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sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

O país dos sonsos

BLOG DO PIM
QUARTA-FEIRA, 15 DE DEZEMBRO DE 2010

- As pessoas que usam drogas moram na favela?

- Não. Moram aqui em volta da gente.

- Que burras!

Essa foi a conclusão do filho de uma amiga, enquanto assistia na TV à “passeata” de 600 traficantes armados. Ele tem 9 anos. Até outro dia, eu não sabia com que idade uma criança já era mais inteligente que um maconheiro. Eu apostava em 6 anos. E continuo achando que, aos 6, ele teria chegado à mesma conclusão. Quem se atrasou foi a TV.

Minha amiga tem alguns amigos maconheiros, que fumam na frente de crianças. Ela não leva mais os filhos em determinadas festinhas: “Se você compactua com aquilo, como vai proibir?”. Pois é: como? De modo que, pelo bem dos filhos que ainda não tenho, já estou dando limites a certas companhias. Preconceito? Não. Amor de pai. Eu não quero meus filhos nos mesmos círculos de amizades dos colunistas da imprensa.

Guerra “do Rio” suscitou uma porção de apelos ao debate sobre a legalização da maconha. Que um debate tão velho ainda encontre gente entusiasmada com o seu começo, é um sinal do quanto a sonsice se disfarça de bom-mocismo no Brasil. Nelson Motta pediu até um referendo no Rio de Janeiro sobre a venda controlada de maconha “medicinal” (as aspas são dele), o que é o mesmo que pedir para a sociedade aprovar a multiplicação de receitas médicas falsas, como já acontece em 15 estados americanos.

Ele alegou que “desde as cavernas os humanos buscam substâncias naturais que (...) tirem as dores do corpo e da alma”. É verdade. Esses “humanos” não são fáceis. Desde as cavernas, eles também roubam, estupram e matam. Como “as possíveis ‘soluções’ estariam mais próximas da moderação que da repressão”, vamos pedir aos doutores “um diagnóstico de estresse”, autorizando uma estupradinha básica para aliviar as dores do corpo e da alma. Se alguém esquecer a camisinha, basta chamar Sérgio Cabral: “Quem aqui não teve uma namoradinha que teve que abortar?”.

Enquanto Nelson Motta sugere a hipocrisia como estágio intermediário em nossa volta triunfante ao tempo das cavernas, Cabral nos ameaça com a continuidade da corrupção caso não aceitemos sua ideia: “Então está bom! Então o policial na esquina leva a graninha dele, o médico lá topa fazer o aborto, a gente engravida uma moça” etc. Afinal, somos “humanos”, com fraquezas, abusos e excessos, e só podemos nos tornar responsáveis legalizando e promovendo as nossas irresponsabilidades.

Hoje, conviver com a bebida já infunde nas crianças o desejo precoce de tomar um porre. Amanhã, será muito melhor: elas lerão na escola as histórias de meninos homossexuais que se apaixonam por colegas no banheiro, os recém-lançados gibis de Lula (sem mensalão) e de Che Guevara (sem fuzilamentos); continuarão atrás de Trinidad e Tobago nas provas internacionais; verão mais maconheiros e clínicas de aborto na volta pra casa; e crescerão loucas pra tomar um, fumar um, dar um, dar dois, dar três, sempre mui inspiradas em modelos elevados de conduta moral.

Eu acho natural que apologistas da maconha ou do aborto não vejam, na parte (ou no todo) que lhes compete, qualquer problema nesse mundo encantado, e que, no caso dos maconheiros, continuem fumando na praia de Ipanema e nas festinhas da cidade, mesmo depois da Guerra “do Rio”. A droga é como o esquerdismo: além do crime, estimula a sonsice. E todo pai tem obrigação de proteger os filhos contra um país de sonsos, muito antes que uma criança de 9 anos diga deles:

- Que burros!

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