21 de dezembro de 2011
Julio Severo
O Projeto de Lei 1411/11, do deputado Washington Reis (PMDB-RJ), está causando polêmica em sua intenção de lidar com a questão homossexual dentro da igreja. O projeto acertou quando estabeleceu que “não é crime a recusa, por parte de clérigos de templos religiosos, de efetuar casamento em desacordo com suas crenças.”
Contudo, errou quando estabeleceu que “não cometem crime organizações religiosas que não aceitarem, em cultos, a permanência de cidadãos que violem seus valores, doutrinas, crenças e liturgias.”
Se a igreja não quiser aceitar pecadores, qual sua utilidade? Tal atitude está de acordo com o Evangelho? De onde veio a inspiração para tal projeto?
O Congresso Nacional vem vomitando uma a enxurrada de projetos de lei que não têm nenhuma função social a não ser prejudicar os cidadãos. Desde projetos que criminalizam pais e mães que educam os filhos até projetos que propõem o aborto como direito das mulheres.
E agora um projeto de lei para manter os homossexuais fora da igreja?
A igreja realmente precisa de leis para manter os pecadores longe das igrejas?
O cristão detesta a pedofilia. Só por isso agora as igrejas deverão evitar os pedófilos?
O cristão detesta assassinatos, inclusive o aborto. Só por isso agora as igrejas deverão evitar assassinos e mulheres que deliberadamente abortam seus bebês inocentes?
O cristão detesta a prostituição. Só por isso agora as igrejas deverão evitar os homens e as mulheres que estão nesse pecado?
Jesus Cristo não veio para banir os pecadores, mas para morrer por eles. Embora o Estado tenha de lidar com os pecadores conforme seus pecados, punindo capitalmente assassinos e estupradores de crianças e castigando violadores da ordem social, a igreja tem um chamado diferente. A igreja deve amar todos os que Jesus Cristo ama.
Os homossexuais, os pedófilos, os médicos aborteiros, os comunistas, os neonazistas, os terroristas islâmicos e quaisquer outros pecadores não devem ser impedidos de entrar na igreja. Só devem ser impedidos de se tornar líderes. Depois de transformados e provados em seu caráter e integridade moral e bíblica, podem ocupar o púlpito da igreja.
A igreja não precisa de nenhuma lei especial para se proteger. É verdade que o governo que está avançando na invasão dos direitos dos pais e das famílias cedo ou tarde vai invadir as igrejas e violar os direitos de Deus e dos líderes de Deus, mas não precisamos de leis para nos proteger de invasões de autoridades do governo nos lugares mais sagrados de nossas igrejas. Temos o exemplo da Palavra de Deus:
“Quando se tornou poderoso, [o rei] Uzias ficou cheio de orgulho, e essa foi a sua desgraça. Ele pecou contra o Eterno, o seu Deus, pois entrou no Templo para queimar incenso no altar do incenso. O Grande Sacerdote Azarias e oitenta sacerdotes corajosos entraram atrás do rei e o enfrentaram, dizendo: — Ó rei, o senhor não pode queimar incenso ao Deus Eterno. Só têm esse direito os sacerdotes, os descendentes de Arão, que foram separados para este serviço. Saia deste Santo Lugar, pois o senhor pecou contra o Deus Eterno, e por isso ele não vai abençoá-lo. Ao ouvir isso, Uzias ficou furioso com os sacerdotes. Ele estava ali no Templo, perto do altar do incenso, segurando o queimador de incenso. E, no momento em que ficou furioso, uma terrível doença da pele apareceu na sua testa. Azarias e os sacerdotes, vendo que ele estava com aquela terrível doença, o expulsaram imediatamente do Templo. E ele mesmo tratou de sair depressa, pois o Deus Eterno o havia castigado.” (2 Crônicas 26:16-20 BLH)
A igreja não precisa de uma lei para se proteger do Estado que se intromete, mas da coragem de Azarias para confrontá-lo. Precisa também da coragem de Azarias para confrontar os líderes evangélicos (Magno Malta, Marcelo Crivella, Manoel Ferreira e outros) que cometem traição contra os cristãos e contra Cristo ao se alinharem desavergonhadamente aos próprios políticos que estão colocando os alicerces legais e estatais de perseguição aos cristãos e às igrejas.
O papel do Estado é criminalizar condutas socialmente prejudiciais e castigar os indivíduos que persistem nelas, e não criminalizar igrejas ou estabelecimentos comerciais por suas livres escolhas.
Um estabelecimento comercial tem a liberdade de recusar a presença de determinados indivíduos em seus espaços, mas moralmente a igreja só é livre para recusar a presença de determinados indivíduos em sua liderança, deixando os bancos da igreja livres para qualquer pecador ocupar e ouvir o Evangelho que salva e liberta. Os pecadores devem ter total liberdade de entrar na igreja, mas não de serem ser pastores, padres e mesmo porteiros de igrejas, enquanto não permitirem que seus pecados, hábitos e condutas tortos sejam desenraizados de suas vidas.
Um estabelecimento comercial, como pensão, hotel ou outra empresa, tem o direito de recusar uma dupla homossexual, ou um homem e uma mulher que não são casados, ou pedófilos, etc. É direito do dono do estabelecimento tomar essas decisões morais. Qualquer interferência estatal nas decisões morais de um dono de negócio equivale à tirania.
Portanto, o Dep. Washington Reis deveria direcionar seu projeto para proteger donos de empresas e outros estabelecimentos privativos que querem liberdade de não contratar funcionários depravados.
Em contraste, a igreja não é uma empresa. Ela tem a missão de acolher todos os pecadores para sua libertação e salvação.
Os pecadores, inclusive os homossexuais, devem sempre ser benvindos na igreja e devem gozar de total liberdade de se sentarem no banco das igrejas para ouvir o Evangelho, desde que a presença deles não seja motivada por militância, desordem e anarquia.
Fonte: www.juliosevero.com
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