DEXTRA
SUNDAY, OCTOBER 3, 2010
Patrick Buchanan, para a American Conservative Magazine, 23 de setembro de 2010
Se você quiser entender por que a América perdeu o dinamismo que tinha nos anos 50 e 60, considere a nova Lei de Isonomia Salarial [Paycheck Fairness Act], aprovada pelo Congresso por 256 a 162 votos.
A necessidade desta lei, escreve Valerie Jarret, a mulher bem-posicionada na Casa Branca de Barack Obama, é que “as trabalhadoras ainda são pagas apenas 77 centavos para cada dólar ganho por um homem.”
Mas por que esta é uma preocupação para o governo americano e onde está a prova empírica de que uma desigualdade de salários entre os sexos é prova de uma hostilidade sexista para com as mulheres?
Em média, asiáticos ganham mais do que hispânicos; os negros, menos do que os brancos. Os mórmons ganham mais do que os muçulmanos; os judeus, mais do que as testemunhas de Jeová. E os americanos de ascendência polonesa ganham mais do que os porto-riquenhos.
Isto prova que a América é um país racista e intolerante do ponto de vista religioso?
O pressuposto da lei apoiada por Jarret é que os sexos são iguais em capacidade, aptidão, motivação e interesse e, se houver uma disparidade de salários, só a intolerância pode explicá-la.
Mas não haverá outras razões mais simples para o por que de as mulheres ganharem menos?
Talvez metade das americanas deixem o mercado durante a vida, às vezes por décadas, para criar os filhos, o que as deixa atrás dos homens, que nunca deixam a força de trabalho. As mulheres orbitam em torno do magistério, enfermagem, secretariado e setor de serviços, que pagam menos do que os empregos onde os homens predominam: mineração, indústria, construção e forças armadas.
Mais de 95 por cento dos 40,000 mortos e feridos no Afeganistão e no Iraque foram homens. Os homens na prisão ultrapassam as mulheres em 10 para um. Isto é resultado de discriminação sexual?
Os esportes se tornaram um obsessão nacional e estão entre as profissões mais valorizadas em termos de fama e fortuna. E os telespecadores preferem assistir atletas homens competirem em baseball, futebol americano, hockey, golfe e boxe.
O pagamento desigual para os atletas profissionais, homens e mulheres, é um assunto para o governo?
Larry Summers perdeu seu emprego de reitor de Harvard por sugerir que as mulheres têm menos aptidão para a alta matemática e que isto poderia explicar por que elas estão menos representadas nas faculdades de ciências, economia e matemática da Ivy League. Esta aptidão masculina não ajudaria a explicar por que os homens dominam o sistema bancário e as finanças empresariais, onde os salários estão entre os mais altos?
Jarrett quer dar poder à Comissão para a Igual Oportunidade de Empregos [EEOC] para supervisionar mais de perto todos os negócios até que as mulheres alcancem uma paridade salarial.
Mas se a desigualdade salarial é um resultado da natureza humana e de uma sociedade livre, uma maior igualdade de remuneração só pode ser alcançada através da coerção, com um governo declarando um valor seu, a paridade econômica, como sendo supremo, e impondo este valor e estrutura preferida de pagamento aos empregadores.
Se é nesta direção que a América está indo, por que não ditar logo que asiáticos e hispânicos, muçulmanos e judeus, mulheres e homens, negros e brancos, gays e héteros sejam todos pagos exatamente o mesmo pelo mesmo trabalho - e deixar o EEOC contratar mais 100 000 burocratas para garantir que isto aconteça?
Seria este um grande país ou um inferno socialista?
E antes de darmos poder ao EEOC para supervisionar todos os negócios no que diz respeito a sexismo e racismo, talvez seus delegados queiram explicar por que os afro-americanos são 40% de todos os empregados do EEOC, embora sejam apenas 10 por cento da força de trabalho civil. Não há um só homem branco em sua diretoria.
De onde vem este fanatismo igualitário?
Não de nossa Declaração de Independência, que falou de todos os homens serem iguais em seus direitos dados pelo Criador à vida, liberdade e busca pela felicidade. Nem da Revolução Americana, que teve a ver com liberdade, não igualdade, não esta ideologia alienígena do igualitarismo.
A igualdade não é sequer mencionada na Constituição ou na Carta de Direitos, e a cláusula da “proteção igual” da Emenda 14 só foi aparecer depois da Guerra Civil. E ela tinha a ver com a justiça igual perante a lei, não a igualdade socio-econômica de todos os americanos.
Não, esta ideologia igualitária remonta à Revolução Francesa, na qual a realeza e a aristocracia foram para a guilhotina em nome da “egalite [sic].”
Sob a Lei de Isonomia Salarial, escreve Jarret, “os empregadores serão obrigados a provar no tribunal que qualquer diferença de salários se baseou em fatores que não sexuais - tais como educação,treinamento ou experiência - e foram condizentes com necessidades empresariais.”
Em resumo, as mulheres que aleguem práticas sexistas por parte de seus patrões não têm que provar sua culpa. O patrão deve provar sua inocência. Esta é uma outra maneira de dizer que os empresários são supostamente culpados quando acusados.
Se isto não for anti-americano, certamente um dia já foi.
Se este projeto virar lei, os efeitos são previsíveis: mais formulários a serem preenchidos pelas empresas, mais burocratas para o EEOC, mais queixas de discriminação sexual, mais processos por ação ação coletiva, mais multas, mais advogados ficando ricos por via da pilhagem litigiosa do setor privado.
O declínio da America está diretamente relacionado com o crescimento do poder do governo e a concomitante perda da liberdade.
Exceto nos direitos dados por Deus e nos direitos constitucionais, nós não somos iguais. Somos todos desiguais. A promessa utópica de igualdade não é nada mais do que a bandeira de todos os políticos famintos de poder na história moderna. E a ascensão da sociedade igualitária significa a morte da sociedade livre.
Tradução e links de João Carlos de Almeida, do blog DEXTRA.
Artigo original disponível AQUI.
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