BLOG DO ALUIZIO AMORIM
quarta-feira, agosto 22, 2012
Por Nilson Borges Filho (*)
José Antônio Dias Toffoli se fez gente grande em 1985, quando completou maioridade civil e penal. Ano seguinte, o jovem e promissor aluno ingressou no curso de direito da USP, diplomando-se em 1990. Ao colar grau como bacharel em direito e, ainda recém formado, sentiu-se vocacionado para a magistratura. Prestou concurso, mas, por sorte, foi reprovado em duas oportunidades, para o cargo de juiz estadual em São Paulo. Sorte? Claro, se não fosse assim hoje estaria penando em alguma comarca do interior paulista, presidindo audiências chatérrimas, ouvindo testemunhas que mentem e julgando briga de rua.
O futuro ministro foi eliminado já na prova preambular, aquela tal onde prevalecem as cruzinhas nas alternativas corretas. Mas e daí? Importa esclarecer que Sua Excelência, nos tempos esquisitos de hoje, ocupa uma das 11 cadeiras da mais alta corte do sistema jurídico brasileiro. Não é pouca coisa, para quem foi incapaz de ser aprovado em concurso para juiz de primeira instância. Ou seja, o jovem advogado que sequer chegou às provas de sentença (teses) e aos exames orais para se fazer juiz, vai decidir se os réus do esquema do mensalão serão condenados ou absolvidos.
Dias Toffoli vai dizer se o seu ex-chefe petista, José Dirceu, vai pegar cadeia ou se sairá pela porta da frente do Supremo, livre e solto. Não é segredo para ninguém, que o ministro Dias Toffoli, como advogado, fez carreira jurídica no entorno do PT. Dali foi um pulo para chegar a assessor da Casa Civil, cujo titular era, ninguém menos, do que o poderoso capitão do time de Lula. Se deu bem, logo chegou à chefia da Advocacia Geral da União, função com status de ministro de Estado.
Nada mal, para o menino de Marília que desejava ser apenas um magistrado de primeiro grau. Mas o que vale é ter amigos poderosos e vértebras frágeis. Por decisão do ex-presidente Lula, Dias Toffoli foi escolhido para ocupar uma das cadeiras do Supremo Tribunal Federal. Tipo de coisa de uma república mequetrefe : um obscuro advogado, sem qualquer lastro intelectual, ligado até o pescoço com um partido político, reprovado em dois concursos para a magistratura estadual, é elevado a categoria de ministro do Supremo.
Dotado de um currículo medíocre, que tem a profundidade de um pires, Sua Excelência, amigo de mensaleiros, a quem, provavelmente, irá julgar, não teve o menor pudor em não se declarar impedido no processo do mensalão. Dias Toffoli chegou ao STF por vias transversas e, por consequência, faz parte de um grupo de 11 pessoas que formam a elite da elite dos agentes públicos, que tem o poder descomunal de decidir sobre a vida e o patrimônio de milhões de cidadãos. É coisa de gente grande.
O ministro já esteve metido em algumas situações atípicas para um juiz, inclusive com processos em juízo, mas como réu. Recentemente, numa festa com a nata da sociedade brasiliense, o ministro Dias Toffoli, alterado e verbalizando impropérios não compatíveis com o uso da toga, destratou Ricardo Noblat. E, descontrolado, colocou a mãe do jornalista no meio.
O Brasil não merece isso. Ainda em 2012, a presidente Dilma terá que nomear mais dois ministros para o STF, nas vagas de Ayres Brito e Cezar Peluso, que se aposentam por completarem 70 anos. Espera-se da presidente que melhore a qualidade da corte. Tanto entre advogados, quanto a magistrados e membros do ministério público existem nomes que honrariam o cargo.
(*) Nilson Borges Filho é doutor em direito, professor e articulista colaborador deste blog.
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