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quarta-feira, 12 de outubro de 2011

OLAVO DE CARVALHO LENDO MAQUIAVEL

NIVALDO CORDEIRO


12/10/2011

Volto ao tema do livro de Olavo de Carvalho sobre Maquiavel (Maquiavel ou a Confusão Demoníaca, Vide Editorial, Campinas, 2011) porque o tema é muito importante e porque o autor conseguiu, com o livro, elevar-se a um patamar em que estão Leo Strauss e EricVoegelin. A chave para compreender a obra está precisamente no subtítulo: a confusão demoníaca. O legado monstruoso de Maquiavel se estende desde que escreveu e foi um dos autores fundamentais a fundar a modernidade.

Olavo de Carvalho lançou mais luz sobre a ciência política ao mostrar a alma aleijada que foi o florentino, uma aberração moral e um oportunista sem sucesso. É incrível como a modernidade vai lhe dar crédito. Todos os jacobinos candidatos a novos príncipes o exaltaram, bem como seus intelectuais acólitos. Sem a Reforma Maquiavel não teria sido mais do que uma curiosidade na história da ciência política. Entendo que a Reforma cristalizou a rebelião contra Deus e abriu as portas para que os Estados nacionais passassem a encarnar a própria divindade e a sua lei adquirisse a pretensão de vontade divina.

Os filhos mais diletos do florentino estão no século XX, tempo maldito. Lênin é seu discípulo, assim Hitler e todos os totalitários. Maquiavel desdenhou da obrigação moral daqueles que chegam ao poder. O elo entre moral e poder foi descoberto por Platão e aos governantes nunca foi permitido ignorá-lo. Maquiavel achou que dizia novidade ao proclamar a autonomia do príncipe em relação à transcendência. É apenas a subversão contra Deus na sua dimensão mundana. A Reforma encarregou-se do resto.

O capítulo 10 do livro de Olavo de Carvalho (Inversão Paródica do Cristianismo) é bem didático ao percorrer as cambalhotas do florentino quando pretende alavancar o pensamento da Igreja para justificar seu amoralismo. Maquiavel não passa de um anticristão bastante consciente de sua deficiência moral. Ele foi assim o profeta dos novos tempos modernos, com seus horrores e suas subversões. O livro do Olavo de Carvalho foi muito feliz na apresentação desse Maquiavel amaldiçoado.

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