MÍDIA SEM MÁSCARA
ESCRITO POR TIAGO VENSON | 11 ABRIL 2012
ARTIGOS - ABORTO
“A PepsiCo e a Senomyx se esquivam dizendo que eles não estão extraindo as células diretamente de um feto, mesmo que elas sejam, em última análise, derivadas de um feto abortado.”
Em 13 de maio de 2011, um artigo publicado no site da CBS (1) mostrava-se intrigado com os anúncios feitos pela Diretora Executiva da PepsiCo, Indra Nooyi, à revista The NewYorker, a respeito das pesquisas realizadas para a criação de produtos mais saudáveis e cientificamente melhorados destinados a um “mundo gordo”(2) . Segundo Indra, não é suficiente fabricar produtos gostosos: A PepsiCo deve também ser uma “boa companhia”, que aspire valores mais altos do que o serviço diário de produzir e vender bebidas e petiscos.
O articulista mencionava, entre outros, a criação de uma bebida inovadora, que conteria sessenta por cento menos açúcar, porém manteria o gosto idêntico do refrigerante normal, ao contrário dos produtos diet. O resultado seria alcançado por meio de substâncias biotecnológicas que não seriam açúcar, mas produziriam a sensação idêntica a do açúcar.
Um convênio de 30 milhões - com possíveis outros 32 milhões nos próximos quatro anos – foi celebrado entre a PepsiCo e uma empresa de São Diego denominada Senomyx para o desenvolvimento da tecnologia. A nomenclatura utilizada por essa companhia em seus produtos é obscura – S6973, S9632, S9229 – e a respectiva descrição é vaga – “sucrose enhancer” ou “new cooling agent”. Entretanto, os sabores receberam no fim de 2011 o status regulatório de GRAS, sigla para “geralmente reconhecidos como seguros”, o que significa que possuem permissão governamental para comercialização.
Acontece que, há algum tempo, a organização Filhos de Deus pela Vida tem denunciado que as pesquisas realizadas pela Senomyx utilizam como matéria prima células de bebês abortados. As noticias foram rapidamente replicadas por organizações e sites pro-vida, o que gerou iniciativas que vão desde boicotes aos produtos da Pepsi até a apresentação do projeto de lei SB1418 pelo senador Ralph Shortey, de Oklahoma, que proíbe a venda de produtos desenvolvidos ou que contenham restos de bebês abortados (3).
A PepsiCo se pronunciou afirmando que “não conduz ou financia pesquisas, inclusive realizadas por terceiros, que utilizem qualquer tecido humano ou células extraídas de embriões ou fetos”. A respeito das manifestações, a fundadora e diretora da Filhos de Deus para a Vida, Debi Vinnedge, disse que contatos individuais foram respondidos com mensagens, inclusive automáticas, de mesmo teor. Porém, tais afirmações conflitam com fortes evidências em contrário. Ela cita como exemplos a carta da própria PepsiCo que relata sua associação com a Senomyx para o desenvolvimento de novos sabores (4), e assegura que a Senomyx usa células de fetos abortados em suas pesquisas, conforme se verifica nos pedidos de patente da empresa sobre receptores de sabor doce (5), dos quais se extrai, expressamente: “we cloned human and rat T1Rs for functional expression experiment”.
Vinnedge alega que a negativa da PepsiCo se baseia em “contorções semânticas” (6), uma vez que as células utilizadas pela Senomyx, oficialmente conhecidas como HEK-293, provêm de um laboratório que as extraiu um bebê abortado nos anos 70, tendo as congelado e cultivado para produzir novas células, estas, por sua vez, fornecidas para empresas e laboratórios.
Desse modo, afirma ela, “a PepsiCo e a Senomyx se esquivam dizendo que eles não estão extraindo as células diretamente de um feto, mesmo que elas sejam, em última análise, derivadas de um feto abortado, e que essas células contenham todo o DNA daquele bebê, idênticas a que se extraíssem diretamente”.
A explicação pareceu convencer a Comissão de Seguridade e Comércio do governo Obama, a qual considerou as pesquisas realizadas pela Senomyx em convênio com a PepsiCo “operações normais de negócio”.
Atualmente, a Senomyx retirou de seu site a lista de seus parceiros. Entretanto, a LifeSiteNews disponibilizou uma captura de tela, um screenshot (7). Entre os associados, estão a Ajinomoto CO. Inc., Firmenich AS, Kraft Foods Inc. e a Nestlé.
Cabe esclarecer que, a princípio, ainda não existem células humanas em qualquer produto da PepsiCo, uma vez que os resultados do convênio estão previstos para depois de 2013 (8).
Referências:
(2) http://www.newyorker.com/online/2011/05/16/110516on_audio_seabrook
(3) http://www.cpadnews.com.br/integra.php?s=12&i=12549
(5) http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC123709/
(7) http://phx.corporate-ir.net/External.File?item=UGFyZW50SUQ9OTYxMDJ8Q2hpbGRJRD0tMXxUeXBlPTM=&t=
(8) http://www.lifesitenews.com/blog/confused-about-the-pepsi-fetal-cell-issue-here-are-the-facts/
Tiago Venson é advogado e marceneiro.
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