“If the American people ever allow private banks to control the issue of their money, first by inflation and then by deflation, the banks and corporations that will grow up around them, will deprive the people of their property until their children will wake up homeless on the continent their fathers conquered”.
THOMAS JEFFERSON
Um dos leitores ao qual, por razões técnicas (Mídia Sem Máscara passava por uma re-estruturação ) não tive oportunidade de responder, mostrou-se confuso ao ler meu último artigo sobre o governo mundial. Uma de suas dúvidas era a respeito de judeus fazendo parte de conspirações contra o Estado de Israel, além de uma certa perturbação nos conceitos de esquerda e direita. Pois é, quando começamos a nos enfronhar nestes assuntos, a primeira reação é confusa e de estupefação. Ao estranhamento sobrevém a dúvida: será que tudo isto não passa de delírio de alguns doidos? Esta é a parte mais difícil em qualquer tarefa humana: separar o joio do trigo porque existe realmente muita doidice, ao estilo Lyndon LaRouche, mas mesmo LaRouche diz verdades que ele embaralha de tal maneira com suas excentricidades que fica difícil saber a quantas andamos. Porém, existem outros autores mais confiáveis dos quais forneci uma breve lista naquele artigo. Fazendo uma pausa até o próximo – “A Comunidade Internacional” – onde vários pontos vão ficar mais claros, abordo hoje um tema de mais atualidade e urgência, ao qual podemos começar com a pergunta: por que Lula e Chávez quase certamente serão re-eleitos, respectivamente em outubro e dezembro, com votações acachapantes? Por que os governos castro-comunistas tendem a se expandir cada vez mais na América Latina (depois de Lula, Tabaré Vasquez, Evo Morales e Kirchner virão certamente Daniel Ortega na Nicarágua e talvez Marcelo Larrea no Equador)? Peru e México escaparam por pouco mas no último, a criação de um “governo paralelo” de López Obrador pode desestabilizar por completo as instituições nacionais.
Uma das repostas – não a única, sem dúvidas – nos chega através de várias notícias que para quem não conhece a história soam estranhas. Duas delas são recentes: uma de Caracas e outras do Brasil. Em artigo intitulado “Banqueiros enriquecem com a revolução de Chávez” de 26 de agosto último, Andy Webb, do Finanacial Times nos diz que “os banqueiros, tradicionalmente os primeiros candidatos ao paredón, estão fazendo a festa na Venezuela”. Apesar da retórica anti-capitalista, ao invés de nacionalizar e estatizar os bancos, a distribuição “revolucionária” do rendimento do petróleo vem aumentando o número de ricos, o que está tornando Caracas um ímã para banqueiros suíços e de outras paragens. Quando o preço do petróleo estava baixo e a economia em recessão Chávez emitiu bilhões de dólares em débitos com empréstimo bancários, com grandes margens de juros, enriquecendo enormemente os bancos venezuelanos. Com o aumento vertiginoso dos preços do petróleo os gastos governamentais cresceram 70% e a economia cresceu 17.9% em 2004 e 9.3% em 2005, expandindo a liquidez e a demanda por crédito. Em 2005 os lucros dos bancos cresceram de 29.3 para 39.8 bilhões de dólares e a carteira de crédito aumentou em 200%!
Dirán Sarkissián, presidente da subsidiária venezuelana do Stanford Bank, que opera na ilha caribenha de Antígua declarou ao repórter que “no que toca ao crescimento, estamos muito felizes. Os depósitos cresceram 600%, para 106 milhões de dólares”. O Stanford passou a ser o maior emissor de cartões MASTERCARD da Venezuela.
Soa parecido com um certo país que conhecemos por dentro? Pois segundo o Nota Técnica do DIEESE, de abril de 2006, no Brasil “Os balanços recém divulgados indicam um crescimento excepcional do lucro dos bancos em 2005. O lucro líquido dos principais bancos do país – Banco do Brasil (BB), Caixa Econômica Federal (CEF), Bradesco, Itaú e Unibanco – registrou um expressivo crescimento de 49,9%, somando R$ 18,8 bilhões. Dentre eles, o Bradesco apresentou o maior resultado, contabilizando um lucro líquido de R$ 5,5 bi. O Itaú obteve o segundo maior lucro (R$ 5,3 bi) e registrou a maior rentabilidade patrimonial, cerca de 33,7%. Isso significa que, para cada R$ 100,00 de capital próprio aplicado, o banco obteve um retorno de R$ 33,70, o que garante a recuperação de todo capital investido no período de três anos”. O total das aplicações (ativo) desses bancos cresceu 14,9%, alcançando R$ 891,8 bilhões. As operações com títulos públicos cresceram 17,7%.
Em 2005, os cinco maiores bancos elevaram suas receitas tanto nas operações de crédito como nas aplicações com títulos públicos que, em média, aumentaram 30,5% e 15,2% respectivamente. O desempenho dessas aplicações foi amplamente favorecido pela escalada dos juros iniciada em setembro de 2004. A terceira maior fonte de lucro continua sendo a proveniente das receitas de prestação de serviços (tarifas bancárias). Juntos, esses bancos arrecadaram R$ 29,0 bilhões de seus clientes na cobrança de serviços – um crescimento de 18,7%. Com isso, essas receitas ficaram 21,8% acima do total das despesas de pessoal dos cinco bancos (R$ 23,8 bilhões), cujo crescimento foi de 10,6%.
O crédito consignado para empregados pela CLT e aposentados somava R$ 32,0 bilhões contra R$ 17,5 bi em 2004. Recentemente os bancos conseguiram uma nova fatia muito promissora do mercado: com o pagamento dos atrasados das “indenizações por motivos políticos”, que deverá somar vários milhões de reais, os bancos já estão fazendo antecipações ao mesmo estilo da restituição do IRPF, tornando-se parceiros da pilantragem explícita!
Existem notícias de que o grupo Rothschild estaria financiando a campanha do Lula e viria a gerir a Bolsa de Mercadorias e Futuros do Brasil. Apesar de não ter podido confirmar esta notícia em outras fontes, ela se insere à perfeição no comportamento do Grupo Rothschild e outros banqueiros internacionais, desde que o primeiro Rothschild, Meyer Amschel, percebeu as vantagens de se associar a governos e endividá-los para os controlar, financiando as guerras napoleônicas lá pelos idos de 1800. Da mesma forma, o primeiro Banco Central do mundo, o Bank of England, foi fundado em 1694 para emprestar dinheiro ao governo inglês e fazer face aos custos das guerras (http://www.reformation.org/bank-of-england.html).
Para entender o imbróglio das operações financeiras do último século, o Federal Reserve System, o FMI e o Banco Mundial, é preciso recuar até novembro de 1910.
OS CAÇADORES DE PATOS
“Dê-me o controle do dinheiro de uma Nação e pouco me importa quem faça suas leis”.
MEYER AMSCHEL ROTHSCHILD
Naquela ocasião sete homens se reuniram secretamente na Jekyll Island, Carolina do Norte. Caso perguntados deveriam dizer que iriam caçar patos. A lista é impressionante e reunia representantes dos maiores consórcios bancários do mundo, proprietários de um quarto da riqueza mundial de então: Morgan, Rothschild, Warburg e Kuhn-Loeb [1].
No encontro em Jekyll Island estavam:
Nelson W. Aldrich, Senador Republicano, líder da Comissão Monetária Nacional, empresário associado a J P Morgan e sogro de John D Rockfeller Jr.;
Abraham Piatt Andrew, Secretário Assistente do Tesouro dos EUA;
Frank A. Vanderlip, Presidente do National City Bank of New York, o banco mais poderoso da época, representando William Rockfeller e o Banco de Investimento Internacional de Kuhn, Loeb & Co.;
Henry P. Davidson, sócio Sênior da J P Morgan Co.;
Charles D Norton, Presidente do First National Bank of New York , de propriedade de J P Morgan;
Benjamin Strong, dirigente da Bankers Trust Co., também de J P Morgan;
Paul M. Warburg, sócio na Kuhn, Loeb & Co., representante da dinastia dos Rothschild na Inglaterra e na França, e irmão de Max Warburg, dirigente do consórcio bancário dos Warburg na Alemanha e na Holanda.
Durante nove dias eles planejaram a estrutura e a operação de um cartel bancário visando eliminar a concorrência dos pequenos bancos do interior dos EUA que vinham ameaçando sua hegemonia, pois na década de 1890 estes tinham crescido em 61% e já possuíam 54% dos depósitos nacionais. Além disto, entre 1900 e 1910, devido à prosperidade e aos grandes lucros, 70% dos fundos para financiar o crescimento da indústria americana eram gerados internamente, tornando as indústrias cada vez mais independentes de empréstimos bancários. Esta tendência era resultado do livre mercado da taxa de juros que refletia um equilíbrio realista entre dívida e poupança. E nada há de mais ameaçador para os grandes bancos do que grandes empresários com altos lucros que possam reinvestir em seus negócios sem dependerem dos empréstimos com os quais se tornam marionetes dos banqueiros. Esta nova tendência precisava ser detida. O que os banqueiros queriam – e muitos empresários também – era intervir no mercado livre e acabar com o equilíbrio das taxas de juros, forçando uma baixa que favoreceria o endividamento sobre a poupança. Para tanto, a moeda deveria ser desvinculada do ouro tornando-a abundante, mais elástica. Até então os bancos só podiam emitir títulos e empréstimos até o limite do total de seus depósitos convertido em ouro. Passava-se a criar dinheiro do nada, na realidade dinheiro falso!
Utilizaram o aparelho estatal para colocar o cartel em prática criando o Federal Reserve System, propositalmente sem nada que lembrasse “banco” no nome.
OS MONSTROS DE BRETTON WOODS
Era preciso estender para todo o mundo o que começara pelos EUA e a devastação da Segunda Guerra Mundial amainou o terreno para o plantio. No plano internacional o jogo sujo começou num encontro internacional de financistas, políticos e teóricos, o United Nations Monetary and Financial Conference, em julho de 1944, no Mount Washington, Bretton Woods, New Hampshire, onde foram criadas duas agências: o Fundo Monetário Internacional (FMI) – para promover a cooperação monetária entre as nações, mantendo fixas as taxas de câmbio - e o Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento, comumente conhecido como Banco Mundial – com a função de emprestar dinheiro para os países devastados pela guerra e para países subdesenvolvidos. O método utilizado para atingir tais objetivos não era nada admirável: abolir o ouro como base monetária internacional – até então as moedas eram trocadas com base em seus valores em ouro - e substituí-lo por papel-moeda politicamente manipulável – isto é, criação de dinheiro do nada!
Os teóricos que conceberam este plano eram John Maynard Keynes, socialista fabiano inglês [2], e Harry Dexter White, Sub-Secretário do Tesouro dos EUA. White, membro do Council on Foreign Relations, integrava a rede comunista de espionagem que atuava em Washington e na Casa Branca, sabia perfeitamente disto quando Truman o nomeou como Diretor Americano do FMI. Dexter White também foi assistente sênior da delegação americana na Conferência das Nações Unidas em San Francisco em maio de 1945. Durante as negociações sobre a carta da ONU ele se encontrava freqüentemente com agentes secretos soviéticos e fornecia informações sobre a estratégia de negociações dos EUA. Em seu cargo ele conseguiu influenciar a política econômica americana sobre a URSS. Conseguiu, p.ex., persuadir o Secretário do Tesouro Morngenthau a oferecer a Stalin um grande empréstimo em termos extremamente generosos: 10 bilhões de dólares pagáveis em trinta e cinco anos, com juros de 2%. (As informações sobre Dexter White estão em Venona: Decoding Soviet Espionage in América, John Earl Haynes & Harvey Klehr, Yale University Press, 1999).
ESQUERDA, DIREITA, VOLVER!
Para entender a nova ordem mundial – não tão nova assim – é preciso, portanto, evitar a velha divisão entre esquerda e direita. Banqueiros são tradicionalmente de direita e devem ser levados ao paredón pelos revolucionários; estes, por sua vez, são de esquerda e devem ser perseguidos pelos regimes de direita. Experimente o leitor seguir ao mesmo tempo a ordem acima: esquerda, direita, volver. Cairá de quatro se não de cabeça e sofrerá traumatismo craniano! Pois é exatamente isto que os aspirantes a governantes do mundo querem que você enfrente: uma dissonância cognitiva frente à qual é melhor se alienar, beber uns chopinhos e ir em frente que atrás vem gente, sentenciando acacianamente: ora, banqueiros unidos a comunistas?! Coisa de paranóicos! É exatamente esta a função principal dos socialistas Fabianos do PSDB – além do príncipe FHC e seus discípulos, Serra, Aécio, Alckmin et caterva: servirem de amortecedores e opções eleitorais de uma inexistente “terceira via”. Os Socialistas Fabianos diferem dos comunistas apenas quanto ao como o mundo deverá ser socializado. Para os Fabianos a palavra socialismo não deveria ser usada mas, em seu lugar, deveriam ser utilizados termos como “bem estar social”, “saúde pública”, “salários justos”, “melhores condições de trabalho”, etc.
Não se pode esquecer que foi o príncipe FHC que salvou os bancos da falência com o PROER, enganando os idiotas de que foram seus depósitos que ficaram garantidos quando não passava de sacrificar o público aos interesses do cartel dos bancos. Foi também FHC quem, obedecendo a seus patrões internacionais, chamou o Soros Boy Armínio Fraga para sua equipe econômica, prática seguida fielmente por Lula dando nossa economia de bandeja para os patrões através de Henrique Meirelles na presidência do Banco Central. Vote-se em quem votar e estaremos alienando cada vez mais nossa economia aos banqueiros internacionais. Os que eram inimigos ferrenhos – banqueiros e revolucionários – aprenderam a se entender às mil maravilhas e hoje são sócios no crime! E as vítimas somos nós, os patos que foram caçados!
[1] The Creature of Jekyll Island: A Second Look at the Federal Reserve, G. Edward Griffin, American Media, 1998. Sobre o autor ver preferencialmente: http://www.freedomforceinternational.org/, http://www.propagandamatrix.com/multimedia/griffin_1.html, http://www.espada.eti.br/futuro-1.asp.
Ver também capítulo 3 de How the World Really Works, Alan B. Jones, ABJ Press, 1997.
[2] Para a Fabian Society e seus objetivos ler, entre outros, http://www.lse.ac.uk/resources/LSEHistory/fabian.htm, http://www.midiasemmascara.org/artigo.php?sid=46, http://www.britannica.com/eb/article-9033515
Nota Editoria MSM: Além dos dados fornecidos pelo autor, recomenda-se a leitura das obras do professor britânico Antony C. Sutton, verdadeiros "guias" para compreensão do enorme interesse dos grandes capitalistas financeiros mundiais na ascensão de regimes totalitários coletivistas como o comunismo e o nazismo. Dentre os trabalhos do professor Sutton merecem especial atenção os livros Wall Street and the Bolshevik Revolution e Wall Street and the Rise of Hitler.
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