AUGUSTO NUNES
11/04/2012
às 17:17 \ Direto ao Ponto
É compreensível que o deputado debutante não soubesse que são imprevisíveis os caminhos percorridos por uma Comissão Parlamentar de Inquérito. Difícil é entender o que teria levado o detetive veterano a nem desconfiar que poderia ser pilhado no pântano que resolveu drenar. Candidato pelo PCdoB e eleito pela sobra de votos do colega Tiririca, foi Protógenes Queiroz quem propôs a instauração da CPI do Cachoeira, para investigar as ligações promíscuas entre o delinquente goiano e o senador Demóstenes Torres. Descobriu nesta terça-feira que mirou num adversário e atingiu a própria testa.
Como registra o comentário de 1 minuto para o site de VEJA, a divulgação das conversas entre o deputado e um figurão da quadrilha de Carlinhos Cachoeira avisa que Protógenes terá de explicar o suspeitíssimo conteúdo dos telefonemas grampeados pela Polícia Federal. O interlocutor do sherloque trapalhão é Idalberto Matias, o Dadá, ex-agente do serviço secreto da Aeronáutica e ex-funcionário da Delta Construções.
Não é pouca coisa, mas não é tudo: Dadá fez parte do bando que, na campanha eleitoral de 2010, agiu na usina de dossiês do PT para fabricar um papelório com acusações ao candidato José Serra. Um único fio pode conduzir a três meadas especialmente interessantes. O investigador açodado tem muito a dizer. Está em gestação, portanto, mais um exotismo da exuberante fauna política brasileira: Protógenes Queiroz será o primeiro parlamentar da história interrogado pela CPI que pariu.
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