Atualizado em 4 de janeiro, 2011 - 18:17 (Brasília) 20:17 GMT
Guilherme Aquino de Milão para a BBC Brasil
As principais cidades italianas foram palco nesta terça-feira de protestos contra a decisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de não entregar Cesare Battisti ao governo da Itália.
Entre os manifestantes estavam familiares das vítimas de crimes atribuídos ao italiano, parlamentares e cidadãos comuns críticos à decisão.
Em Milão, os protestos ocorreram em dois momentos: pela manhã, enquanto o primeiro-ministro, Silvio Berlusconi, recebia o filho de uma das vítimas, Alberto Torregiani, no aeroporto militar da cidade; depois, cerca de cem manifestantes da Liga Norte, partido de extrema direita aliado do governo, fizeram uma manifestação diante da sede do consulado do Brasil.
Faixas com a palavra “vergonha” foram coladas diante do prédio. Outro cartaz continha a imagem de Andrea Campagna, policial morto em 1979 em crime atribuído a Battisti, e, embaixo, uma foto de Battisti com os dizeres em inglês: “Procurado vivo ou morto”.
Manifestantes gritaram slogans como “Battisti matou os homens, Lula matou a justiça” e “Battista e Lula, o assassino e o seu cúmplice”.
‘Traição’
O ministro da Defesa italiano, Ignazio La Russa, presente na manifestação em Milão e uma da vozes mais importantes do governo Berlusconi, disse à BBC Brasil que a decisão de Lula foi uma “traição”.
“Foi uma punhalada pelas costas, feita no último segundo, um presente aos extremistas do seu partido. Eu não creio que a grande maioria de brasileiros queira encontrar na rua um homem manchado de sangue e condenado por quatro crimes”, declarou.
Em Turim – onde fica a sede da Associação das Vitimas de Terrorismo na Itália –, militantes do Partido Liberal, de Berlusconi, acenaram com bandeiras italianas sob uma grande faixa na qual se lia “Brasil, cúmplice dos terroristas – extradição agora”.
Em Roma, na Praça Navona, em frente à embaixada do Brasil, a polícia reforçou a segurança por causa dos protestos, que reuniram parlamentares, militantes dos partidos de centro-direita e familiares de vítimas.
Ao mesmo tempo, nos arredores da embaixada havia cartazes que defendiam a permanência de Cesare Battisti longe da Itália. Eles continham a assinatura de um grupo chamado Militant e traziam slogans como “a perseguição acabou” e agradeciam a “coragem” de Lula.
O dia foi movimentado também nos corredores na sede do Ministério de Relações Exteriores da Itália, em Roma.
O chanceler Franco Frattini antecipou sua volta a Roma da pausa de fim de ano e se encontrou com o embaixador italiano no Brasil, Gherardo La Francesca, que tinha sido chamado para receber novas instruções para levar de volta a Brasília.
A reunião contou ainda com a participação do representante italiano na União Europeia e serviu para avaliar melhor a repercussão do caso Battisti junto aos membros da comunidade europeia.
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