NIVALDO CORDEIRO
11/02/2012
Toda gente sabe das nefastas conseqüências políticas e eleitorais da greve das Polícias Militares, que parece agora se transformar em um levante nacional contra a ordem e a Constituição. A quem aproveita? Quem formula e quem manda nessa ação maligna? Penso que o primeiro perdedor é o Partido dos Trabalhadores, que vê assim ameaçada sua marcha no rumo da hegemonia eleitoral total. Se são petistas os puxadores da greve, por que o fazem?
Responder a esse enigma é compreender os subterrâneos do processo político nacional. O diagnóstico se completa olhando a foto de Gilberto Kassab na festa de aniversário do PT, publicada nos jornais de hoje, e também com a ilógica nomeação de Eleonora Menicucci como titular da Secretaria para as Mulheres. O que têm esses três fatos em comum?
Em primeiro lugar, a história da ação política do PT tem sido apostar no grevismo e no confronto, contando com a benevolência do poder constituído. Desde que o regime militar foi condescendente com Lula a coisa virou benchmark para a ação sindical. Os sindicalistas radicalizam contando que, ao final, serão perdoados e tratados como heróis. Ocorre que greve de policiais é motim e, armados, podem gerar fatos espetaculares contra a hierarquia e a ordem estabelecida. Um disparo acidental será capaz de liberar energias repressivas e destrutivas que se encontram represadas. É evidente que não há recursos orçamentários para dar mais aumentos à soldadesca e o governo federal não tem como subsidiar o pagamento adicional de salários dos Estados quebrados. Fora de questão dar aumentos, portanto.
Por que insistem, ainda assim? Pela lógica do escorpião da fábula tantas vezes contada. E pela crença de que não é real a escassez de recursos, bastando a vontade política para que eles apareçam. O escorpião da fábula é aquele que quer atravessar a água e pede à rã uma carona e a mata a meio do caminho (A rã aqui é a Dilma Rousseff), suicidando-se. Puro instinto assassino. O fato é que esse movimento é explosivo e de alto impacto nas eleições do segundo semestre, mormente pela proximidade. O PT nada tem a ganhar, a menos que acreditemos que o partido queira fechar o regime e governar de maneira autoritária e cesarista. Até onde se sabe não teria forças para isso.
Em segundo, o gesto do prefeito Gilberto Kassab é o coroamento da completa adesão das elites tradicionais ao petismo. Ele é o emblema do desaparecimento das oposições. O gesto aumenta o poder do PT e isso reforça a ousadia da base política, que tende a fazer greve pela greve, ignorando os cálculos político-eleitorais.
Em terceiro, o sestro petista de dizer uma coisa e fazer outra agora encontrou o seu limite. A meta estratégica do PT em 2012 é eleger Fernando Haddad prefeito de São Paulo, fato que não ocorrerá contra o sentimento conservador da população. Ele que, quando ministro, patrocinou o rejeitado "kit gay", que provocou repúdio nacional. DilmaRousseff se elegeu tranqüilizando conservadores crédulos, que acreditaram ser ela contra o "kit gay" e contra o aborto. A ministra Menicucci é defensora do abortismomais horripilante e desenfreado. A combinação do "kit gay" com o abortismo sem peias será devastadora nas eleições paulistanas, contra o PT. Mas o instinto de escorpião parece que prevaleceu. Os petistas se comportam como se fossem conseguir enganar a todos o tempo inteiro.
Será difícil agora convencer o eleitorado que o PT não tem como ponto programático principal essas bandeiras nefandas do marxismo cultural. Talvez contem que a greve dos policiais militares estejam engendrando o próximo presidente da República. Quem sabe um heróico praça baiano venha a ser o sucessor de Dilma Rousseff, pois não?
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