LUCIANO AYAN
Fonte: Paulopes
por José Geraldo Gouvêa em resposta a um leitor no post “Abertura de empresa no Brasil demanda 119 dias e de igreja, 5″
– Quais os critérios destes jornalistas para dizer que alimentos e remédios são itens mais essenciais à vida que a fé?
Permaneça 40 dias sem comer e sem tomar remédios, apenas rezando com fé.
– Com fé, o paciente ajuda o médico. Sem ela há apenas a relação entre um cadáver e o legista.
Sem remédio, mas com fé, você logo se torna cadáver. Fé cura enxaqueca e TPM, mas nunca vi curar meningite ou câncer.
– Assim, a fé é um item mais essencial que alimentos e remédios e não deve ser tributada, mesmo porque não pode ser quantificada de forma precisa.
De tudo que você disse, a única coisa que não é absurda é a última frase: razão de não se tributar a fé está no seu caráter abstrato. Eu concordo que igrejas não devem ser tributadas, porém também concordo que:
a) deva haver controles sobre sua criação e administração
b) deva haver menos burocracia para criar empresas
c) deva haver submissão das igrejas à lei humana, como recomendou o apóstolo Paulo.
Entre os controles mencionados, a obediência a níveis de ruído pelos cultos, a localização dos templos segundo posturas municipais etc.
Não sou a favor da desburocratização assim, de forma absoluta. Não custa lembrar que a burocracia é uma forma de controle.
Controles excessivos são ruins, mas a ausência de controle é ruim também. Nenhum país do mundo permite que as empresas se fundem sem controle. Alguns apenas colocam os controles de forma posterior (acompanhamento).
Meus comentários
A resposta neo ateísta “Permaneça 40 dias sem comer e sem tomar remédios, apenas rezando com fé” é uma falácia do falso dilema, onde se finge que alguém só pode ter uma ou outra opção, o que é falso. Na verdade, o ato de rezar não impede que alguém tome remédios.
A resposta seguinte, “Sem remédio, mas com fé, você logo se torna cadáver. Fé cura enxaqueca e TPM, mas nunca vi curar meningite ou câncer”, é igualmente a prática da falácia do falso dilema. José Geraldo (o neo ateu) finge que a pessoa só poderá rezar se não tomar remédios, e como já mostrei isso não passa de mentira.
Mas não é só o neo ateu que cometeu erros absurdos, pois essa frase do religioso é também digna de críticas: “a fé é um item mais essencial que alimentos e remédios e não deve ser tributada”. Na verdade, a fé é de foro individual, e NÃO PODE ser quantificada em termos de valor na comparação com alimentos e remédios.
A sequência de erros lógicos prossegue, novamente por parte do neo ateu, ao ressaltar alguns pontos que ele consideraria fundamentados em seu argumento.
Ele afirma que em relação às igrejas “deva haver controles sobre sua criação e administração”. Mas estes controles existem, obviamente, e são naturalmente mais “frouxos” do que para as empresas tradicionais. Na verdade, uma igreja é como uma ONG, e por ser uma entidade que é basicamente sustentada por doações, requer menos formalidade.
Em relação às empresas, ele afirma que “deva haver menos burocracia para criar empresas”, o que pode ser até uma solicitação justa, mas nem de longe ele poderia querer igualar entidades COMERCIAIS com entidades que vivem de doações. Pedir isso é ingenuidade, assim como pedir para o estado ser burlado de maneira mais fácil.
Ao final, o neo ateu conclui com a idéia de que “deva haver submissão das igrejas à lei humana, como recomendou o apóstolo Paulo”. Isso é sustentado por uma mentira, pois ele toma como premissa a idéia de que as Igrejas NÃO SÃO submissas à lei humana. Só que se alguém matar uma pessoa dentro de uma igreja, será punido da mesma forma que se matar alguém fora dela.
O truque dele é a ampliação indevida, na qual o neu ateu pega a idéia de que entidades que recebem doações (como igrejas) possuem menos formalidades burocráticas para regulamentação em relação às empresas tradicionais, e depois sai tachando, em puro raciocínio difamatório: “Igreja estão fora da alçada da lei hoje em dia”.
No geral, não há quase nada que tenha sido escrito pelo neo ateu José Geraldo que não se qualifique como falácia de baixíssimo nível.
É o nível de um sujeito que sabe que não tem mais nada a perder em debates.
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