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quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Rotulação inversa, parte II

MÍDIA SEM MÁSCARA

OLAVO DE CARVALHO
| 27 JANEIRO 2011

Se o leitor queria uma ilustração local do que escrevi sobre a técnica da rotulação inversa, aí está.

Miguel Nicolellis é professor de neurociências na Duke University (EUA), fundador do Instituto de Neurociências Edmond e Lilly Safra (Macaíba, RN) e membro das Academias de Ciências do Brasil e da França. A esse currículo notável acrescentou-se recentemente sua nomeação, pelo Papa Bento 16, para a Pontifícia Academia de Ciências do Vaticano. O site Viomundo, do jornalista Luiz Carlos Azenha, apresenta-o agora em formato ainda mais atraente: o cientista seria vítima indefesa de uma vasta campanha de ódio e intimidação movida pela "extrema direita".
Chocado e amedrontado ante a virulência assassina da campanha, o prof. Nicolellis, no tom de bom-mocismo que deve caracterizá-lo como um adepto incondicional do debate livre e democrático, alerta para os perigos da radicalização ideológica: "O seu adversário político, ideológico, passa a ser o seu inimigo. E esse inimigo é passível de qualquer tipo de punição, até mesmo a morte. Eu não consigo imaginar que essas pessoas que propagam mensagens de ódio, vingança, violência, podem ao mesmo tempo se dizer cristãs." Mas em que consistiu, afinal, a mortífera campanha? Em duas coisas: Primeiro, uma notícia de dez linhas, publicada no site Rorate Coeli em 5 de janeiro (v. http://rorate-caeli.blogspot.com/2011/01/ pope-names-pro-abortion-and-pro-gay.html), dando ciência de que o Prof. Nicolellis era um ardente defensor do abortismo e das políticas gayzistas (bem como, no ano passado, da candidatura Dilma Rousseff), sendo portanto um pouco estranha a sua presença numa instituição vinculada à Igreja Católica.
Depois, um (1,hum) artigo escrito pelo jornalista americano Matthew Cullinan Hoffman, publicado no site Last Days Watchman e depois reproduzido com ou sem acréscimos e comentários nuns poucos sites cristãos, entre os quais a versão brasileira de Lifesitenews, Notícias Pró-Família, dirigida pelo escritor brasileiro Julio Severo (voltarei a falar dele mais adiante).
Hoffman, que é católico, comentava: "O Papa Benedito 16 é um inflexível defensor do direito à vida e dos valores da família, sendo improvável que estivesse ciente da biografia de Nicolellis ao indicá-lo para a Academia."
Houve qualquer ameaça, qualquer esboço de planos agressivos? O prof. Nicolellis confessa: Não, não houve.
Contra aquelas expressões de discordância inofensiva, como reagiu o Prof. Nicolellis? Debatendo com os adversários? Que nada.
Ele próprio descreve seus procedimentos argumentativos: "O pessoal do meu laboratório contatou a Duke, alertou sobre esses sites e a polícia da universidade já começou a monitorar o caso. A segurança do meu laboratório foi reforçada... Ninguém chega lá sem passar pela segurança." E adverte: ao primeiro sinal de ameaça no Brasil, chamará a Polícia Federal.
Dentre os potenciais agressores do prof. Nicolellis denunciados pelo site Viomundo, um dos principais já está sob controle. Julio Severo, procurado pela polícia brasileira pelo crime hediondo de ter dito e insistido que o homossexualismo é pecado e tem cura, está escondido no exterior, trocando de país como quem troca de cuecas, vivendo em extrema penúria com mulher e quatro filhos pequenos.
O repórter Luiz Carlos Azenha menciona o fato com evidente satisfação. Celebra-o também, como sinal dos progressos da democracia no Brasil, o site Fórum, do colunista Luís Nassif (http://blogln.ning.com/ forum/topics/homofobia-em-preto-e-branco?page=1& commentId=2189391%3 AComment%3A502681&x= 1#2189391Comment502681).
As premissas lógicas embutidas nas declarações do Prof. Nicolellis e nos sites Viomundo e Fórum não poderiam ser mais evidentes:
1) Dizer qualquer palavra contra o homossexualismo, mesmo de maneira genérica e desacompanhada de qualquer ameaça, é incitação à violência, coisa indigna de pessoas que se dizem cristãs.
2) Um cidadão esclarecido, amante do debate livre e democrático, deve reagir a essas opiniões exibindo-se em público como vítima iminente de atentado, chamando a polícia e fazendo com que os opinadores sejam perseguidos como bandidos, acossados como ratos.
A reação brutalmente exagerada, espera-se, induzirá o publico a acreditar piamente que violentos são aqueles que emitiram as opiniões, não aqueles que mobilizaram contra eles a força armada do aparato repressor.
Se o leitor queria uma ilustração local do que escrevi sobre a técnica da rotulação inversa, aí está.
O emprego constante e obsessivo dessa técnica é uma das manifestações mais corriqueiras da inversão geral da realidade, característica da mentalidade revolucionária.
Não por coincidência, mas muito significativamente, o prof. Nicolellis, algum tempo atrás, andou esbravejando contra a "direita histérica". Histeria, por definição, é reação hiperbólica a algum estímulo imaginário e postiço. Quando o prof. Nicolellis reage histericamente, histéricos são portanto os outros.

Publicado no Diário do Comércio com o título "Rotulação inversa - parte II".

14 comentários:

  1. Pois é...

    Faço minhas as palavras do professor:
    "Eu não consigo imaginar que essas pessoas que propagam mensagens de ódio, vingança, violência, podem ao mesmo tempo se dizer cristãs".

    Eu também não consigo imaginar como um abortista (todos têm ódio no coração), vingativo ("vou chamar a polícia, blá,bláblá), violento (vide aparato de segurança) e covarde (só pra completar), pode sequer cogitar que tenha dignidade suficiente para estar no Vaticano como se fosse cristão.

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  2. Concordo com o Prof. Nicolellis e acho que a perseguição a ele apenas por ser abortista é exagerada, afinal ele tem outros méritos que acabam compensando.

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  3. A Igreja católica não tem nada contra os gays, apenas recomenda aos seus membros que se contenham em relação ao comportamento escandaloso, tanto que, nos EUA, adotou uma política frnacamente tolerante. Mas, não se deve exagerar. O Júlio Severo, por exemplo, acabou por conseguir a antipatia da maioria da comunidade gay do Vaticano.

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  4. O Professor Olavo, especialista em assuntos sobre gays - ofício que adotou após receber as primeiras tentações, quando jovem - poderia auxiliar ao Júlio Severo nessa cruel encruzilhada de enrustido rebelde. Assume, ou não assume? Fala, Olavo, transmite a sua experiência!

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  5. "Histeria, por definição, é reação hiperbólica a algum estímulo imaginário e postiço". São frases assim que transformam o Professor Olavo no maior pensador da humanidade. Inigualável na capacidade de dizer asneiras.

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  6. "O emprego constante e obsessivo dessa técnica é uma das manifestações mais corriqueiras da inversão geral da realidade, característica da mentalidade revolucionária". Vou escrever no parachoques do meu caminhão!!!

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  7. Não se pode negar que os seguidores do "professor" Olavo são fascinados pelas suas (dele) jogadas linguísticas. Eu seria capaz de aplaudir, de pé, a uma palestra do Olavo na Academia de Ciências Ocas e vazias. Uma bexiga de quinta categoria.

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  8. Aquí na fábrica onde trabalho, muitos operários foram demitidos por colarem os rótulos das garrafas para dentro. O Prof. Olavo poderia explicar esse fenômeno?

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  9. Primeiro, concorda com o que que ele teria dito?

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  10. A comunidade gay do Vaticano nem deveria existir, no meu entender. Assim como não acho que uma igreja deva se "implantar" dentro de um cinema ou sauna gay.

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  11. Quanta bobagem esta de falar que Olavo foi tentado por gays... Não dá nem mesmo para ficar chateado, só para rir de tanta estupidez, desfaçatez e tentativa de desviar do assunto.

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  12. Olavo teria que bater com a cabeça para conseguir falar mais besteira que, por exemplo, Marilena Chauí...

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  13. Hummmm... Esta rotulação por dentro seria rotulação interna, não? Tá desculpado, você é da turma que pleiteia um lugarzinho na nomenklatura.

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  14. Faz algum tempo que a turminha vermelha não vem em bloco escrever sobre um artigo que coloco no ar.

    Olavo, portanto, mais uma vez acerta no olho da mosca. Parabéns professor. Esta doeu na turminha do capeta.

    CT

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