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sexta-feira, 23 de março de 2012

ESQUERDISMO, BANDITISMO E RESPONSABILIDADE INDIVIDUAL

 

O COYOTE


Esta entrada foi publicada em 23/03/2012, in COLUNISTAS. Crie um bookmark para o link permanente. Deixe um comentário

POR EWERTON ALÍPIO

Fui seduzido pelo canto das sereias da revolução socialista em 2001. Inimizei-me com meus pais e não tomei o reto caminho do trabalho e da temperança. Só conhecia a disciplina partidária e o centralismo democrático. Este colunista então fazia parte do braço juvenil do Partido Comunista Revolucionário (PCR), o qual foi fundado em maio de 1966, em Recife. Em julho de 1981, seus membros decidiram pela fusão com o vil Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8) e, em fevereiro de 1995, o descontentamento de um punhado de militantes com a linha “nacional-libertadora” dessa organização engendrou a refundação do PCR. Assim, em 2004, ainda embevecido com os delírios de Marx, Engels, Lênin, Stálin, Luís Carlos Prestes e Enver Hoxha, fui designado para o trabalho de “agitação, propaganda e organização” (no jargão comunista) do Partido num terreno invadido por sem-tetos que ora é um “conjunto habitacional” (sic) situado na Zona Oeste de Natal. Os sem-tetos, “estudantes” (eu incluso) e sindicalistas organizaram toda uma infraestrutura coletiva, com banheiros, cozinha, distribuição de água e fornecimento de energia elétrica (ligações clandestinas, diga-se). Além desses crimes, dos quais não me eximo, o que vi nessa ocupação? Almas cândidas? Párias comparáveis aos retratados no filme As vinhas da ira de John Ford? Operários análogos aos personagens dos romances de Jorge Amado e Máximo Gorki? O que presenciei lá, caro leitor, foi uma medonha milícia lumpemproletária, camada social que abarca vadios, prostitutas, proxenetas, assaltantes, pequenos traficantes, macumbeiros, ex-presidiários, catadores de lixo etc. E ninguém menos que Karl Marx (Karl Marx!) declarava-se abertamente contrário à revolução dos marginais. Leia o que segue:

“A pretexto de fundar uma sociedade beneficente, o lumpemproletariado de Paris fora organizado em facções secretas, cada uma das quais dirigida por agentes bonapartistas e sob a chefia geral de um general bonapartista. Lado a lado com rouésdecadentes, de fortuna e de origem duvidosa, lado a lado com rebentos degenerados e aventureiros da burguesia, havia vagabundos, soldados desligados do exército, presidiários libertos, forçados foragidos das galés, chantagistas, saltimbancos, lazzarani, punguistas, trapaceiros, jogadores, maquereaus, donos de bordéis, carregadores, literatos, tocadores de realejo, trapeiros, amoladores de facas, soldadores, mendigos, em suma, toda essa massa indefinida, desagregada, flutuante, a que os franceses chamam la bohème; com esses elementos afins Bonaparte formou o núcleo da Sociedade do 10 de Dezembro”.

Lá testemunhei toda sorte de vícios, degenerescência moral e decomposição social. Vi somente pequenos deuses e bebezões que só exigiam direitos e nunca assumiam responsabilidades. Isto e a incoerência – se bem que a voracidade pelos recursos da Caixa/Gidur superou tal divórcio entre teoria e prática – assinalada aqui suscitaram minha primeira crise ideológica.

O DNA criminoso da esquerda

Em novembro de 1935, ao tempo de sua prisão na Casa de Detenção do Recife logo após o malogrado levante militar-comunista no Rio Grande do Norte, Pernambuco e Rio de Janeiro, o comunista histórico Gregório Bezerra recebeu a visita do lendário cangaceiro Antônio Silvino. Bezerra comenta o episódio em suas Memórias:

“Antônio Silvino, na intimidade, fez-me algumas críticas ao movimento, achando que o assalto deveria ter sido simultâneo e bem dirigido e que havíamos agido precipitadamente”. (…) “Conversávamos muito sobre o tempo em que vivera no cangaço. Ensinou-me como deveria lutar nas caatingas e nos sertões, contou-me suas peripécias, seus sofrimentos e suas alegrias, suas vitórias e suas derrotas, sobretudo a obediência e a ordem que podem reinar num grupo de cangaceiros”.

O velho revolucionário também relata que na prisão da Ilha de Fernando de Noronha cooptou politicamente presos comuns.

Exemplos da aliança comuno-criminosa são profusos na literatura esquerdista e na história. As provas são insofismáveis!

Durante a ditadura militar, o poeta Alex Polari foi militante dos grupos terroristas VPR e Var-Palmares, que adotaram a luta armada visando à instalação de um regime comunista no Brasil. Em seu livro de memórias, Polari coloca:

“Sobre os escombros do etapismo democrático do Partidão (primeiro forjar alianças com setores liberais e a burguesia nacional para fortalecer o capitalismo e depois pensar no socialismo) e do Programa Socialista da POLOP (a primeira grande crítica do Reformismo) introduzimos as camadas marginais e o lumpemproletariado como setores sociais potencialmente revolucionários, dada as condições do processo de urbanização caótico do capitalismo brasileiro e a tendência concentracionista cada vez mais excludente que tendia a gerar um contingente de marginalidade econômica, social e civil”.

Acerca do caso do bandido Julianderson Marcelo, morto no dia 15 de março pelo médico aposentado Onofre Lopes Junior numa tentativa de assalto em Lagoa Nova, frangotes saídos do CCHLA-UFRN estão dando chiliquinhos efeminados ante o apoio da maioria do povo natalense ao essencial direito humano à legítima defesa exercido pelo idoso. Esses intelectuais menores são crias da miserável Geração de 68, que há cerca de décadas vêm vendendo a noção de que entidades coletivas e abstratas como “meio” e “sociedade” são responsáveis pelo flagelo da violência. Na verdade, eles negam a substancialidade da consciência individual porque não querem assumir as responsabilidades pelas consequências de seus atos. De resto, penso que a idéia de que cada um deve ser responsabilizado pelas próprias ações precisa ser restaurada.

Fontes:

MARX, Karl. O dezoito Brumário de Louis Bonaparte. 3. Ed. – São Paulo: Centauro, 2003.

BEZERRA, Gregório. Memórias (primeira parte: 1900-1945). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1979.

POLARI, Alex. Em busca do tesouro. Rio de Janeiro: Editora Codecri Ltda, 1982.

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