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sexta-feira, 11 de março de 2011

O “Plano Renascer” das FARC chegou a Bogotá

MÍDIA SEM MÁSCARA

O que a subversão quer é sepultar sob um manto de esquecimento legal os primeiros trinta anos de violências, infâmias e manipulações que o comunismo necessitou para consolidar seu projeto totalitário na Colômbia.

Apenas algumas horas antes que o advogado Fernando Vargas Quemba sofresse um grave atentado em Bogotá, do qual por sorte saiu ileso, pois seu carro blindado o protegeu, o comandante das Forças Militares, Almirante Edgar Cely, dizia a jornalistas de "El Colombiano" que a Segurança Democrática não estava perdendo terreno, e que o que havia "no imaginário coletivo" era unicamente "a impressão que geram muitas coisas pontuais, pequenas".
O Almirante Cely acrescentou que, graças ao esforço das Forças Militares, "o país pôde sair dessa época de terror, de seqüestro nas cidades e de problemas tão delicados que haviam". E deu a entender que o problema é isto: "as pessoas não denunciam".
Tal valorização da situação da ordem pública, lamentamos dizer, é errada. O país, pelo contrário, está sendo levado de novo e a marchas forçadas - pela ofensiva que as FARC realizam e pelos erros do novo governo -, a uma nova fase de terror, insegurança e seqüestros, e não somente nas cidades. Ao atentado contra Fernando Vargas, escritor, defensor de militares e presidente do Comitê de Vítimas das Guerrilhas, soma-se agora o seqüestro, neste 7 de março, de 23 trabalhadores sub-contratados pela petroleira canadense Talismã, em uma zona rural de Puerto Príncipe (Vichada).
Nenhum desses dois fatos são "coisas pontuais e pequenas". Muito pelo contrário, são dois atos a mais da longa cadeia de violências que as FARC estão propinando ao país. Com o atentado contra Fernando Vargas, assessor, ademais, das comunidades afro-descendentes do Atrato, ficou provado que o "Plano Renascer" de Alfonso Cano já está fazendo desastres em Bogotá.
O noticiário "La Hora de la Verdad", dirigido por Fernando Londoño Hoyos, respondeu a umas declarações do General Alejandro Navas, comandante do Exército, tão otimistas como as do Almirante Cely, com um impressionante resumo dos golpes sofridos por militares e policiais nos dois primeiros meses deste ano. Essa lista diz que, sem incluir as atrocidades sofridas pela população civil, há 75 soldados, policiais e infantes da Marinha mortos e feridos nesse curto período. Se essa tendência não for quebrada, as baixas da força pública, sem incluir civis, serão de 450 ou mais ao finalizar o ano. Como no Afeganistão.
Alfonso Cano viu que o governo de Juan Manuel Santos, para ganhar a simpatia da esquerda colombiana e continental, abandonou a política da Segurança Democrática. Com muita lógica, Cano viu que isso lhe abre uma janela para arrancar de Santos, como Tirofijo fez com Belisario Betancur, César Gaviria, Ernesto Samper e Andrés Pastrana, algumas concessões que duplicarão sua capacidade militar e política.
Que plano o governo tem para romper a nova dinâmica das FARC? Nenhum. Ou ao menos não se vê que tenha um. Para propinar golpes às FARC e levá-las a uma fase de desmantelamento definitivo, as Forças Militares necessitam ser ajudadas pelo país todo e, sobretudo, recuperar a confiança perdida. Com que moral um soldado pode ir ao combate se sabe que em uma semana, um mês ou um ano depois, ou mais tarde, uma acusação fabricada pela subversão pode acabar com sua carreira e com as economias de sua família?
O país deve proteger seus soldados e atualizar a justiça penal militar, essa que as FARC querem destruir para humilhar e desmobilizar os melhores defensores da pátria.
Em 18 de janeiro de 2011, Fernando Vargas havia enviado uma carta aberta ao presidente Santos, onde mostrava a maior falha da lei de vítimas que se tramita no Parlamento. "Excluir as vítimas das ações criminosas das guerrilhas comunistas dos anos 50, seria um inadmissível ato de invisibilização de vítimas da guerrilha. Porém também ficariam invisibilizadas as vítimas das guerrilhas dos anos 60 e 70, desconhecendo insustentavelmente que essas foram as épocas em que nasceram publicamente as FARC, o ELN, o EPL, o M-19 e demais organizações guerrilheiras que desde então produziram vítimas civis e militares. Esta parte da história do conflito não deve ser invisibilizada tampouco, porque pode-se entender como ato de impunidade e manipulação da memória mesma do conflito".
Furiosa com esse nobre combate do doutor Vargas Quemba, as FARC lhe responderam com seu covarde atentado do 3 de março. E o que fez o governo frente a isso? A única coisa que vimos foi a indiferença e a indolência. Não houve nem uma declaração de repúdio, nem uma só medida para proteger a vítima. O que foi feito para capturar os responsáveis? Ninguém sabe de nada. Quanto à mídia, sua atitude foi igualmente pouco nobre: um silêncio quase total.
O governo vai então abandoná-la também aos verdadeiros defensores dos direitos humanos que estão agora na mira do terror comunista?
O fundo desse debate, ao qual as FARC respondem com tiros, não é nem sequer saber a quem se reconhecerá o estatuto de vítima. O que a subversão quer é sepultar sob um manto de esquecimento legal os primeiros trinta anos de violências, infâmias e manipulações que o comunismo necessitou para consolidar seu projeto totalitário na Colômbia. O governo de Santos vai deixar que esse ato abjeto de revisionismo histórico e político seja consagrado na Lei de Vítimas? Se ele deixar isso passar, teremos que admitir que as FARC ganharam de novo.

Tradução: Graça Salgueiro

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