SÉCULO DIÁRIO
8/10/2010
Mistério nas urnas: votação maciça de Rodney em Vila Velha levanta suspeita
José Rabelo
Praticamente um único assunto tomou conta da sessão dessa quinta-feira (7) na Câmara Municipal de Vila Velha. Alguns vereadores queriam entender o “fenômeno” Rodney Miranda (DEM) nessas eleições. Os vereadores se perguntavam como o ex-secretário de Segurança eleito deputado estadual no último domingo (3) sagrou-se vice-campeão de votos no maior colégio eleitoral do Estado. Quem trouxe a questão à baila foi o vereador Almir Neres (PRP), que levantou uma série de questionamentos que põem em xeque os 16.375 votos apurados por Rodney no município canela-verde.
Neres tomou a palavra durante a sessão para lembrar aos colegas parlamentares que no seu reduto eleitoral, que compreende os bairros de Santa Rita, Capuaba, Alecrim, Planalto e adjacências, não havia nenhuma liderança local apoiando o delegado federal, que mesmo assim conquistou uma votação expressiva na região. Ele garantiu ainda que nenhum dos 17 vereadores do município declarou apoio ao candidato do DEM. “Trabalhei para o deputado Euclério [Sampaio – PDT, derrotado nas últimas eleições] e fiquei pasmo que em uma região como a minha, com 30 mil votos, ele [Euclério] tenha recebido apenas 300”, contestou.
O vereador do PRP cogitou da hipótese de Paulo Hartung ter influenciado a baixa votação de Euclério, dando a entender que o governador tivesse agido em represália pelo fato de o pedetista ter feito oposição ao governo. “Será que tem algo por traz disto?” – indagou.
Neres ponderou que não está colocando em suspeição o trabalho do TRE, mas acha importante abrir a discussão. “Não quero jogar lama no trabalho do TRE, mas apenas levantar o debate. Fico feliz que alguns colegas também pensem como eu, e estranho o silêncio do mercado político sobre o caso, pois muitos falam nos bastidores. Preferi trazer o tema para o microfone da Câmara”.
Ele destacou ainda que importantes lideranças políticas de Vila Velha e a população de maneira geral têm questionado a votação expressiva de Rodney em Vila Velha. Neres disse que o próprio Euclério, o ex-governador Max Mauro (PTB), o ex-prefeito Max Filho (PTB) – os dois primeiros derrotados na disputa à Assembleia e o terceiro à Câmara dos Deputados – questionaram se os vereadores vão aceitar passivamente o fato de que um estranho na política, sem militância no município ou vínculo com a população local, tenha tido uma votação tão expressiva.
O vereador petista Wanderson Pires confessa que é difícil entender como alguém que vem de fora alcance uma votação tão estupenda. “Acho que a vitória de Rodney, que recebeu mais de 65 mil votos em todo o Estado, deveria ser motivo de estudo. Talvez esta forma de fazer campanha quebre todos os paradigmas que defendíamos até então. Sempre acreditei que político tem de ir para as ruas, para a comunidade, para fazer o trabalho de militância. Não vi o Rodney fazer isso aqui, mas mesmo assim ele recebeu mais de 16 mil votos.”, reconheceu.
Wanderson Pires, a exemplo do presidente da Câmara, Ivan Carlini (PR), descarta que possa ter havido fraude no sistema de votação eletrônico. “Temos é que compreender melhor o ‘fenômeno Rodney’. Eu também quero aprender como se faz uma campanha vitoriosa como a dele. Nós ficamos preocupados em conseguir dinheiro para fazer a divulgação. Ele provou que o importante é ter conhecimento político forte e apoio de um governador com alta aprovação popular para transferir votos”, afirmou Wanderson.
Para o vereador João Artem (PSB), a votação expressiva de Rodney foi considerada normal. Ele lembrou que ex-secretário esteve sempre na mídia, apresentando-se com colete à aprova de bala. O vereador acredita que os votos de Rodney tenham vindo das classes A e B. “Não me assustei com os quase 17 mil votos do delegado aqui no município, temos carência de segurança e os eleitores viram nele uma solução, além do apoio do governador Paulo Hartung”.
Urnas sob suspeita
Na edição deste fim de semana (9 e 10), Século Diário traz uma reportagem especial sobre o sistema, questionando se a votação eletrônico no Brasil é segura. Um dos maiores especialistas no tema, o engenheiro Amílcar Brunazo Filho – que há uma década estuda o sistema eleitoral brasileiro -, alerta que o atual sistema é ultrapassado. “É difícil afirmar hoje se há ou não há fraude, simplesmente porque o sistema brasileiro não permite a auditoria dos resultados”.
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