Material essencial

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Filmes exibidos na escola dizem muito sobre o ensino e o país

 

TOMADADAS

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

 

Fiz todo o ensino fundamental num colégio religioso de tipo tradicional. Daí que as aulas de religião consistiam basicamente da leitura e discussão de passagens da bíblia. Já no primeiro ano do ensino médio as aulas de religião eram optativas, por se tratar de uma escola estatal. Mas a primeira aula de religião era obrigatória, pois os alunos tinham de saber como seria a disciplina para escolherem se iriam continuar ou não. E o que foi que o professor de religião nos mostrou nessa aula? Um documentário sobre as greves no ABC paulista, que desafiavam a ditadura! 

Estávamos no começo dos anos 1980, e aquele era um assunto palpitante, se me perdoam o lugar comum. Eu nunca tinha ouvido falar em Teologia da Libertação, mas aquela aula de religião, na qual a bíblia nem sequer foi mencionada, era uma boa amostra do que estava acontecendo com a Igreja Católica na América Latina. Depois do filme, o professor de religião, talvez querendo mostrar que as aulas dele não eram chatas, comentou que era comum tocarem violão e cantarem. Disse que, numa das aulas, ele e os alunos haviam cantado a música Meu guri, de Chico Buarque, e discutiram a letra em seguida. Comentou que essa música denunciava "aquela velha ideologia de que, se você se esforçar, acaba chegando lá"...

Quem é o ideólogo, afinal?

Eu não assisti às outras aulas de religião, pois já havia me saturado de estudar esse assunto do pré-primário até a oitava série. Mas a minha intenção em contar essa história é comparar aquele documentário sobre as greves no ABC com um filme que assisti estes dias. Trata-se de Mãos talentosas: a história de Benjamin Carson. O filme conta a história real de um menino negro, criado pela mãe, empregada doméstica analfabeta e abandonada pelo marido, que se transformou no maior neurocirurgião pediátrico do mundo! 

Como foi que ele conseguiu isso, especialmente numa época em que o racismo era mais forte do que nos dias atuais? O filme mostra que os dois fatores decisivos foram a educação que a mãe lhe deu e a religiosidade. Durante algum tempo, Carson foi um aluno de notas ruins por ser míope sem saber disso, e se achava burro. A mãe sempre insistiu que ele era inteligente, e vivia repetindo, como um mantra, que ele poderia ser tudo o que quisesse ser, e ainda mais, caso se esforçasse. Ela era muito religiosa e exigente. Limitava o tempo em que ele e o irmão mais velho podiam assistir TV, cobrava resultados na escola e os forçava a pegar livros na biblioteca - esse irmão, aliás, virou engenheiro. 

Apesar disso, houve um período, na adolescência, em que Carson começou a apresentar sérios problemas de comportamento. Ele se tornou um garoto muito agressivo e que não admitia qualquer contrariedade. Chegou a ameaçar a mãe com um martelo e, na escola, tentou esfaquear um garoto. Superou essa fase rezando fervorosamente para que Deus o livrasse daquele mau temperamento. E assim as coisas caminharam até ele se tornar um médico mundialmente famoso pelo pioneirismo no uso de técnicas cirúrgicas que hoje têm eficiência amplamente reconhecida. No fim do filme, ficamos sabendo que ele criou uma fundação que oferece oportunidades para estudantes que apresentarem excelência acadêmica.

Escolhas

Por que nossos professores não optam por mostrar esse filme aos alunos? Francamente, até os pais dos nossos alunos deviam ser obrigados a assistir. Não é à toa que em nossas escolas impera a indisciplina e a negligência com os estudos. Ao invés de enfatizar o valor do esforço individual e mostrar com biografias como essas que o esforço compensa, ensinamos nossas crianças a acreditar que a pobreza é sempre culpa dos outros, e que a única coisa a fazer é meter-se em política sindical e partidária para "lutar por um mundo mais justo". Fico pensando quantas crianças com potencial para se tornar um Ben Carson nós perdemos por conta dessa ideologia esquerdista que se pensa denunciadora de ideologias "de direita".

Talvez também não seja à toa que os EUA são o que são e o Brasil é o que é: a escola americana incentiva os pobres a se tornar médicos e engenheiros, enquanto a nossa escola quer formar gente inculta que se mete a fazer política sindical e partidária de esquerda. Azar nosso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Olá internauta

O blog Cavaleiro do Templo não é de forma algum um espaço democrático no sentido que se entende hoje em dia, qual seja, cada um faz o que quiser. É antes de tudo meu "diário aberto", que todos podem ler e os de bem podem participar.

Espero contribuições, perguntas, críticas e colocações sinceras e de boa fé. Do contrário, excluo.

Grande abraço
Cavaleiro do Templo