CARTA CAPITAL
21.03.2012 16:59
Um antigo flerte entre as duas bancadas mais representativas do Congresso está prestes a virar casamento. Evangélicos e ruralistas estão perto, muito perto de lançar uma frente conjunta para votar dois dos projetos mais sensíveis aos interesse do governo – e também dos setores que representam: a Lei Geral da Copa e o novo Código Florestal.
Deputado federal João Campos, da Frente Parlamentar Evangélica, se reunirá ainda hoje com Moreira Mendes da bancada ruralista. Foto: Luiz Alves/Agência Câmara
Juntas, as duas bancadas podem reunir 170 votos, o que representa 33% do parlamento. É quase o dobro da bancada do PT (85 deputados), a maior da Casa. A fidelidade à bancada, quando o assunto é pauta, é maior até mesmo do que ao partido. O que pode significar um esfacelamento ainda maior da base do governo.
“O governo terá de se preocupar”, afirma o e João Campos (PSDB-GO), expoente do grupo evangélico que costura com o colega Moreira Mendes (PSD-RO), representante do agronegócio.
Em entrevista a CartaCapital, Campos explica que uma conversa preliminar foi firmada na sexta-feira 16 e que Moreira Mendes foi receptivo. Um novo encontro estava marcado para quarta-feira 21. A votação dos projetos que podem mudar as regras da Copa e do plantio no Brasil tem provocado um levante de congressistas contra as propostas apoiadas pelo governo. A bancada evangélica abomina a ideia de se liberar a venda de bebida alcoólica nos estádios durante os jogos. Um acordo firmado com a Fifa, em que se compromete a permitir a venda de álcool, deixa o governo de mãos atadas nessa votação – já que um dos patrocinadores do Mundial é justamente uma marca de cerveja. Mesmo assim, no último texto aprovado, a decisão sobre a liberação passava para a mão dos estados.
Já os ruralistas se opõem a itens do novo Código Florestal aprovado no Senado e ambicionam retornar para a primeira versão aprovada na Câmara na primeira derrota da presidenta Dilma Rousseff na Casa, em 2011. Para o governo, no entanto, o projeto sancionado pelos senadores é o texto mais próximo de um consenso entre ruralistas e ambientalistas.
A Conferência sobre o meio ambiente Rio+20, que será sediada pelo país neste ano, aumenta a pressão para aprovar um código que agrade os defensores da natureza. Dilma ameaça, inclusive, vetar a versão final.
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