HEITOR DE PAOLA
25/11/2010
Benjamin Franklin era contra a águia como símbolo americano, animal que dizia ter um ‘caráter discutível’. Preferia a cascavel. Conta-se que antes da Independência, quando os ingleses mandavam para os EUA bandidos desterrados ele teria sugerido mandar em troca um navio cheio de cascavéis, animal não encontrado na Inglaterra, pois é característico de climas desertos. Como esclareci no final do artigo anterior os Republicanos estão usando a Gadsten Flag como simbolo de seu renascimento. Abaixo a primeira bandeira da Marinha Americana (Navy Jack), recentemente autorizada a ser usada nos navios da Armada enquanto durar a guerra ao terror. Utilizo-a aqui como símbolo do Tea Party Express, movimento conservador surgido nos dois primeiros anos da revolução de Obama.
NÃO PISE EM MIM!
REVOLUÇÃO CULTURAL: A DESCONSTRUCÃO DOS PRINCÍPIOS FUNDACIONAIS DOS ESTADOS UNIDOS
It is rather for us to be here dedicated to the great task remaining before us. . . that this nation, under God, shall have a new birth of freedom and that government of the people, by the people, for the people shall not perish from the earth
ABRAHAM LINCOLN
Gettysburg Address, 19/11/1863
A mainstream media americana e os papagaios brasileiros preferem mostrar a surra eleitoral de Obama somente como resultado de um descontentamento com a economia americana. Mas isto é apenas uma parte menor. O crescimento do Estado e sua intervenção na economia levados a cabo por Roosevelt, Carter ou Clinton, jamais tiveram a característica revolucionária da versão obaminável, cuja segunda linha de ataque dependia de enérgicas ações de revolução cultural que rapidamente minassem as crenças e atitudes tradicionais do povo americano. Estas ações foram projetadas, e continuam sendo executadas pelos intelectuais marxistas Bill Ayers, Saul Alinsky, John P. Holdren, dos dirigentes da ACORN [[i]], do Partido Socialista Americano e do Center for American Progress, dos Weathermen, da Nation of Islam, da Apollo Alliance e muitos outros movimentos que sustentam ideologicamente o atual governo, muitos deles baseados em Antonio Gramsci [[ii]].
Dez são os passos rumo a uma sociedade civil Marxista-socialista-progressista: alterar o consenso popular - destruir o Cristianismo, a família tradicional, os atuais valores sociais - transformar a cultura - instalar um controle mental radical de esquerda - obter poder político - impor controle estrito sobre a aplicação das leis - restringir a liberdade - socializar a economia - apagar a soberania americana e abraçar um mundo sem fronteiras. Isso requer um enfrentamento em todos os níveis da sociedade para questionar, enfraquecer e trocar os valores tradicionais americanos nas escolas, família e sindicatos pelas idéias socialistas de Gramsci. “Conduzir essa hegemonia universal significa transformar a consciência repressiva em uma libertária que leve as políticas socialistas a maior quantidade de pessoas possível – a idéia central de toda a revolução cultural bem feita” [[iii]].
A resposta veio da ‘deep America’ contrariando até a liderança e os intelectuais Republicanos. (A figura da águia na primeira parte deste ensaio olha com fúria para um sujeito carregando uma pasta com as iniciais GOP – Grand Ole Party, Republican, como a dizer: it’s not only the economy, stupid, it’s the traditional values!, estamos vigilantes! [[iv]])
A EXCEPCIONALIDADE AMERICANA
America is the only country in the world founded on a creed
G. K. CHESTERTON
Being an American is more than a matter of where you or your parents came from. It is a belief that all men are created free and equal
HARRY S. TRUMAN, 1948
Contam que, ao se abrirem as portas da reunião que estabeleceu a Constituição Americana, alguém perguntou a Benjamim Franklin se teriam se decidido pela Monarquia ou República, ao que ele respondeu:‘Uma República....se eles puderem mantê-la’.
Matthew Spalding em Why is America Exceptional? Diz que ‘todas as nações têm seu significado e propósito em alguma qualidade unificadora – um caráter étnico, uma religião comum, uma história compartilhada. Os Estados Unidos são diferentes. A América foi fundada num momento específico, por um povo específico, na base de princípios específicos em relação ao homem, à liberdade e ao governo constitucional. A Revolução Americana se inspirou em velhas idéias. Os Estados Unidos são o produto da civilização Ocidental, modelados pela cultura judaico-cristã e pelas liberdades políticas herdadas da Grã Bretanha’.
Para Juan Bautista Alberdi, estudioso da América e Pai da Constituição Argentina de 1853, ‘(A sociedade americana), radicalmente diferente da nossa, deve à origem transatlântica de seus habitantes saxões, a direção e complexidade de seu regime político de governo no qual a liberdade da Pátria teve como limite a liberdade sagrada do indivíduo. Os direitos do homem equilibraram em seu valor aos direitos da Pátria e se o Estado se tornou livre do estrangeiro, os indivíduos não foram menos livres em relação ao Estado. Não apenas Alberdi, Chesterton, Revel, Stuart Mill ou Alexis de Tocqueville, mas também outros estrangeiros têm visto a América como a terra da liberdade. Não é por nada que o país atraiu a maior leva de imigrantes de toda a história da humanidade e ainda se debate com as levas de imigrantes legalizados e ilegais em busca de liberdade e prosperidade. Um dos novos Senadores americanos, Mark Rubio, membro do Tea Party Movement, filho de imigrantes cubanos eleito pelo Estado da Flórida, resume: ‘Os Americanos acreditam de todo o coração que os Estados Unidos da América é simplesmente a maior de todas as nações da história da humanidade, um lugar sem igual na história da humanidade’.
Porém, quando perguntado sobre a excepcionalidade da América, o que disse Obama? ‘Eu acredito na excepcionalidade americana, como suspeito que os ingleses acreditam na excepcionalidade britânica e os gregos acreditam na excepcionalidade grega [[v]]. Quer dizer, para este Presidente, cuja nacionalidade continua suspeita [[vi]] e cuja religião parece não ser a Cristã, se é que professa alguma, não há nenhuma excepcionalidade no País que preside! Esta é a base da diplomacia multilateral implementada por seu governo e aplaudida entusiasticamente pela imprensa internacional e pelos que sempre defenderam a perda de poder dos Estados Unidos, como entre nós Cândido Mendes, um dos fundadores da Academia da Latinidade, que pouco tem de latina, uma das ONGS que mais se opôs ao ‘unilateralismo’ de George W. Bush e sempre apoiou os candidatos Democratas, eCurador para a América Latina da Fundação Gorbachev desde 1992[[vii]]. Em recente viagem à Índia Obama reconheceu que esta parte do seu trabalha já está quase pronta, embora a vitória republicana indicasse haver futuramente um cabo-de-guerra entre os multilateralistas e unilateralistas.
O SIGNIFICADO DA CHANGE, YES WE CAN!
Que nunca esqueçamos [[viii]] o reconhecimento irônico do primeiríssimo de todos os radicais: de todas as nossas lendas, mitologia e história (e quem sabe aonde termina a mitologia e começa a história – ou qual delas é qual), o primeiro radical conhecido pelo homem, que se rebelou contra o establishment de forma tão efetiva que ao menos ganhou seu próprio reino: Lúcifer
SAUL ALINSKY
Rules for Radicals [[ix]]
We are the ones we’ve been waiting for
BARACK OBAMA
Discurso de campanha
Em agosto de 2008 numa carta ao Editor do Boston Globe o filho de Saul Alinsky, David, elogiou o então candidato Obama por ter agitado as massas na Convenção Nacional do Partido Democrata bem ao estilo de seu pai. “Obama aprendeu muito bem sua lição. (...) estou orgulhoso de ver o modelo organizacional do meu pai aplicado com sucesso’. Embora Alinsky tenha morrido em 1972 há evidências de que Obama foi treinado por seus discípulos diretos, principalmente Gregory Galuzzo, daGamaliel Foundation à qual pertenciam também outros instrutores [[x]].
Quem foi Saul Alinsky? Foi, sucintamente falando, um organizador de massas visando à tomada do poder. Foi uma das figuras centrais de todos os movimentos revolucionários dos anos sessenta e continuou influenciando todos os demais desde então. Estudou criminologia em Chicago vindo a ser amigo de Al Capone. Nunca foi membro do Partido Comunista, que considerava inflexível e dogmático, mas segundo David Horowitz tornou-se um ‘avatar da esquerda pós-moderna’. Sendo fundamentalmente um metodologista, mais do que ativista, organizaçãosignificava para ele um eufemismo para revolução. O objetivo da organização das camadas menos favorecidas da população era fomentar o descontentamento, a confusão moral e o caos absoluto para, após a fase de acumulação de forças, desencadear a sublevação predita por Marx, Engels e Lenin. Quando os ‘soldados’ da revolução se convencerem e convencerem o povo de que o status quo estava fatalmente desestruturado e sem esperança de salvação não aceitarão nada menos do que o seu colapso, que seria seguido por um novo sistema por sobre suas ruínas. Quando o processo já estiver bem avançado, o povo seguirá a liderança de organizadores radicais que projetem uma aura de confiança e clara visão do tipo de mudança social (societal change) necessária.
Não haveria ações espetaculares, levantes violentos, porém a revolução seria um processo lento de penetração nas instituições já existentes, como igrejas, sindicatos e partidos, sutilmente ganhando influência sobre os tomadores de decisão e, aí então, destas plataformas, introduzir as mudanças (changes) necessárias. Uma das organizações mais ativas fundadas por Alinsky foi a Industrial Areas Foundation, que mais tarde juntou-se a outras formando a Association of Community Organizations for Reform Now (ACORN [[xi]]).
Diz Alinsky em Rules for Radicals: ‘A criação de muitas organizações de massa deve convergir para que elas se integrem numa força popular de caráter nacional, e isto não pode ocorrer sem muitos organizadores. Como as organizações são criadas, em larga medida, pelo organizador, temos que encontrar meios de criar os organizadores. (...) Sua educação requer conferências longas e freqüentes (seu curso principal levava quinze meses), análise de padrões de poder, comunicação, táticas de conflito, educação e desenvolvimento de líderes comunitários e os métodos para introdução de novos itens’ (...) A agenda de trabalho deve ser tão contínua e inesperada que o tempo perca o sentido. Os efeitos sobre os casamentos, com raras exceções, foram desastrosos. (...) A organização de massa é um animal diferente, jamais domesticado. Não existe uma cronologia fixa nem itens definitivos. As exigências estão permanentemente mudando, assim como as situações, os objetivos são fluidos, nunca concretos (...) mas sempre psicológicos e em constante mudança, como "such stuff as dreams are made on [[xii]]." Assisti organizadores enlouquecidos (por causa de seu trabalho)’.
O verdadeiro nome por trás da fachada é agitador. Esta é a verdadeira profissão de Obama: organizador (agitador) social. Seus títulos universitários pouco importam, já que foram obtidos apenas para esconder a profissão real e, dizem alguns, de forma bastante suspeita. (Para uma informação mais completa sobre Alinsky veja o seu perfil emDiscover the Network e From Marx to Lenin, Gramsci & Alinsky).
Outra grande influência sobre Obama foi Bill Ayers. Ativista dos Weather Underground [[xiii]], responsável por colocar bombas no Pentágono, no Capitólio e vários outros prédios governamentais na década de 70 [[xiv]], Ayers passou foragido toda a década de 70 com sua esposa Bernardine Dohrn. Ambos se renderam em 1980. Em meados dos anos 90 organizaram uma festa em sua casa para apresentar Obama e recomendar o voto nele para Senador por Illinois, posteriormente fizeram doações para a campanha. Entre dezembro de 99 e dezembro de 2002 Obama e Ayers participaram da junta de diretores do Woods Fund de Chicago. Este fundo sem fins lucrativos, que se autodenomina de ajuda aos desamparados, doou 75.000 dólares para a Arab American Action Network. Um dos seus fundadores, Rashid Khalidi, marido da Presidente em 2008 Mona Khalidi e Professor da Columbia University foi um dos financiadores da campanha de Obama e apóia abertamente os terroristas palestinos, considerando a existência de Israel uma verdadeira catástrofe.
Nos anos 90 Ayers praticamente criou a organização Chicago Annenberg Challenge que recebeu um donativo de 50 milhões de dólares para reformar as escolas públicas de Chicago. Obama foi seu primeiro Presidente de 95 a 98 e permanecia como Diretor até 2001. Procurada por líderes Republicanos a Universidade de Illinois recusou-se a disponibilizar os documentos relacionados alegando que havia direitos autorais, mas não revelou o autor, segundo o blog Just One Minute. De acordo com o Discover the Network, existem fortes evidências de que Ayers foi o ghost writer do livro de Obama Dreams from My Father. Anne Leary, em seu blog Backyard Conservative, afirma que Ayers pessoalmente disse a ela ter sido o autor.
Embora Obama negue ter tido íntimas relações políticas com Ayers, Aaron Klein, autor do já citado The Manchurian President, foi o primeiro a denunciar publicamente esta ligação num artigo de fevereiro de 2008 noWorld Net Daily intitulado Obama worked with terrorist. Indiretamente as ligações de Obama com as idéias de Ayers datam de quando o primeiro tinha 11 anos de idade e, no Havaí, freqüentava a FirstUnitarian Church do Reverendo Jeremiah Wright, igreja fortemente ligada aos ativistas contra a guerra do Vietnã, principalmente aStudents for a Democratic Society [[xv]], servindo de santuário para fugitivos da convocação militar (draft dodgers). Segundo o Reverendo Mike Young ‘a escola dominical sempre esteve, e continua envolvida em ativismo político (...) já era assim quando Obama a freqüentava’. Uma de suas campanhas atuais é a favor da eutanásia (Death with dignity). Obviamente, em se tratando de escola dominical, a doutrinação marxista começava já na infância. Quando Obama esteve lá para o enterro de sua avó Young lembrou-lhe destes tempos e ele, recordando-se, virou-se para Michelle e disse: ‘Hey, é isto mesmo. É aqui que eu freqüentei a escola dominical’.
Está fora do escopo deste ensaio analisar todas as fortes influências marxistas-gramscistas sofridas por Obama. Na próxima seção examinarei alguns dos ‘tzares’ que cercam Obama com tantos poderes que violam os dispositivos constitucionais e, espero que finalmente, a reação conservadora que levaram à fragorosa derrota de novembro.
SEGUE:
TODOS OS HOMENS DO PRESIDENTE
DESAFIO ACEITO: NO, YOU CAN’T!
[iii] Como a Revolução Obama Tomou Conta dos Estados Unidos: http://www.heitordepaola.com/publicacoes_materia.asp?id_artigo=902
[iv] O Conservadorismo está Morto?: http://www.heitordepaola.com/publicacoes_materia.asp?id_artigo=458
[v] ‘The Blueprint – Obama’s plan to subvert the Constitution and build an Imperial Presidency’, de Ken Blackweel & Ken Klukowski, Lyon Press, Connecticut, 2010
[vii] Sobre a Gorbachev Foundation ler O Eixo do Mal Latino-Americano e a Nova Ordem Mundial, É Realizações, SP, 2008
[viii] Lest we forget: refrão do poema Recessional, de Rudyard Kipling, em homenagem ao Jubileu de Diamante da Rainha Vitória em 1897, expressando o orgulho do Império Britânico, mas de forma sutil a tristeza de que, pela prepotência e agressividade colonial pelas quais era criticado, viesse a ter o fim de todos os Impérios. A expressão usada por Alinsky ‘não nos esqueçamos’ se refere ao ‘império’ americano que deveria ter o mesmo fim.
[ix] Rules for Radicals: a practical primer for realistic radicals, Vintage Books, 1989. Ler comentários aqui: http://www.crossroad.to/Quotes/communism/alinsky.htm. Disponível naAmazon.com
[x] ‘The Manchurian President: Barack Obama’s ties to Communists, Socialists end other Anti-American extremists’, de Aaron Klein & Brenda J. Elliott, WND Books, Washington, D.C., 2010
[xi] A ACORN está sob constante investigação. Veja emhttp://www.heitordepaola.com/publicacoes_materia.asp?id_artigo=1098. Ler também o meu O Suicídio da Águia VI.
[xii] We are such stuff / As dreams are made on. Um verso da peça The Tempest, de Shakespeare. Continua-se por “and our little life / Is rounded with a sleep”. Palavras de Próspero depois de fazer desaparecer um grande número de espíritos para lembrar sua filha e seu noivo que a vida dos mortais está sempre por um fio.
[xiii] O lema da organização, que se definia como um Exército Vermelho Americano’ era: ‘Matem todos os ricos. Quebrem seus carros e apartamentos. Levem a revolução para dentro de casa’!
[xiv] Após os ataques ao WTC em 11/09/2001 Ayers declarou: ‘Não me arrependo de ter jogado bombas. Sinto apenas que não tenham sido suficientes’.
[xv] Ver meu A América Dividida II. Para informações mais completas meu O Eixo do Mal Latino-Americano e a Nova Ordem Mundial
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