SEGUNDA-FEIRA, 14 DE FEVEREIRO DE 2011 OS
Nestes dias os blogueiros e twiteiros cubanos, estão ocupados em mobilizar uma grande manifestação contra a ditadura dos Castro. Notícia omitida por aqui, onde a mídia desconhece a fuga aos milhares, de médicos mandados para a Venezuela, para o Brasil e outros países. Pior falar da da fome, dos desempregados, da burocracia, da corrupção do estado revolucionário. Ou das centenas de empresas que os irmãos Castro possuem...
Aos companheiros não interessa divulgar a miséria coletiva, moral e material, consequente da privação das liberdades sob a ditdura comunista. Abaixo a tradução do último artigo do blogueiro Ivan Garcia, relatando um dos aspectos mais tristes das ruas de Havana. O artigo original está na página de Ivan, na web. O endereço é: http://www.desdelahabana.net/?attachment_id=5381
MENDIGO 2615
"Os inimigos públicos número umdos mendigos de Havana, são os dias frios e úmido. Quando sopra o vento norte e o sol se esconde, os indigentes desaparecem como num passe de mágica.
No bairro de La Víbora, perto da Praça Vermelha – que não é praça nem está pintada de vermelho – uma duzia de mendigos tomou posse de uma esquina, com amplos portais que servem de cama, teto e mesa. E também para a tralha ambulante.
Luis, um dos indigentes domiciliado na esquina central da rua Carmem com 10 de Outubro, logo cedo, começa a tomar na companhia de seus cumpinchas mendigos, um rum caseiro, feito com carvão e merda de vaca, com cheiro nauseabundo e quase impossível de tragar.
Quando o sol esquenta, já estão bêbados. Sem nenhum alimento no estômago, depois de um bate-boca ocasional com algum transeunte, caem como moscas nos papelões que servem de colchão.
Em Havana os mendigos se tornaram comuns. Nas duas primeiras décadas, a revolução de Fidel Castro conseguiu varrer a indigência das ruas. Existiam sim, vagabundos simpáticos e bizarros como O Cavaleiro de París, que acreditava ser um duque espanhol e recitava poemas de Lorca ou de Machado.
Era uma atração para os havaneiros, que conversavam com aquele louco genial e compasivo. Depois que ele morreu, os especialistas em marketing o converteram num fetiche e até levantaram uma estárua de bronze no coração da parte antiga da cidade. O compositor Gerardo Alfonso lhe dedicou uma canção que esta no youtube ( (http://www.youtube.com/watch?v=5fbiZGbAOxU).
Mas estes mendigos do século 21, quase todos nascidos com a revolução, são seres carrancudos. Uma mistura de esquizofrenia e violência. Não conseguem articular mais de 200 palavras e se movem como ratos nas padrugada para remexer latas de lixo.
Alguns são dementes incuráveis que deveriam estar em clínicas psiquiátricas. Mas os indigentes de Havana temem a reclusão numa sala do tristemente célebre Hospital de Mazorra, onde os abusos no Janeiro de 2010, baixas temperaturas e fome, levaram à morte 26 doentes mentais.
Preferem viver na rua. Alimentam-se das sobras deixadas em pratos de cafés e restaurantes: os restos de comida encontrados em latas de lixo. Dormem onde sejam surpeendidos pela noite: parques, portais ou escadarias de edifícios.
Por uns trocados costumam fazer de tudo: limpam canteiros, carregam materia prima, pedem dinheiro em locais concorridos (especialmente onde vão turistas) e quando os carros param nos semáforos nas avenidas com algum movimento, passam um trapo nos parabrisas dos carros.
À falta de família, de um lar, seu passatempo favorito é embriagar-se com grandes quantidades de um rum fulminante, especial para os pobres e esquecidos. Uma bebida letal que leva a nocaute quando acaba o litro.
Somente o frio os afugenta dos habituais refúgios nas ruas. Alarmado com o aumento do número de mendigos em Havana, uma personalidade da igreja católica ficou sensibilizada e estuda como a Cáritas e as igrejas poderão ajudar este exército de miseráveis.
A imprensa oficial, cega para os problemas da cidadania, prefere publicar as notícias de esperança e relatar os números das metas de produtividade cumprida em qalquer província.
Por seu lado, o maior artífice de uma revolução que jurou eliminar a pobreza, olha para o outro lado. Sua visão está nos temas debatidos nos centros do poder mundial. Da crise do capitalismo à guerra atômica – que segundo ele – está por acontecer.
Os planos do irmão, para mobilizar a economia, não contemplam a eliminação da indigência. O quadro é desolador.
La economía por los suelos. Poco dinero en las arcas estatales y un millón 300 mil trabajadores en paro a la vuelta de tres años. Visto así, quizás para los gobernantes el aumento de la mendicidad sea un mal menor. Prefieren pasar la página.
A economia estã no chão. Pouco dinheiro nos cofres estatais e um milhão e 300 mil trabalhadores desempregados ha cerca de 3 anos. Vendo assim, para os governantes, talvez o aumento da mendicância seja um mal menor. Preferem virar a página."
(Tradução livre: A. Montenegro)
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