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quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Coréia, Obama e a América: o que acontece, agora?

DEXTRA
QUARTA-FEIRA, 24 DE NOVEMBRO DE 2010


Richard Fernandez : Pajamas Media, 24 de novembro de 2010
Original Article / Artigo original

Tradução:
 Dextra


Se os Estados Unidos não conseguirem encontrar um modo eficaz de deter o comportamento agressivo da Coréia do Norte, os países da Ásia que confiaram no "sistema internacional" desde a guerra terão que se fazer duas perguntas. Primeiro, a não-proliferação morreu mesmo? Segundo, a América não está disposta a defender seus aliados?

Se a resposta a ambas as perguntas for "sim", então o Japão, a Asutrália, a Nova Zelândia, a Coréia do Sul, Taiwan e Singapura terão por fim que dar passos para adquirirem armas nucleares. Seria um momento semelhante a quando se percebeu que a "Estratégia Singapura" do Império Britânico era uma ficção e uma farsa e agora cada nação tinha que cuidar de si. O colapso da garantia de segurança americana significaria  que o único meio de garantir a segurança seria confiar na própria capacidade dissuassória, ao invés de confiar no mundo de Barack Obama.

Seria um passo significativo, do tipo que a maioria dos países da na região não estariam preparados para dar. Não dá para imaginar [a primeira-ministra] Julia Gillard, por exemplo, declarando morta a não-proliferação. Ela está envolvida demais politicamente na ficção para aceitar prontamente um fato contrário. A Nova Zelândia está provavelmente no mesmo caso. No futuro previsível, a não-proliferação estará morta apenas para a Coréia do Norte, o Paquistão e o Irã. Todos os demais vão tratá-la como viva, muito embora ela esteja mofando na mesa, à qual ela está sentada imóvel, muda, os pratos sendo postos e retirados como oferendas diante de uma figura de cera. Grande parte do mundo vai se agarrar à idéia de que ela irá falar de novo, mesmo que ela não fale há algum tempo, simplesmente porque eles não conseguem se resignar a aceitarem a alternativa.

Mas o que pode ser feito de forma aceitável é estabelecer uma série de limites de tolerância, associadas a um processo político que pode ser invocado para decidir se e quando a não-proliferação falhou; e se o escudo de defesa americano é uma canoa furada. Em algum momento, até o anfitrião mais polido precisa se levantar para beliscar o cadáver à mesa do jantar e, se ele tombar para o lado, estar pronto para declarar com muito pesar que ele não está se sentindo bem.

Não é impossível construir um consenso político em torno de um conjunto claro de limites de tolerância que, se violados, sinalizarão que, sim, as nações devem pegar em armas.

Estas fronteiras devem incluir uma medição do número de ogivas que a Coréia do Norte tem; de seus sistemas de lançamento e seu comportamento. Na verdade, traçar limites de tolerância pode ser útil em si mesmo. Se a Austrália e o Japão disserem: passe deste limite e nós construímos - lembrando que a Austrália tem alguns dos maiores depósitos de urânio do mundo e que o Japão tem parte da tecnologia mais avançada - aí, mesmo o cão mais raivoso pode ser obrigado a parar para pensar.

Talvez este momento ainda não tenha chegado. Mas os políticos deveriam descrever que combinação de circunstâncias poderiam obrigar os governos a reconhecerem sua existência. Sempre há uma chance de que Barack Obama seja o Arthur Percival do século 21. Derrotado antes de começar. Tímido demais para ir adiante, atrasado demais para opor defesa. Quando poderá ele ser considerado com justiça um medíocre e não a ressurreição do Duque de Wellington? Talvez agora seja por demais temerário. Mas há de chegar um momento - por mais concessões que se faça - em que a confiança se esgota.

Um comentário:

  1. O que não foi divulgado foi que a Coréia do Sul teria atirado antes, parte de uma “exercício militar”.

    Outra coisa que poucos sabem é que o proprio Estados Unidos ajudou a Coreia do Norte a fabricar a bomba construindo reatores para esta, através do Donald Rumsfeld. Lembra dele, o rei do Tamiflu? A beligerância nuclear da Coreia do Norte foi uma criação quase que exclusivamente do governo dos EUA em que eles armaram o estado stalinista tanto direta como indiretamente através de distribuidores globais de armas sob o seu controle, nomeadamente o Dr. Abdul Qadeer Khan, conhecido também como AQ Khan. Enquanto rotularam a Coreia do Norte como parte do “eixo do mal”, o governo americano entusiasticamente financiou cada etapa de seu programa de armas nucleares.

    http://blog.antinovaordemmundial.com/2010/11/conflito-entre-as-coreias-ou-como-os-eua-ajudaram-a-coreia-do-norte-a-obter-a-bomba-atomica/

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