LUCIANO AYAN
Fonte: Folha
Dados de censos colhidos desde o século 19 indicam que a religião pode ser extinta em nove nações ricas que foram analisadas em um estudo científico.
A pesquisa identificou uma tendência de aumento no número de pessoas que afirmam não ter religião na Austrália, Áustria, Canadá, Finlândia, Irlanda, Holanda, Nova Zelândia, Suíça e República Tcheca –o país com o índice mais elevado, com 60%.
Usando um modelo de progressão matemática, o levantamento –divulgado durante um encontro da American Physical Society– mostra que as pessoas que seguem alguma religião vão praticamente deixar de existir nestes países.
Na Holanda, por exemplo, 70% dos holandeses não terão religião alguma até 2050. Hoje, esse grupo é de 40% da população.
Meus comentários
Antes de tudo, a própria noção de que a religião pode ser extinta com base em “modelo de progressão matemática” é uma besteira infindável. Imagine como seria: hoje existem mais leitores de livros de vampiros do que existiam há 50 anos. Logo, seguindo um modelo de progressão matemática pode-se prever uma data onde livros que não sejam de vampiros vão praticamente deixar de existir.
O problema é que análises de “progressão matemática” neste caso ignoram fatores como eventos que levaram a um sucesso da série “Crepúsculo” e até a possível estagnação das histórias de vampiros no futuro. Ou seja, é provável que chegue alguma hora onde o pessoal NÃO AGUENTE MAIS ler livros de vampiros, e poderão escolher outros livros.
Outro exemplo é o sucesso do filme Avatar, que faturou quase 3 bilhões de dólares. Ora, alguém poderia prever um início da era dos filmes em 3D, certo? Errado, pois o público se cansou do 3D e vários filmes do tipo estão sendo fracassos de bilheteria. Um exemplo é o recente “John Carter”, que segue os moldes de Avatar e fracassou retumbantemente.
Que fique claro, nesses dois exemplos citados: usar modelos de “progressão matemática” em cenários complexos que envolvem engenharia social, fatores culturais, luta pelo poder e/ou conflitos políticos, é uma besteira sem fim.
De qualquer forma, é verdade que em países de altíssima orientação esquerdista, exista um movimento de sentimentos anti-religiosos. Portanto, em todos os 9 países acima, é esperado que a religião realmente diminua, mas não há nada que afirme que ela vá sumir.
Mas a coisa ainda não fica totalmente livre de problemas: não é que a religião está sumindo, mas sim a religião tradicional, pois conforme já publicado aqui, a regra é bastante lógica: a redução da religião tradicional é diametralmente oposta ao aumento da religião política.
Mesmo que exista o aumento da religião política, é também importante notar que a redução da religião no Ocidente refere-se à religião cristã, mas a expectativa é de um aumento do islamismo, que não é tão tolerante ao ataque anti-religioso.
Logo, nem mesmo existem garantias de um aumento da religião política até um ponto em que a religião tradicional não mais existirá. Existem vários fatores, como a queda do cristianismo (e consequente aumento do islamismo), que poderão criar uma nova era de religião tradicional, mas agora do tipo que não irá se submeter à religião política.
Por tudo isso, o lugar dessa teoria apresentada no texto da Folha é a lata do lixo…
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