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sexta-feira, 8 de outubro de 2010

A Revolução Sexual e as Crianças - Parte 3: 'Tá Doendo'

DEXTRA
THURSDAY, OCTOBER 7, 2010


Continuação da PARTE 2 DO ARTIGO.

Outros acharam notavelmente mais difícil lidar com a situação. Os registros de umKinderladen de Stuttgart de dezembro de 1969 incluem a história de uma mãe que de repente viu várias crianças querendo pegar embaixo de sua saia. Quando um dos garotos começou a puxar seus pêlos pubianos, a mulher não estava segura sobro como reagir. Por um lado, ela não queria parecer inibida, mas, por outro, a situação era desagradável para ela. "Tá doendo," ela por fim disse, "não tô gostando disso."

Um relato da socióloga Monika Seifert, que descreveu suas experiências no "Coletivo dos Pais da Escola de Crianças de Frankfurt,." na revista Vorgange (trechos da qual apareceram posteriormente na SPIEGEL do outono de 1970), revela como era difícil para os pais decidirem-se por fim entre suas próprias expectativas ideológicas e suas noções de certo e errado.

No relato, Seifert se pergunta criticamente por que, em seu projeto, "nenhum caso de atividade sexual planejada, direta, tentada entre uma criança e um adulto foram observados." É preciso notar que ela vê isto como um fracasso, não um sucesso. Como mãe, Seifert conclui que "as inibições e inseguranças dos adultos" eram provavelmente as culpadas pela passividade deles, e que as crianças provavelmente estavam "suprimindo sua curiosidade a este respeito por causa das reações subconscientes dos adultos."

'Um jogo incrivelmente erótico' 

Dá para qualificar o que aconteceu em muitos dos Kinderladen como abuso? De acordo com os critérios aos quais os padres católicos têm sido submetidos, certamente dá, diz Alexander Schuller, o sociólogo.  "Falando objetivamente, foi buso, mas, subjtivamente, não," diz Dannenberg. Por mais bizarro que pareça em retrospecto, os pais aparentemente tinham o bem-estar das crianças em mente, não o próprio. Para os correligionários do novo movimento, a criança não servia como um objeto sexual, um meio para os adultos  satisfazerem seus impulsos sexuais. Isto diferencia o abuso politicamente motivado da pedofilia.

Aqui, também, os limites tornam-se pouco claros. Como deveríamos reagir quando Cohn-Bendit escreve, em suas memórias, sobre "garotinhas de cinco anos que já tinham aprendido a se oferecerem para mim?" Esta não foi a única vez em que um político verde falou animadamente sobre suas experiências com crianças. Em uma participação amplamente despercebida na TV francesa em 23 de abril de 1982, Cohn-Bendit, hoje membro do Parlamento Europeu, disse o seguinte:

"Às nove da manhã, eu vou ver meus oito bebezinhos com idades entre 16 meses e 2 anos. Eu lavo o bumbum deles, faço cócegas neles, eles fazem cócegas em mim, e nos abraçamos com carinho... Você sabe, a sexualidade de uma criança é uma coisa fantástica. É preciso ser honesto e sincero. Com as crianças muito novas, não é o mesmo que com as de quatro a seis anos. Quando uma menininha de cinco anos começa a se despir, é ótimo, porque é um jogo. É um jogo incrivelmente erótico."



Este é um trecho do programa "Apostrophes", no canal  de TV francês "Antenne 2" (agora chamado de France 2), transmitido em 23 de abril de 1982. O apresentador, Bernard Pivot, convidou Jean-Edern Hallier, escritor; Sapho, cantora; Paul Guth, escritor e jornalista; e  Daniel Cohn-Bendit. (BLIP TV)*

Cohn-Bendit afrimou, posteriormente, que só estava querendo provocar. Quer acreditemos ou não em suas declarações, o desenvolvimento dos verdes nos anos 80 mostra que sua conversa despreocupada sobre sexo com crianças novinhas terminou por atrair pedófilos de verdade.

Sem Restrições de Idade

Na esteira do incipiente movimento gay, os grupos assim-chamados de Pedos logo apareceram. Pegando a deixa dos homossexuais, eles também alegavam que, como minoria, eles tinham certos direitos. O mais conhecido destes grupos foi a "Comuna Índia," em Nuremberg, um "projeto de vida alternativo" de adultos e crianças. Os "índios", muito pintados e exrovertidos, apareceram na primeira convenção do Partido Verde, na cidade de Karlsuhe, no sul da Alemanha, em 1980, para bater tambor por sua causa, que eles chamavam de "sexo livre para crianças e adultos."

Os verdes não ficaram imunes por muito tempo ao argumento de que o governo não deveria limitar a sexualidade das crianças. Em sua convenção de 1985 em Ludenscheid, a organização estadual dos verdes, no estado ocidental da Renânia do Norte-Vestfália sustentou que a "sexualidade não-violenta" entre crianças e adultos deveria ser em geral permitida, sem quaisquer restrições de idade. "As relações sexuais consensuais entre crianças e adultos devem ser descriminalizadas," escreveu a força tarefa "Crianças e Juventude," do Partido Verde no estado de Baden-Wurttemberg, no sudoeste do país, num jornal de posição, por volta da mesma época . Protestos públicos obrigaram o partido a retirar a declaração do documento.

Durante esta época, nenhum outro jornal ofereceu aos pedófilos um fórum como oTageszeitung, alternativo e inclinado à esquerda, o que mostra o quão socialmente aceitável esta violação de tabus tinha se tornado na comunidade esquerdista. Em várias séries de artigos, incluindo uma intitulada "Eu Amo os Garotos,' e em longas entrevistas, homens tinham a oportunidade de descrever o quanto o sexo com garotos préadolescentes era supostamente lindo. "Havia muita incerteza sobre até onde se podia ir,', diz Gitte Hentchel, co-fundador e, de 1979 a 1985, editor doTageszeitung. Os que, como Hentschel, se opunham à promoção da pedofilia, foram descritos como "moralistas" - como contrários à liberdade de expressão. "Não existe isto de censura no Tageszeitung," foi a resposta.

Carta Branca

Um dos raros líderes da esquerda que se opuseram terminantemente ao movimento pedófilo logo de início foi o cientista social Gunter Amendt. "Não há equivalência de sexualidade entre crianças e adultos," Amendt disse, expressando sua indignação com o movimento. Alice Schwarzer, fundadora da revista política feminina Emma,também se manifestou contra a minimização do sexo com crianças e o definiu como o que realmente era: abuso puro e simples.

Amendt relembra o quanto foi depreciado como reacionário em panfletos e artigos. "Houve toda uma campanha contra Alice e eu, na época," ele diz. Foi só em meados dos anos 90 que este episódio horrível chegou ao fim. Em 1994, o Pedosapareceu no Tageszeitung pela última vez e até aquela publicação reconheceu que relações sexuais com meninos não eram diferentes das com meninas, as quais, graças ao movimento feminista, há muito tempo são consideradas merecedoras de proteção.

Os revolucionários do final dos anos 60 ainda estão muito longe de enfrentar esta parte de sua história. Quando surgiram perguntas sobre a ligação entre as atividades dos membros do movimento de 1968 e os casos de abuso no colégio Odenwald, os apologistas do movimento foram rápidos em dar carta branca a si-mesmos..

"Acusações tais também são parte de uma tentativa de denunciar o progresso social," escreveu o sexólogo e veterano de 1968 Gunter Schmidt, na Frankfurter Rundschau. "No geral, é mais provável que as mudanças sociais associadas com o número 1968 tenham levado à prevenção de abusos."

Este é um modo muito ameno de relembrar o passado. Certamente,  não se aplica a todos os que fizeram parte das experiências educacionais esquerdistas daquela época.

Tradução do alemão por Christopher Sultan.


Tradução, links e vídeo* de Luísa Soares e João Carlos de Almeida, do blog DEXTRA.
Tradução feita por recomendação e a pedido de JÚLIO SEVERO.
Artigo original AQUI.

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