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sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

A calúnia como estratégia de criminalização

HEITOR DE PAOLA

Alejandro Peña Esclusa

Embora meu encarceramento tenha sido o resultado de uma grosseira montagem policial, esteve precedido de uma estratégia propagandística muito bem concebida, baseada na calúnia e na desqualificação mantida durante anos. Este esquema tem sido utilizado contra todos os prisioneiros políticos venezuelanos e funciona da seguinte maneira:

Jornalistas pagos pelo castro-comunismo internacional - como por exemplo, Jean Guy Allard - escrevem algum artigo de opinião carregado de calúnias. Posteriormente, uma agência de imprensa ou um meio de comunicação do Estado - como Venezolana de Televisión (VTV) - o difunde maciçamente, porém já não como artigo de opinião senão como uma notícia confirmada. Finalmente, esta provável “informação” é incluída como prova em um processo judicial, para condenar injustamente um adversário do regime.

Com esta estratégia consegue-se que a opinião pública não reaja contra a injustiça cometida, porque foi previamente contaminada com a falsa propaganda.

Se alguém se der ao trabalho de colocar “Peña Esclusa” em qualquer buscador da Internet - por exemplo, Google - poderá comprovar que fui acusado dos crimes mais inverossímeis. Segundo meus adversários, sou culpado de tudo o que segue: estive envolvido em um complô para assassinar o Papa João Paulo II, fiz parte de uma organização denominada Tradição, Família e Propriedade (TFP), dirijo um grupo neo-nazista e um movimento europeu de cabeças raspadas, sou um dirigente da ultra-direita internacional, organizei golpes de Estado em vários países latino-americanos, sou agente da CIA, dirijo um movimento anti-semita, sou militantes da Klu Kux Klan, participei de um complô para assassinar o presidente boliviano, Evo Morales, e organizei um atentado com mísseis contra o avião de Chávez em El Salvador.

Os integrantes do Alto Governo, começando pelo próprio Chávez, assim como os diretores do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), dedicaram-se durante anos a repetir estas calúnias em foros nacionais e internacionais, o qual demonstra minha condição de perseguido político.

O mais impressionante é que ninguém jamais apresentou nenhuma prova sobre estas afirmações tão descabidas. Não há registros policiais sobre esses casos, nem processos judiciais. Não tenho antecedentes penais. Nunca estive envolvido em atos violentos. Trata-se de meras afirmações, repetidas mil vezes, ao pior estilo do Ministro da Propaganda nazista, Joseph Goebbels.

Estas calúnias produziram-se tão amplamente, que quem não me conhece às vezes assegura que são certas.

O caso mais escabroso da campanha contra mim encontra-se em Wikipedia, uma enciclopédia online que pode ser editada por qualquer interessado. A enciclopédia não escreve os artigos por conta própria, mas baseia-se nas contribuições de usuários que escrevem novos artigos e atualizam o material existente. Supostamente o fazem de boa-fé, e por isso Wikipedia é uma fonte de consulta muito utilizada. Porém, no meu caso é diferente.

Durante anos Wikipedia publicou minha biografia “oficial”, assegurando muitas das calúnias acima mencionadas. Cada vez que tentamos editar a página, colocando a informação correta, seus editores voltaram a pôr as calúnias.

Depois de muitos meses de reclamações, por fim conseguimos que Wikipedia em inglês e em espanhol publicassem uma versão mais fidedigna, embora a nota não seja muito favorável que se diga. Todavia, Wikipedia em italiano insiste em mentir descaradamente sobre minha pessoa, assegurando minha suposta participação em um complô contra o Papa.

Recentemente, o blogueiro Ulf Erlingsson fez uma reclamação formal ante o Comitê de Arbitragem de Wikipedia, porque “um artigo na versão italiana de Wikipedia sobre o dirigente político Alejandro Peña Esclusa, foi evidentemente escrito por seus opositores para difamá-lo”.

Muitos de meus amigos me recomendaram responder publicamente às calúnias, e que tome ações legais contra os que me difamam. Porém, até agora preferi não investir meu tempo em refutar as mentiras que dizem de mim, pois considero mais útil me dedicar a promover minhas propostas para uma Venezuela melhor.

Com o tempo, a verdade sempre sai à luz. Po exemplo, depois de meu encarceramento, o Cardeal Jorge Urosa Savino se pronunciou em meu favor, certificando que me conhecia desde há anos e que em sua opinião eu era inocente. Com esta declaração derrubou-se a calúnia sobre minha participação em um suposto plano contra o Papa.

Os que desejam na verdade saber quem sou e como penso, basta ler este livro e os outros livros que escrevi, e poderão se dar conta de que todas essas calúnias são uma mentira inventada por meus inimigos. Como não puderam conseguir um “rabo de palha” para mim, tiveram que inventar todas estas fábulas.


Tradução: Graça Salgueiro

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