VEJA
27/04/2012 - 08:27
- Crime
Navi Pillay, alta comissária de Direitos Humanos da ONU (Denis Balibouse/Reuters)
A alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, manifestou nesta sexta-feira seu alarme pelo que 'parece ser uma preocupante tendência ao assassinato de jornalistas' no Brasil, e condenou a violenta morte de um conhecido jornalista político no Maranhão. Décio Sá, repórter do jornal O Estado do Maranhão e um dos blogueiros mais lidos naquele estado, investigava questões da política local, corrupção e crime organizado, e é o quarto jornalista assassinado no Brasil desde o início do ano por motivos relacionados à sua atividade profissional.
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"Condenamos seu assassinato. Estamos preocupados há tempos com essa questão. É necessário que os defensores dos direitos humanos brasileiros, incluindo os jornalistas, possam fazer seu trabalho sem temer a intimidação ou algo pior", afirmou Pillay. Sá foi assassinado a tiros na segunda-feira em um bar em São Luís, na capital, em um crime com características de ter sido encomendado.
O assassinato de Sá coincidiu com a advertência da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) de que a imprensa brasileira está ameaçada, refletindo em quatro homicídios em 2012, ao menos oito casos de agressões, seis de censura judicial, seis atentados, seis ameaças diretas e uma detenção injustificada.
Justiça - A alta comissária da ONU pediu às autoridades para tratarem o caso de Sá, assim como os anteriores assassinatos de jornalistas, como prioridade, de modo que os responsáveis não se sintam despreocupados pela atual falta de sanção. Ao mesmo tempo, pediu ao governo que 'comece imediatamente a tomar medidas de proteção para evitar mais incidentes desse tipo'.
Para a máxima responsável da ONU para questões de direitos humanos, um projeto de lei apresentado no ano passado ao Congresso do Brasil obrigaria as investigações policiais sobre crimes envolvendo jornalistas a ocorrer em âmbito federal, o que 'seria um passo na direção correta'. Pillay pediu a aprovação urgente dessa lei. Questionada se os autores dos quatro crimes de jornalistas brasileiros seriam os mesmos, o porta-voz de Pillay, Rupert Colville, não quis fazer uma especulação e lembrou que os crimes ocorreram em diferentes partes do país.
(Com agência EFE)
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