LUCIANO AYAN
Há algum tempo atrás eu fiz o post “O que a gestão de projetos nos ensina sobre o perigo dos projetos esquerdistas?”.
Agora, quero falar da consultoria em processos, ao invés da gestão de projetos.
Um consultor é aquele profissional que realiza diagnóstico e formula soluções com base em alguma especialidade. Em alguns casos existe também um papel chamado Gerente Consultor, no qual alguém pode ser um gerente de uma área ou projeto, e também ser consultor em alguma especialidade.
Empresas de consultoria costumam gostar muito desse tipo de profissional, que possui ao mesmo tempo habilidades em gestão e especialidades conforme necessárias para a empresa, geralmente para serem utilizadas como venda de serviços de consultoria aos clientes.
Existem várias formas de atuação de um consultor, podendo ser de forma autônoma, como também através de uma empresa de consultoria (que vende os serviços de grupos de consultores). Há também o perfil de consultor interno, aquele profissional especialista que presta esse tipo de serviço dentro da sua própria organização.
Não quero entrar em muitos detalhes a respeito da profissão “consultor”. Caso se interesse, recomendo o Google.
Quero falar sobre uma das principais características de um consultor no dia a dia profissional, pois tenho bastante carinho por esta forma de atuação. Já realizei várias consultorias em meu histórico profissional.
Como também já liderei times de consultores, creio que hoje tenho uma certa experiência para dizer se um consultor “presta” ou “não presta”. E já vi vários consultores que “não prestam”. Podem até serem bons analistas, mas jamais bons consultores.
Certa vez, eu designei um consultor para atuar em um projeto de melhoria de processos de atendimento para uma grande empresa de Telecom. Ele realmente tinha muita experiência e várias certificações profissionais, mas seu problema mais grave era a incapacidade de ouvir o que o cliente tinha a dizer. Ele também não prestava muita atenção ao ambiente da organização alvo. Basicamente, tinha soluções prontas.
Ele chegou a propor a remodelação do escritório de projetos da organização. Para vocês terem uma idéia, isso envolveria mudar TODA A ESTRUTURA da organização. E não era a área com problemas. Ele simplesmente veio com a “solução na cabeça” e começou a propor maravilhas.
Eu dei o primeiro feedback mais ou menos dessa forma: “Olha, meu amigo, por favor, não faça propostas. Pelo menos no início. Quero que você apenas faça entrevistas e me passe uma visão geral do cenário atual. Sem isso, não proponha mais nada. Pode ser?”. Ele concordou.
Mas, em um estilo quase psicótico, lá estava de novo na semana seguinte a figurinha propondo implementar a Gestão de Serviços de TI e um portfolio de TI. Curiosamente, ele se esqueceu de que a organização já tinha um programa de gerenciamento de serviços de TI…
Novamente, dei um feedback. E na semana seguinte outro, já impaciente. Dias depois o cliente me contatou e pediu para trocar de consultor. Motivo: o consultor em questão “não ouvia as reais necessidades” da organização.
Imediatamente, troquei de consultor e daí para frente o projeto foi muito bem. A carreira do consultor desalocado da Telecom também não foi adiante…
Hoje em dia, com mais experiência, eu não demoraria tanto para trocar de consultor. Naquele caso, eu dei 3 chances. Hoje em dia, o segundo erro já é motivo para realocação de profissional.
O consultor hoje em dia não pode ser cobrado apenas por sua habilidade técnica e especialidades, mas especialmente quando à capacidade de ENTENDER as reais necessidades do cliente. Há um termo para isso: escuta ativa. De 10 consultores que avalio, 1 ou 2 possuem essa habilidade.
E o que tudo isso tem a ver com o debate esquerda X direita? Simples. Todo bom consultor é um conservador. Ele passa a maior parte do tempo ENTENDENDO o seu ambiente, a organização alvo e ouvindo o cliente, para aí, somente aí, propor soluções. Ou até mesmo avaliar que não é um momento de mudança.
Se o consultor é um conservador no ambiente profissional, ele deve sê-lo na avaliação das propostas de “mudança de mundo”? Com certeza, pois aí os impactos são bem maiores.
Ou você conhece alguma mudança organizacional que levou várias pessoas para a guilhotina? Ou mesmo alguma mudança de algum sistema ERP que causou um genocídio?
No cenário político, no entanto, os “projetos de melhoria” de esquerdista já causaram mais de 150 milhões de mortes, quando contabilizamos as mortes da Revolução Francesa, do Nazismo e do Marxismo.
Isso acontece por um aspecto principal.
Nos tempos da religião tradicional, ao que parece, a principal iniciativa, mesmo que a partir da crença em deuses, era tentar ENTENDER o mundo. Há vários ensinamentos sábios em várias religiões, do islamismo ao cristianismo, do hinduísmo ao judaísmo.
John Gray, em “Missa Negra: Religião Apocalíptica e o Fim das Utopias”, escreve o seguinte:
[...] a humanidade tem outros mitos, que podem ajudá-la a enxergar com mais clareza. Na estória do Gênesis, o homem foi expulso do paraíso depois de provar da Árvore do Conhecimento, sendo obrigado a prover para sempre o seu sustento com o próprio trabalho. Não há, aqui, qualquer promessa de volta a um estado de inocência primordial. Uma vez comido o fruto, não há como voltar atrás. A mesma verdade está contida na estória grega de Prometeu e em muitas outras tradições. Essas lendas antigas constituem bússolas mais claras do presente que os modernos mitos de progresso e Utopia.
O que entendo dessa análise é que os mitos antigos focavam em estudos sobre a natureza humana e sobre o mundo, tentando olhar como ele realmente é. E, se há mudanças que o homem pode ambicionar, estas mudanças devem ser pensadas considerando essas características.
É mais ou menos como um consultor pensaria, tentando observar a sua organização alvo e, antes de pensar em solucionar problemas, ao menos entender de fato quais são os problemas e os impactos que a possível solução traria para a organização.
Em oposição à religião tradicional, o aspecto mais grotesco de toda a iniciativa dos religiosos políticos é surgirem com soluções prontas, mas sem jamais observarem o mundo como ele é.
Se o marxismo pôde exterminar milhões, isso só ocorreu pelo fato de um sistema ter sido implementando e, na ditadura do proletariado, algumas pessoas tiveram a possibilidade de exterminar os demais. A pergunta é: por que o “consultores” da esquerda não previram essa consequência?
No mundo corporativo, um consultor que tenha feito um projeto de melhoria com resultados tão catastróficos seria taxado de desqualificado, tendo a pior das características de um consultor fraco: “a incapacidade de ouvir e portanto de entender o mundo que o rodeia”.
Outro exemplo: as feministas prometeram que, ao trazer emancipação para as mulheres, estas seriam realizadas e felizes. Mas um estudo publicado há tempos, mostrou que as mulheres nunca estiveram tão infelizes, enquanto os homens nunca estiveram tão felizes.
Mas as feministas não teviam ter ouvido as REAIS NECESSIDADES das mulheres quando fizeram sua campanha? Se ouviram, por que, após as mudanças implementadas de acordo com o feminismo (na Suécia, os homens estão até mijando sentados), as mulheres ficaram menos felizes?
Na verdade, o que ocorre com os esquerdistas é que eles vivem querendo “mudar o mundo”. Eles não precisam entendê-lo, pois já sabem “o problema” e já definiram “os culpados”. E, é claro, “tem a solução”.
Obviamente, jamais procurarão entender a natureza humana, o aspecto biológico humano, os instintos humanos, e as consequências de mudanças feitas somente para atender a manias e demandas artificiais. Os esquerdistas possuem todas as características, em seus projetos de “mudar o mundo”, que fariam com que eles, caso estivessem na posição de consultores corporativos, fossem considerados DESQUALIFICADOS para a função, pois a função primordial de um consultor (entender o cenário foco da mudança) eles jamais executaram.
No mundo político, os bons consultores vão na direção oposta à esquerda. E, bizarramente, são os consultores políticos de quinta categoria, os esquerdistas, os que mais dão sugestões de “melhoria”.
É um filme que já vi antes…
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