HEITOR DE PAOLA
12/01/2011
Gonzalo Rojas
A agressividade contra o conservadorismo que manifestam boa parte dos liberais, muitos progressistas e grande número de secularistas, parece desproporcional.
Um observador de fora se surpreenderia tanto com a virulência e constância com que ataca-se o gigante conservador nos meios culturais, sociais e de comunicação, que se perguntaria de imediato: onde está essa tremenda besta para que tenham que lhe disparar com armamento tão pesado?
Muito simples: os rivais do conservadorismo sabem que, apesar de que a presença midiática que se outorga às posições conservadoras é mínima, seu peso social é muito maior. Os liberais efetivamente aceitam o senso comum, a virtude em ação e o peso dos costumes, muito mais do que lhes agradaria. E então atacam essas realidades desde a palavra e o gesto, desde a cátedra e o cenário. Combatem o conservadorismo porque intuem que sua força vital - a da natureza, a da autêntica dignidade humana - continua operativa em milhões de chilenos, rústicos, simples, normais.
Quem parece não ter-se dado conta justamente disso, de sua própria capacidade, de seu enorme potencial de sintonia com grandes porções da população, são os próprios conservadores.
Dispersos, desanimados alguns, concentrados outros neste ou naquele metro quadrado que pretendem defender, os conservadores careceram da necessária visão e da imprescindível vontade para se articular e sair a propor uma vida melhor para o Chile, acima desses lamentáveis mínimos do suposto progressismo. Enquanto parece aos liberais que o objetivo é correr a linha do horizonte - assim o definiu Squella, esquecendo que isso te leva a dar voltas e voltas sem chegar a meta alguma -, parece que os conservadores se esqueceram que devem propor a ascensão às altas cúpulas.
Essa situação de negligência não dá mais. Chegou o momento de articular um polo conservador de autêntica força visível e vital no Chile.
Um partido político pode fazê-lo? Poderia, mas nenhum dos dois capacitados quer dar esse passo. Um, porque está sendo carcomido pelo progressismo e teme as reações do Governo se reafirmar suas posturas morais e culturais. E o outro, porque desde seu começo aceitou diversidades que hoje se procura administrar razoavelmente desde sua presidência.
Um centro de estudos ou uma ONG pode tentar? Algum poderia liderar, mas teria que se arriscar a um ostracismo de duração indefinida, a perder fundos e prestígio, porque a igualdade e a tolerância não se aplicam aos conservadores.
Algum meio de comunicação está decidido a tomar a defesa da posição conservadora? Nem falar! Ele pode ser progressista e posar de pluralista, mas jamais pode ser aceito se é um meio de comunicação declaradamente conservador.
Existem grupos de intelectuais que estejam dispostos a dar a cara e os neurônios para explicar, por exemplo, que casamento é simplesmente “ofício da mãe” e que, portanto... Sim, os há, porém carecem de organização e de contatos, embora ensinem em mil lugares. Simplesmente, não são intelectuais públicos.
De onde, então, pode sair a energia vitalizadora do conservadorismo chileno? Só desse fundo intangível de profissionais, empregados, donas de casa, estudantes, populares e trabalhadores do campo, que clamem ante esses políticos, professores, artistas e comunicadores, que lhe digam que já basta, que têm que se articular seriamente.
Neste 2011, há vinte anos do assassinato de Jaime Guzmán, talvez haja quem queira render esse tributo a um grande conservador.
Tradução: Graça Salgueiro
Publicado em Blogs/El Mercúrio, Santiago, Chile
* Para conhecer Jaime Gusmán clique aqui
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