PCC que barbarizou São Paulo em 2006 para desestabilizar a candidatura de Alckmin. Só não enxerga isso quem não quer ver.
1) Correio: o PCC ainda está em atividade no Brasil?
Odilon: Fundado em 31.08.93, no interior de São Paulo, essa facção criminosa não se encontra presente apenas no Brasil. Está em franca e crescente atividade também em outros países da América do Sul, como Bolívia e, principalmente, Paraguai. O grupo mantém fortes contatos também com as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Está cada vez mais bem estruturado com pessoal, armamento, recursos financeiros e disciplina. Estima-se que de cada cinco dos 440 mil presos do Brasil um seja membro do PCC. A maior incidência está no Estado de São Paulo, assumindo Mato Grosso do Sul, por conta do Paraguai e da Bolívia, a segunda posição. A facção teria um exército de mais ou menos 84 mil integrantes. As FARC, grupo terrorista colombiano fundado em maio de 1964, possuem apenas 10 mil integrantes. Outro perfil do PCC, além de sua finalidade econômica, é de natureza terrorista.
2) Correio: O Senhor acredita que o PCC tenha participado do assalto à residência do prefeito de Campo Grande?
Odilon: Tenho quase certeza. Campo Grande, Dourados e a fronteira com o Paraguai possuem grande concentração de integrantes dessa facção, presos e também em liberdade. Anderson, nominado pela imprensa, realmente consta da lista de integrantes do PCC, ocupando, nesta capital, função de destaque. O assalto certamente teve duas finalidades: uma de natureza financeira e outra de cunho auto-afirmativo. Essa organização, a exemplo de outras, como o Comando Vermelho, para manter-se e ampliar seus domínios, precisa de recursos e seus membros subalternos guardam a obrigação normativa e moral de provar suas audácias contra autoridades. Isto serve de recado para o Poder Público.
3) Correio: O PCC tem condições para repetir os ataques de 2006?
Odilon: Tem potencial e disposição. Naquele ano, foram 1.032 ataques violentos, com um saldo de centenas de mortos, dos quais 119 policiais e agentes penitenciários. No mesmo ano, o terrorismo, no mundo todo, produziu 14 mil ataques e 20 mil mortes. Em 2008, havia um plano de ataques semelhantes, a ser executado nos dias anteriores às eleições, com conotações visivelmente políticas como fora em 2006. Não se concretizou porque, descoberto o plano, as autoridades adotaram providências preventivas, nulificando os atos preparatórios. O PCC vai continuar desafiando o Estado-repressor.
4) Correio: Isto significa que o PCC está competindo com o Estado?
Odilon: Significa que a facção, por conta da generosidade das leis e da permissividade dos encarregados de aplicá-las, está afrontando a todos. Até o Exército, com todo o seu poderio e o respeito que impõe, foi recentemente vítima da ousadia dessa organização (roubo de armas de um quartel de Caçapava/SP e assalto a uma agência bancária situada no Quartel General do Exército, em Brasília-DF). De 2001 para cá, os ataques a fóruns estaduais, no Estado de São Paulo, inclusive com explosivos, foram muitos.
O PCC desenvolve dois tipos de criminalidade: a) institucional ou concentrada, onde se agrupam os delitos cujo controle está centralizado em sua cúpula, como os grandes assaltos, ataques a repartições, assassinatos de certas pessoas, rebeliões, certos seqüestros; b) esparsa ou incidental, onde se colocam todos os crimes para cuja execução não é necessário “salve” ou autorização da cúpula. O controle não é concentrado, dando-se por iniciativa e responsabilidade individuais ou de um grupo do partido. O produto se destina ao custeio de mensalidades devidas à facção e à subsistência dos próprios autores.
5) Correio: O que leva o PCC a se expandir pela América do Sul?
Odilon: A facção objetiva subir os degraus da criminalidade, preferencialmente adquirindo feições terroristas. Para isto, é necessário expandir seus domínios sobre uma base territorial cada vez maior. O grande atrativo do PCC no Paraguai, Bolívia e Colômbia são as drogas, notadamente a cocaína. Suas fontes de rendas são drogas, seqüestros, mensalidades, assaltos a bancos, a carros-fortes, cargas, investimentos etc. Com relação ao Paraguai, há outros atrativos: esconderijo, compra de armas, pistolagem e lavagem de dinheiro. Muitos cometem crimes no Brasil e fogem para aquele país, dificultando a ação da justiça brasileira. A aquisição de armamento para estruturação e para revenda é uma constante. Crimes de pistolagem rendem dinheiro para o pagamento de mensalidades ao grupo. Há inúmeras casas de câmbio, no Paraguai, sem controle rígido, para lavagem.
6) Correio:O PCC tem praticado seqüestros no Paraguai?
Odilon: Vários. Em 2001, o PCC e o Partido Pátria Livre, do Paraguai, sob a liderança das FARC, seqüestraram Maria Edith, esposa de um empresário da construção civil. O resgate foi de 1 milhão de dólares. O Brasil deu asilo a três dos seqüestradores: Juan Arron, Anuncio Martí e Victor Colmán. Uma vergonha! Em 2004, a vítima foi Cecília Cubas, filha do ex-presidente Raul Cubas. Foi pago resgate de 800 mil dólares, mas a vítima foi assassinada no cativeiro. Em maio de 2007, sob a liderança do brasileiro Valdecir Pinheiro, do PCC, a vítima foi o japonês Hirokazu Ota, chefe da Seita Moon, naquele país. Valdecir, morto pela polícia paraguaia em 2008, era acusado de mais nove seqüestros no Paraguai. Somente em 2007, o Paraguai registrou mais de sete seqüestros com suspeita de participação de brasileiros.
7) Correio: Que interesse tem as FARC em relação ao PCC?
Odilon: As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia possuem uma ideologia marxista, à falsa pregação de buscar uma sociedade igualitária, sem classes, gerenciada por um poder proletariado. A materialização dessa ideologia depende de um programa e a implantação deste necessita de receitas. Quarenta e cinco por cento da receita das FARC provêm de cocaína, vendida para o mundo todo. O Brasil, nesse cenário, é um grande cliente da Colômbia. O PCC negocia cocaína diretamente com as FARC e até lhe fornece armas saídas do Paraguai. Aquele grupo terrorista, buscando sua expansão nos demais países da América do Sul, difunde sua ideologia e procura reconhecimento político. Os laços mantidos com outras organizações, como o PCC e o PPL (Partido Pátria Livre) do Paraguai, fazem parte das relações internacionais cultivadas pelas FARC. Um dos benefícios obtidos está no fato de o Brasil haver concedido mais de 400 asilos políticos, desde o primeiro Governo Lula, a guerrilheiros colombianos.
8) Correio: Por que o senhor classifica o PCC como grupo terrorista?
Odilon: Terrorismo não é somente aquele ato de fundo religioso. Divide-se em duas grandes vertentes: o terrorismo islâmico, existente apenas nos países seguidores do islã, embora ataque fora também, e o não islâmico. O primeiro é motivado por um conflito ideológico e normativo entre os costumes orientais e os ocidentais. Sua ala fundamentalista, de que faz parte a AL QAEDA, de Bin Laden, pretende criar uma república mundial islâmica ou, pelo menos, não permitir que os costumes ocidentais influenciem a ideologia islâmica. Uma utopia.
O terrorismo não islâmico também se subdivide em nacionalista (separatista ou político), político administrativo, étnico e moral. Diferente do islâmico fundamentalista, o nacionalista tem uma atuação territorial delimitada. O ramo separatista busca uma pátria, independência territorial, política e administrativa. O Hamas quer um Estado palestino em relação a Israel. O ETA, o IRA e os Tigres Tâmeis do Sri Lanka também são exemplos.
Já o nacionalista político deseja apenas mudar a forma (república/monarquia) ou o sistema (presidencialismo/parlamentarismo) de governo, a forma de Estado (unitário/federativo) ou ainda o regime político (democrático/autoritário). As FARC não querem dividir o território colombiano nem o Sendero Luminoso deseja isto no Peru, mas apenas a implantação de um regime marxista-leninista (comunismo). O Brasil viveu vários exemplos desse tipo de terrorismo, em torno de oito organizações, como a VPR (Vanguarda Popular Revolucionária – capitão Lamarca, Dilma Roussef), ALN (Aliança Libertadora Nacional – Carlos Mariguella) e o MR-8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro – Fernando Gabeira, Franklin Martins).
O político administrativo, normalmente com finalidade econômica, volta-se apenas contra o Estado-repressor, atacando o Judiciário, o Ministério Público, o sistema penitenciário, pessoas, repartições. Sempre o faz com o intuito de remover de seu caminho o que compreenda como obstáculos a seus objetivos. Quando mata uma autoridade ou ataca um fórum, o objetivo não se esgota com esse resultado. Na verdade, esse é um meio para remover de sua frente o Estado-repressor. Qualquer pessoa (João, José ou Pedro) exercente daquele cargo morreria. O fim não é matar a pessoa física, mas atingir o Estado. É diferente de um assassinato comum, onde a vontade do criminoso se esgota com a morte do desafeto.
O PCC se enquadra nesta modalidade.
9) Correio: O que se deve fazer para combater o PCC?
Odilon: Primeiro, não pensar que o PCC está morto ou brincando. Segundo, é preciso conhecer, a fundo, o DNA dessa organização, edificando-se um mosaico completo a seu respeito. Por fim, reprimi-lo sem piedade. O Estado não deve se ajoelhar diante de bandidos. A liberdade das ruas e praças deve ficar reservada às pessoas de bem. Lugar de vagabundos é na cadeia. Só isto.
Odilon de Oliveira – juiz federal.
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FOLHA
24/08/2003 – 05h46
''As Farc têm todo o tempo do mundo'', diz comandante
FABIANO MAISONNAVEda Folha de S.Paulo, Enviado especial à Colômbia
Leia a seguir entrevista concedida à Folha de S.Paulo na última terça-feira pelo comandante das Farc Raúl Reyes em algum ponto da Amazônia colombiana.
Folha de S.Paulo - A Fundação Segurança e Democracia divulgou dados comparativos entre o primeiro semestre do governo Uribe, em 2003, e o primeiro semestre de 2002, ainda sob o governo Pastrana, que mostram uma intensificação das ações militares do governo e um recuo das Farc. Por que isso ocorreu?
Raúl Reyes - Não sei, não tenho idéia, mas lhe digo: de onde eles tiram essa informação? Da inteligência militar, que fala de milhares de guerrilheiros mortos, de guerrilheiros desertores, feridos, o que não é verdadeiro. Mas as Farc não estão competindo para ver quantas ações fazem, temos um plano próprio que não pode ser submetido à avaliação das autoridades colombianas. As Farc realizam suas ações quando consideram necessárias.
O grave problema para Uribe é que só faltam três aninhos para governar, e as Farc têm todo o tempo do mundo, são 39 anos de luta. Levaremos todo o tempo necessário para alcançar nossos objetivos. A pressa é do sr. Uribe. Não é da competência das Farc ver quem mata mais.
Folha de S.Paulo - No mês passado, o sr. anunciou o envio de uma proposta de negociação à ONU. Qual foi o teor dessa proposta?
Raul Reyes - O que temos pedido é uma negociação de paz com o Estado colombiano. Com um governo que esteja interessado em investir na paz, e não em continuar a guerra, não em continuar a eliminação dos colombianos como está fazendo Uribe. As Farc propõem iniciar um diálogo, mas depois que o governo desmilitarizar dois Departamentos [Estados], Caquetá e Putumayo.
O que solicitamos à ONU é que, assim como tem ouvido várias vezes o governo colombiano e o próprio Uribe, que também nos receba como uma nação política, revolucionária e de oposição ao governo colombiano para explicarmos o nosso ponto de vista.
Folha de S.Paulo - As Farc já receberam alguma resposta da ONU?
Reyes - Sim, recebemos do próprio secretário-geral [Kofi Annan] uma resposta muito positiva, dizendo que tem o maior interesse em estabelecer um diálogo conosco e insinuou que poderia ser no Brasil. Gostaria muito que fosse no Brasil, um país irmão da Colômbia. Mas não há nenhuma definição até agora, nem por parte da ONU nem por parte das Farc.
Folha de S.Paulo - Essa proposta de negociação não é um recuo das Farc?
Reyes - Não, de forma alguma, as Farc não erraram porque foi Pastrana quem interrompeu o diálogo. A comunidade internacional sabe que as Farc até a última hora enviaram propostas viáveis para a continuidade do diálogo, mas o governo já tinha decidido liquidar o processo de paz.
Folha de S.Paulo - A ruptura ocorreu após as Farc terem sequestrado o senador Jorge Gechem Tubay. Uma ação dessas não é um convite à interrupção das negociações?
Reyes - Não, porque os diálogos ocorriam em meio à guerra. Não havíamos assinado nenhum cessar-fogo bilateral.
Folha de S.Paulo - Mas o senador não era um alvo militar.
Reyes - Na Colômbia os senadores legislam contra o povo, pressionam os trabalhadores com mais impostos, aprovam leis contra a insurgência, aprovam todas as leis repressivas.
Folha de S.Paulo - Como as Farc definem uma ação militar legítima?
Reyes - O objetivo é a captura desses senadores e deputados para conseguir a liberação dos guerrilheiros e guerrilheiras que estão nas prisões colombianas. O governo tem se negado a assinar um acordo de troca humanitária.
Folha de S.Paulo - As Farc são acusadas de executar atos terroristas em cidades, como o ocorrido em fevereiro, em Bogotá, com 36 mortos.
Reyes - As Farc não têm nenhuma responsabilidade sobre essa ação em Bogotá. Mas, logo depois que os EUA decidiram classificar como terroristas todas as organizações contrárias à sua política, na Colômbia, Uribe também chama de terroristas todas as ações que interessam ao povo.
Folha de S.Paulo - Como tem sido o contato entre as Farc e o governo do Brasil?
Reyes - Agora, nenhum. Estamos muito interessados em um contato direto, porque as Farc têm como política estabelecer relações políticas com governos, para explicar a eles que temos uma política que consiste em não realizar operações militares fora do território colombiano.
Folha de S.Paulo - Qual é a sua avaliação do governo Lula?
Reyes - Tenho muita esperança em que o governo Lula se transforme num governo que tire o povo brasileiro da crise. Lula é um homem que vem do povo, nos alegramos muito quando ele ganhou. As Farc enviaram uma carta de felicitações. Até agora não recebemos resposta.
Folha de S.Paulo - Vocês têm buscado contato com o governo Lula?
Reyes - Estamos tentando estabelecer --ou restabelecer-- as mesmas relações que tínhamos antes, quando ele era apenas o candidato do PT à Presidência.
Folha de S.Paulo - O sr. conheceu Lula?
Reyes - Sim, não me recordo exatamente em que ano, foi em San Salvador, em um dos Foros de São Paulo.
Folha de S.Paulo - Houve uma conversa?
Reyes - Sim, ficamos encarregados de presidir o encontro. Desde então, nos encontramos em locais diferentes e mantivemos contato até recentemente. Quando ele se tornou presidente, não pudemos mais falar com ele.
Folha de S.Paulo - Qual foi a última vez que o sr. falou com ele?
Reyes - Não me lembro exatamente. Faz uns três anos.
Folha de S.Paulo - Fora do governo, quais são os contatos das Farc no Brasil?
Reyes - As Farc têm contatos não apenas no Brasil com distintas forças políticas e governos, partidos e movimentos sociais. Na época do presidente [Fernando Henrique] Cardoso, tínhamos uma delegação no Brasil.
Folha de S.Paulo - O sr. pode nomear as mais importantes?
Reyes - Bem, o PT, e, claro, dentro do PT há uma quantidade de forças; os sem-terra, os sem-teto, os estudantes, sindicalistas, intelectuais, sacerdotes, historiadores, jornalistas...
Folha de S.Paulo - Quais intelectuais?
Reyes - [O sociólogo] Emir Sader, frei Betto [assessor especial de Lula] e muitos outros.
Folha de S.Paulo - No Brasil, as Farc têm a imagem associada ao narcotráfico, em especial com o traficante Fernandinho Beira-Mar. A Polícia Federal concluiu que ele esteve na área das Farc junto com Leonardo Dias Mendonça. O sr. confirma?
Reyes - Não sou um policial, sou um revolucionário. A Colômbia não é tão grande como o Brasil, mas tem 1.142.000 km2, e as Farc estão presentes em todo o país. Qualquer um que chegue do Brasil, da Europa ou dos EUA a qualquer um dos Departamentos da Colômbia, pode vir a ter contato com a guerrilha.
Folha de S.Paulo - A PF afirma que as Farc forneceram cocaína a Fernandinho em troca de armas.
Reyes - A polícia diz qualquer coisa, porque recebe ordens para dizer e inventar coisas.
Folha de S.Paulo - As Farc mantêm relação com traficantes brasileiros?
Reyes - Que eu saiba, nenhuma. Isso faz parte da campanha para justificar o que os EUA estão fazendo na Colômbia, intervindo nos assuntos internos do país. Mas os EUA não combatem o narcotráfico em seu próprio território. Os camponeses colombianos produzem coca e papoula, são trabalhadores da terra. Quem compra? Os narcotraficantes do mundo. E quem consome? Os gringos.
Folha de S.Paulo - Qual é a relação entre as Farc e os traficantes que compram droga dos camponeses?
Reyes - As Farc cobram imposto desses comerciantes, que compram dos camponeses. Não apenas dos que vendem coca, mas também dos que produzem grandes quantidades de soja, arroz, milho. Não se cobra dos camponeses, mas dos comerciantes.
Folha de S.Paulo - As Farc têm sido acusadas de produzir sua própria coca.
Reyes - Absolutamente falso, as Farc são uma organização revolucionária, que luta pelo poder. Produzimos alimentos para nossos guerrilheiros. A cocaína é um veneno.
Folha de S.Paulo - Recentemente, houve um grande problema diplomático entre Brasil e França por causa de uma suposta negociação daquele país com as Farc para libertar a ex-candidata a presidente Ingrid Betancourt. As Farc negociaram com o governo francês?
Reyes - Nenhuma negociação. Tudo o que nós sabemos foi o que saiu na imprensa. A notícia nos surpreendeu. Ela está muito bem de saúde e de ânimo, mas está triste, como estão todos os que não recuperaram sua liberdade, alguns nos presídios do Estado colombiano, tristes porque não podem sair de lá. Os que estão na selva também estão tristes. Por isso, estão muito interessados na troca de prisioneiros para que todos recuperem sua liberdade.
Folha de S.Paulo - Que relação as Farc mantêm com o governo venezuelano?
Reyes - Estamos propondo ao governo de Hugo Chávez uma explicação sobre a política das Farc em relação aos países vizinhos.
Folha de S.Paulo - Existe contato ou não?
Reyes - Temos informações muito positivas sobre Chávez, um bolivariano patriota que luta pela dignidade do seu povo. Nós o admiramos muitíssimo.
Folha de S.Paulo - O sr. acredita numa intensificação da ajuda militar americana à Colômbia?
Reyes - É possível que aumente, é o que tem feito o sr. Bush e é o que Uribe está pedindo aos gritos. Ele está desesperado porque não pode alcançar nenhum resultado contra a guerrilha. Uribe é um fantoche norte-americano. Funcionários americanos vêm à Colômbia em romaria para ver se Uribe está realizando as tarefas direito.
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